Apresentação, vol 4 n 2

Autores

  • Adauto Lúcio Caetano Villela Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Fernanda Cunha Sousa Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Charlene Martins Miotti Universidade Federal de Juiz de Fora

Resumo

Non omnis moriar (Horácio, Odes, III, 30, 6)

 

Entre os dias 12 e 15 de setembro de 2016 realizamos a 24ª edição da tradicional Semana de Estudos Clássicos da UFJF. Com o tema “Fronteiras e Limites”, convidamos a comunidade acadêmica a colocar em debate diferentes perspectivas relacionadas a noções limítrofes, marginais, demarcatórias, fronteiriças, divisórias, confinantes, extremas – de modo concreto e abstrato – na cultura greco-romana, da Antiguidade aos nossos dias. Na imagem de capa, vê-se a figura de Jano, divindade romana frequentemente associada às portas (ianua), bem como a transições de toda sorte. A face dupla simboliza o passado e o futuro (“janeiro” dividindo o ano velho do novo ano), eterno limiar do homem. Jano, enfim, é o deus da entrada e da saída, do início e do fim, das decisões e das escolhas, ali onde os caminhos se bifurcam.

Neste conturbado ano de 2016, tanto para o Brasil como para a nossa UFJF, a comissão organizadora da XXIV Semana julgou o tema das “Fronteiras e Limites” particularmente oportuno. O evento foi dedicado ao Prof. Dr. Marcelo Pimenta Marques (UFMG), que transpôs a última fronteira da vida no dia 3 de agosto, partindo no auge de sua carreira acadêmica, para pesar dos muitos amigos, colegas e orientandos. Contudo, a perda que nos arrebatou pouco antes da Semana ainda não tinha completado o seu fuso, tristemente.

No primeiro dia do ano de 2017, Jano inexorável trouxe a notícia do falecimento de nosso colega e amigo Alexandre Prudente Piccolo (Unicamp/USP/UFJF). É como se, cansado da árdua luta de 2016, tivesse aguardado as festividades para enfim se libertar de um longo e penoso tratamento contra o câncer.

No último poema do terceiro livro das Odes, a voz poética de Horácio (65 – 8 AEC) reconhece ter erigido um monumento mais duradouro que o bronze (exegi monumentum aere perennius): suas produções literárias, graças às quais não morrerá de todo (non omnis moriar), mesmo quando seu corpo físico tiver desaparecido. Se podemos encontrar algum consolo na ausência irreparável dos nossos, lembremos de que Marcelo e Alexandre sobrevivem nos excelentes estudos que deixaram, nos alunos aos quais ensinaram, nos muitos amigos que fizeram, nas pessoas que amaram e que os amaram de volta ao longo de suas vidas.

Este número especial da Rónai homenageia Marcelo Pimenta Marques e Alexandre Prudente Piccolo, que tendo partido tão precocemente, deixaram nas letras e em nossas memórias marcas importantes de suas passagens entre nós.

O dossiê da XXIV Semana de Estudos Clássicos conta com quinze artigos oriundos dos trabalhos apresentados na XXIV Semana de Estudos Clássicos. O Prof. Dr. Brunno V. G. Vieira (UNESP), que realizou a conferência de abertura no dia 12 de setembro de 2016 (intitulada “Horacianas de Haroldo de Campos, um juiz de fora”), contribui para este volume com o artigo “O que querem (e o que podem) os jovens tradutores de Latim”. Com o objetivo de fornecer um panorama das práticas dos jovens tradutores da literatura latina, oriundos dos cursos de pós-graduação no país, ele aborda as dissertações de mestrado de Alexandre Prudente Piccolo (Unicamp) e João Paulo Matedi (UFES), procurando apontar abordagens tradutórias que florescem e vicejam nos trabalhos de nossos estudantes, os quais facilitam e favorecem o acesso da comunidade leitora lusófona a uma renovada Antiguidade.

