A “Turistificação” de um Lugar de Memória é possível? Um estudo sobre o Sítio Arqueológico do Cais do Valongo (Rio de Janeiro, Brasil)

Authors

  • Angela Teberga de Paula Universidade Federal do Tocantins
  • Vania Beatriz Merlotti Herédia Universidade de Caxias do Sul

DOI:

https://doi.org/10.34019/2238-2925.2018.v8.3193

Abstract

O Cais do Valongo é considerado o maior porto de entrada de africanos na América Latina, já que recebeu entre 500 mil e 1 milhão de negros escravizados no Rio de Janeiro entre os anos de 1811 e 1831. Todavia, somente em 2011 o Cais foi redescoberto em razão do processo de revitalização da região portuária, projeto denominado de “Porto Maravilha”. Em razão de seu excepcional valor histórico e arqueológico, o sítio foi registrado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2017. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi o de analisar de forma descritiva como o Cais do Valongo, e mais especificamente a memória dos afrodescendentes sobre esse espaço que evidencia o período escravocrata no país, vem sendo apropriado turisticamente pelas políticas oficiais da Prefeitura e iniciativas de movimentos negros do Rio de Janeiro. Utilizou-se de metodologia de estudo de caso, que consiste na análise aprofundada do Cais do Valongo como lugar de memória (NORA, 1993), e realizou-se observação direta assistemática a campo e pesquisa bibliográfica sobre memória, lugar de memória e turismo cultural.

Downloads

Download data is not yet available.

References

AGÊNCIA PÚBLICA. O Porto Maravilha é nosso. Rio de Janeiro, 29/06/2017. Disponível em: <http://apublica.org/2017/06/o-porto-maravilha-e-nosso/>. Acesso em: 30 jan. 2018.
BAHL, Miguel. Viagens e roteiros turísticos. Curitiba: Protexto, 2004.
BRASIL. Ministério do Turismo. Turismo Cultural: orientações básicas. Ministério do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico, Coordenação-Geral de Segmentação. 3. ed. Brasília: Ministério do Turismo, 2010.
BRUYNE, Paul de; HERMAN, Jacques; SCHOUTHEETE, Marc de. Dinâmica da pesquisa em Ciências Sociais. Os pólos da prática metodológica. Rio de Janeiro: Francisco Alves,1977.
CANCLINI, Néstor García. Imaginários Urbanos. Buenos Aires: Editorial Universitaria de Buenos Aires, 1997.
CANDAU, Joёl. Memória e identidade. São Paulo: Editora Contexto, 2011.
CARNEIRO, Sandra de Sá; PINHEIRO, Márcia Leitão. Cais do Valongo: Patrimonialização de Locais, Objetos e Herança Africana, Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, v. 35, n. 2, p. 384-401, 2015.
CORRÊA, Maíra Leal. Quilombo Pedra do Sal. Projeto Formulação de uma Linguagem Pública sobre Comunidades Quilombolas. Belo Horizonte: FAFICH, 2016. (Coleção Terras de Quilombos).
GUIMARÃES, Geovan Martins; DOS ANJOS, Francisco Antônio. O turismo arqueológico como segmento turístico. In: PANOSSO NETTO, Alexandre; ANSARAH, Marília Gomes dos Reis (ed.). Produtos turísticos e novos segmentos de mercado: planejamento, criação e comercialização. Barueri, SP: Manole, 2015.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1990.
IPHAN. Dossiê da Candidatura do Sítio Arqueológico Cais do Valongo a Patrimônio Mundial. Brasília: IPHAN, 2016. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Dossie_Cais_do_Valongo_versao_Portugues.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2018.
JORNAL DO BRASIL. Após título da Unesco, ativistas defendem museu da escravidão no Cais do Valongo. Rio de Janeiro, 11/07/2017. Disponível em: <http://www.jb.com.br/rio/noticias/2017/07/11/apos-titulo-da-unesco-ativistas-defendem-museu-da-escravidao-no-cais-do-valongo/>. Acesso em: 27 jan. 2018.
LIMA, Tania Andrade. Arqueologia como Ação Sociopolítica: O caso do Cais do Valongo, Rio de Janeiro, Século XIX, VESTÍGIOS – Revista Latino-Americana de Arqueologia Histórica, v. 7, n. 1, p. 177-207, 2013.
NORA, Pierre. Entre memória e história: A problemática dos lugares. Tradução: Yara Aun Khoury. Prof. História, São Paulo, v. 10, 1993.
O GLOBO. Criação de um museu dedicado à escravidão está na berlinda. Rio de Janeiro, 21/01/2018. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/cultura/artes-visuais/criacao-de-um-museu-dedicado-escravidao-esta-na-berlinda-22311419>. Acesso em: 29 jan. 2018.
PINHEIRO, Márcia Leitão; CARNEIRO, Sandra de Sá. Revitalização Urbana, Patrimônio e Memórias no Rio de Janeiro: Usos e apropriações do Cais do Valongo, Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 29, n. 57, p. 67-86, 2016.
PORTO MARAVILHA. Projeto Porto Maravilha 2010. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://www.ademi.org.br/IMG/pdf/doc-876.pdf>. Acesso em: 29 jan. 2018.
REVELANDO O BRASIL. Raízes Africanas: Nesse passeio iremos conhecer um pedaço da pequena África no Rio de Janeiro. Disponível em: <https://www.revelandoobrasil.com.br/raizes-africanas>. Acesso em: 30 jan. 2018.
SCATAMACCHIA, Maria Cristina Mineiro. Turismo e arqueologia. São Paulo: Aleph, 2005. (Coleção ABC do turismo)
TAVARES, Reinaldo Bernardes. Cemitério dos Pretos Novos, Rio de Janeiro, século XIX: uma tentativa de delimitação espacial. 2012. 207 f. Dissertação (Mestrado em Arqueologia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Departamento de Antropologia, Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://portomaravilha.com.br/conteudo/estudos/ea2.pdf>. Acesso em: 29 jan. 2018.
UNESCO. Gestão do Patrimônio Mundial Cultural. Brasília: UNESCO Brasil, IPHAN, 2016. 163 p. (Manual de referência do patrimônio mundial). Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0024/002442/244283por.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2018.
UNESCO. Word Heritage Committee. Decisions adopted during the 41st session of the World Heritage Committee (Krakow, 2017). Convention Concerning the Protection of The World Cultural And Natural Heritage. Krakow, Poland. 2 – 12 July 2017. Disponível em: <http://whc.unesco.org/archive/2017/whc17-41com-18-en.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2018.
VASSALLO, Simone; CICALO, André. Por onde os africanos chegaram: O Cais do Valongo e a Institucionalização da Memória do Tráfico Negreiro na Região Portuária do Rio de Janeiro, Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 21, n. 43, p. 239-271, 2015.
WIDMER, Gloria Maria. Turismo arqueológico. In: PANOSSO NETTO, Alexandre; ANSARAH, Marília Gomes dos Reis (ed.). Segmentação do mercado turístico: estudos, produtos e perspectivas. Barueri, SP: Manole, 2009.

Published

2018-07-09

How to Cite

Paula, A. T. de ., & Herédia, V. B. M. (2018). A “Turistificação” de um Lugar de Memória é possível? Um estudo sobre o Sítio Arqueológico do Cais do Valongo (Rio de Janeiro, Brasil). Anais Brasileiros De Estudos Turísticos, 8(1), 8–22. https://doi.org/10.34019/2238-2925.2018.v8.3193