Há dois artigos sobre as Heroides de Ovídio: o de Cecilia Marcela Ugartemendía, “Dido y Medea: aproximaciones a una lectura intratextual de las Heroidas VII y XII”, analisa relações intratextuais entre as epístolas de Dido e Medeia, apontando três pontos de contato (o foedus amoris, o furor e a morte como desenlace) através dos quais o modelo de Medeia contribui para a construção da figura de Dido dentro da mesma obra. Já o de Beatriz Torres e Giovanna Longo, “Ariadne a Teseu: um estudo da persuasão na Carta X das Heroides, de Ovídio”, discute de que maneira o uso de recursos expressivos (como marcas enunciativas, figuras de retórica e construções sintáticas) proporciona a produção de efeitos de sentido que contribuem para a persuasão na décima carta.

Paralelamente, há quatro trabalhos sobre literatura grega: o de Paulo Henrique Oliveira de Lima, “Pai Homero”, analisa a relação da persona loquens de Nono de Panópolis nas Dionisíacas com sua principal inspiração (Homero), enquanto o artigo de Rafael Guimarães Tavares Silva, “Sólon e os limites da mímese”, tece considerações sobre o estatuto da representação poética no âmbito da poética arcaica (séc. VI a.C.) a partir de uma anedota relatada por Plutarco, na Vida de Sólon, na qual o legislador ateniense é mencionado num pretenso encontro com Téspis, o “inventor” do gênero trágico. Por sua vez, o artigo de Leici Landherr Moreira, intitulado “A representação da responsabilidade em Édipo em Colono, de Sófocles” concentra-se em dois discursos de defesa de Édipo (v. 258-91 e 960-1013) na referida peça, passagens que, envolvendo a imbricação entre questões jurídicas e religiosas, levam à conclusão de que a tragédia pode remeter ao debate, contemporâneo à peça, acerca da classificação dos homicídios escusáveis. Lidiana Garcia Geraldo, em “O ditirambo e as origens da tragédia”, a partir da análise de uma passagem da Poética de Aristóteles (1449a 9-15 da seção IV) na qual o filósofo declara que a tragédia surgiu dos iniciadores desse hino cultual (entoado em honra a Dioniso como uma canção ritual que visava à sua adoração), conclui que, para Aristóteles, os solistas do ditirambo forneceram o modelo da colaboração “responsiva”, entre o indivíduo e o coro, que desenvolveria o elemento dialogal e dramático da tragédia.

Temos, ainda, dois artigos que retratam experiências de contação de histórias: o artigo “Metamorfoses: a transformação dos mitos e o ato de (re)contar histórias”, de Vinícius Moraes Tiago, Fernanda Cunha Sousa e Juliana Auler Matheus Rodrigues, analisa, com base na contação de histórias mitológicas de Ovídio, o caráter transformador e, ao mesmo tempo, referenciador que perpassa o ato de (re)contar, reconhecendo o movimento contínuo de ressignificação dos mitos e explorando a própria concepção ovidiana de metamorfose, omnia mutantur, nihil interit (Met. XV, 165); por sua vez, o de Letícia Machado Miranda, em coautoria com Bárbara Delgado e Fernanda Cunha, “Sequências didáticas na contação de mitos ovidianos”, apresenta parte da prática do grupo Contos de Mitologia (Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora) com alunos do 5º ano, âmbito no qual foram desenvolvidas sequências didáticas baseadas também nas Metamorfoses, com a finalidade de divulgar a cultura clássica para os segmentos básicos da educação e aprimorar a formação acadêmica e didática dos bolsistas.

Há três trabalhos relativos à recepção dos clássicos ou de práticas antigas na modernidade: o de Christiano Pereira de Almeida, “Reflexões sobre o papel da linguagem em Aristóteles e Wittgenstein”, elabora uma reflexão sobre o papel da linguagem na concepção aristotélica como apresentada no Da interpretação, estabelecendo comparações entre esta perspectiva e a do filósofo Ludwig Wittgenstein. Já Zelia Souza Lopes, em “Auta de Souza leitora de Marco Aurélio, o imperador filósofo”, relaciona a obra do antigo pensador estoico à de Auta de Souza, escritora que viveu no Brasil do século XIX, cuja poesia é pautada no valor da resiliência e na superação das adversidades de sua curta, intensa e trágica existência. No artigo de Sandra Minae Sato, “Ai Weiwei e a cerâmica contemporânea como narradora da história”, a arte cerâmica, prática de todas as sociedades desde a pré-história, é apresentada como instrumento de registro e narração não apenas da história da arte, mas da própria história da humanidade, adaptando-se às novas narrativas e às novas formas de comunicação na atualidade, especialmente na obra do artista chinês Ai Weiwei. Trata-se de um recorte do conteúdo do minicurso “Cerâmica: narradora da história”, ministrado na XXIV Semana de Estudos Clássicos: Fronteiras e Limites.

Por fim, três últimos artigos voltados para questões especificamente linguísticas e tradutórias: o de Laís Lagreca de Carvalho e Fernanda Cunha Sousa, “Quaero e a expressão da volição”, investiga, através de análise morfossintática das ocorrências de quaero no Ad Atticum, de Cícero, a partir da teoria funcionalista, se haveria já no latim clássicos usos de quaero que justificassem a expressão da volição através de seu sucessor morfofonológico “querer”. O artigo de Filipe Cianconi Rodrigues, “Uso, variação e norma em Prisciano: uma breve análise nos âmbitos moderno e antigo”, através de uma análise do livro XVII da obra Institutiones Grammaticae de Prisciano de Cesareia, compara os conceitos de uso, variação e norma, utilizados pelo referido autor, com a mesma nomenclatura utilizada modernamente nos estudos linguísticos. Já "Tradução como procedimento intertextual: a recriação de Leminski do Satyricon, de Petrônio", de Lívia Mendes Pereira destaca características da tradução do Satyricon, de Petrônio, assinada pelo poeta Paulo Leminski. Analisando a interlocução entre a teoria intertextual e as concepções sobre tradução do próprio poeta, o artigo realça similaridades entre as teorias que menciona e o fazer tradutório, o texto latino e sua reinvenção poética em língua portuguesa.

Nosso desejo é que os bons frutos do trabalho e da dedicação de nossos colegas e colaboradores representem, de fato, um monumento que seja também sinal de resistência à nossa impermanência tão irremediável.

 

Boa leitura!

 

Os Editores

Fernanda Cunha Sousa

Charlene Martins Miotti

Adauto Lúcio Caetano Villela

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Biografia do Autor

Adauto Lúcio Caetano Villela, Universidade Federal de Juiz de Fora

Professor do Bacharelado em Tradução
Faculdade de Letras/DLEM - UFJF

Fernanda Cunha Sousa, Universidade Federal de Juiz de Fora

Non omnis moriar (Horácio, Odes, III, 30, 6)

 

Entre os dias 12 e 15 de setembro de 2016 realizamos a 24ª edição da tradicional Semana de Estudos Clássicos da UFJF. Com o tema “Fronteiras e Limites”, convidamos a comunidade acadêmica a colocar em debate diferentes perspectivas relacionadas a noções limítrofes, marginais, demarcatórias, fronteiriças, divisórias, confinantes, extremas – de modo concreto e abstrato – na cultura greco-romana, da Antiguidade aos nossos dias. Na imagem de capa, vê-se a figura de Jano, divindade romana frequentemente associada às portas (ianua), bem como a transições de toda sorte. A face dupla simboliza o passado e o futuro (“janeiro” dividindo o ano velho do novo ano), eterno limiar do homem. Jano, enfim, é o deus da entrada e da saída, do início e do fim, das decisões e das escolhas, ali onde os caminhos se bifurcam.

Neste conturbado ano de 2016, tanto para o Brasil como para a nossa UFJF, a comissão organizadora da XXIV Semana julgou o tema das “Fronteiras e Limites” particularmente oportuno. O evento foi dedicado ao Prof. Dr. Marcelo Pimenta Marques (UFMG), que transpôs a última fronteira da vida no dia 3 de agosto, partindo no auge de sua carreira acadêmica, para pesar dos muitos amigos, colegas e orientandos. Contudo, a perda que nos arrebatou pouco antes da Semana ainda não tinha completado o seu fuso, tristemente.

No primeiro dia do ano de 2017, Jano inexorável trouxe a notícia do falecimento de nosso colega e amigo Alexandre Prudente Piccolo (Unicamp/USP/UFJF). É como se, cansado da árdua luta de 2016, tivesse aguardado as festividades para enfim se libertar de um longo e penoso tratamento contra o câncer.

No último poema do terceiro livro das Odes, a voz poética de Horácio (65 – 8 AEC) reconhece ter erigido um monumento mais duradouro que o bronze (exegi monumentum aere perennius): suas produções literárias, graças às quais não morrerá de todo (non omnis moriar), mesmo quando seu corpo físico tiver desaparecido. Se podemos encontrar algum consolo na ausência irreparável dos nossos, lembremos de que Marcelo e Alexandre sobrevivem nos excelentes estudos que deixaram, nos alunos aos quais ensinaram, nos muitos amigos que fizeram, nas pessoas que amaram e que os amaram de volta ao longo de suas vidas.

Este número especial da Rónai homenageia Marcelo Pimenta Marques e Alexandre Prudente Piccolo, que tendo partido tão precocemente, deixaram nas letras e em nossas memórias marcas importantes de suas passagens entre nós.

O dossiê da XXIV Semana de Estudos Clássicos conta com quinze artigos oriundos dos trabalhos apresentados na XXIV Semana de Estudos Clássicos. O Prof. Dr. Brunno V. G. Vieira (UNESP), que realizou a conferência de abertura no dia 12 de setembro de 2016 (intitulada “Horacianas de Haroldo de Campos, um juiz de fora”), contribui para este volume com o artigo “O que querem (e o que podem) os jovens tradutores de Latim”. Com o objetivo de fornecer um panorama das práticas dos jovens tradutores da literatura latina, oriundos dos cursos de pós-graduação no país, ele aborda as dissertações de mestrado de Alexandre Prudente Piccolo (Unicamp) e João Paulo Matedi (UFES), procurando apontar abordagens tradutórias que florescem e vicejam nos trabalhos de nossos estudantes, os quais facilitam e favorecem o acesso da comunidade leitora lusófona a uma renovada Antiguidade.

Há dois artigos sobre as Heroides de Ovídio: o de Cecilia Marcela Ugartemendía, “Dido y Medea: aproximaciones a una lectura intratextual de las Heroidas VII y XII”, analisa relações intratextuais entre as epístolas de Dido e Medeia, apontando três pontos de contato (o foedus amoris, o furor e a morte como desenlace) através dos quais o modelo de Medeia contribui para a construção da figura de Dido dentro da mesma obra. Já o de Beatriz Torres e Giovanna Longo, “Ariadne a Teseu: um estudo da persuasão na Carta X das Heroides, de Ovídio”, discute de que maneira o uso de recursos expressivos (como marcas enunciativas, figuras de retórica e construções sintáticas) proporciona a produção de efeitos de sentido que contribuem para a persuasão na décima carta.

Paralelamente, há quatro trabalhos sobre literatura grega: o de Paulo Henrique Oliveira de Lima, “Pai Homero”, analisa a relação da persona loquens de Nono de Panópolis nas Dionisíacas com sua principal inspiração (Homero), enquanto o artigo de Rafael Guimarães Tavares Silva, “Sólon e os limites da mímese”, tece considerações sobre o estatuto da representação poética no âmbito da poética arcaica (séc. VI a.C.) a partir de uma anedota relatada por Plutarco, na Vida de Sólon, na qual o legislador ateniense é mencionado num pretenso encontro com Téspis, o “inventor” do gênero trágico. Por sua vez, o artigo de Leici Landherr Moreira, intitulado “A representação da responsabilidade em Édipo em Colono, de Sófocles” concentra-se em dois discursos de defesa de Édipo (v. 258-91 e 960-1013) na referida peça, passagens que, envolvendo a imbricação entre questões jurídicas e religiosas, levam à conclusão de que a tragédia pode remeter ao debate, contemporâneo à peça, acerca da classificação dos homicídios escusáveis. Lidiana Garcia Geraldo, em “O ditirambo e as origens da tragédia”, a partir da análise de uma passagem da Poética de Aristóteles (1449a 9-15 da seção IV) na qual o filósofo declara que a tragédia surgiu dos iniciadores desse hino cultual (entoado em honra a Dioniso como uma canção ritual que visava à sua adoração), conclui que, para Aristóteles, os solistas do ditirambo forneceram o modelo da colaboração “responsiva”, entre o indivíduo e o coro, que desenvolveria o elemento dialogal e dramático da tragédia.

Temos, ainda, dois artigos que retratam experiências de contação de histórias: o artigo “Metamorfoses: a transformação dos mitos e o ato de (re)contar histórias”, de Vinícius Moraes Tiago, Fernanda Cunha Sousa e Juliana Auler Matheus Rodrigues, analisa, com base na contação de histórias mitológicas de Ovídio, o caráter transformador e, ao mesmo tempo, referenciador que perpassa o ato de (re)contar, reconhecendo o movimento contínuo de ressignificação dos mitos e explorando a própria concepção ovidiana de metamorfose, omnia mutantur, nihil interit (Met. XV, 165); por sua vez, o de Letícia Machado Miranda, em coautoria com Bárbara Delgado e Fernanda Cunha, “Sequências didáticas na contação de mitos ovidianos”, apresenta parte da prática do grupo Contos de Mitologia (Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora) com alunos do 5º ano, âmbito no qual foram desenvolvidas sequências didáticas baseadas também nas Metamorfoses, com a finalidade de divulgar a cultura clássica para os segmentos básicos da educação e aprimorar a formação acadêmica e didática dos bolsistas.

Há três trabalhos relativos à recepção dos clássicos ou de práticas antigas na modernidade: o de Christiano Pereira de Almeida, “Reflexões sobre o papel da linguagem em Aristóteles e Wittgenstein”, elabora uma reflexão sobre o papel da linguagem na concepção aristotélica como apresentada no Da interpretação, estabelecendo comparações entre esta perspectiva e a do filósofo Ludwig Wittgenstein. Já Zelia Souza Lopes, em “Auta de Souza leitora de Marco Aurélio, o imperador filósofo”, relaciona a obra do antigo pensador estoico à de Auta de Souza, escritora que viveu no Brasil do século XIX, cuja poesia é pautada no valor da resiliência e na superação das adversidades de sua curta, intensa e trágica existência. No artigo de Sandra Minae Sato, “Ai Weiwei e a cerâmica contemporânea como narradora da história”, a arte cerâmica, prática de todas as sociedades desde a pré-história, é apresentada como instrumento de registro e narração não apenas da história da arte, mas da própria história da humanidade, adaptando-se às novas narrativas e às novas formas de comunicação na atualidade, especialmente na obra do artista chinês Ai Weiwei. Trata-se de um recorte do conteúdo do minicurso “Cerâmica: narradora da história”, ministrado na XXIV Semana de Estudos Clássicos: Fronteiras e Limites.

Por fim, três últimos artigos voltados para questões especificamente linguísticas e tradutórias: o de Laís Lagreca de Carvalho e Fernanda Cunha Sousa, “Quaero e a expressão da volição”, investiga, através de análise morfossintática das ocorrências de quaero no Ad Atticum, de Cícero, a partir da teoria funcionalista, se haveria já no latim clássicos usos de quaero que justificassem a expressão da volição através de seu sucessor morfofonológico “querer”. O artigo de Filipe Cianconi Rodrigues, “Uso, variação e norma em Prisciano: uma breve análise nos âmbitos moderno e antigo”, através de uma análise do livro XVII da obra Institutiones Grammaticae de Prisciano de Cesareia, compara os conceitos de uso, variação e norma, utilizados pelo referido autor, com a mesma nomenclatura utilizada modernamente nos estudos linguísticos. Já "Tradução como procedimento intertextual: a recriação de Leminski do Satyricon, de Petrônio", de Lívia Mendes Pereira destaca características da tradução do Satyricon, de Petrônio, assinada pelo poeta Paulo Leminski. Analisando a interlocução entre a teoria intertextual e as concepções sobre tradução do próprio poeta, o artigo realça similaridades entre as teorias que menciona e o fazer tradutório, o texto latino e sua reinvenção poética em língua portuguesa.

Nosso desejo é que os bons frutos do trabalho e da dedicação de nossos colegas e colaboradores representem, de fato, um monumento que seja também sinal de resistência à nossa impermanência tão irremediável.

 

Boa leitura!

 

Os Editores

Fernanda Cunha Sousa

Charlene Martins Miotti

Adauto Lúcio Caetano Villela

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Publicado

2017-03-17

Como Citar

VILLELA, A. L. C.; CUNHA SOUSA, F.; MARTINS MIOTTI, C. Apresentação, vol 4 n 2. Rónai – Revista de Estudos Clássicos e Tradutórios, [S. l.], v. 4, n. 2, p. 1–3, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/ronai/article/view/23199. Acesso em: 27 abr. 2024.

Edição

Seção

Apresentação

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