Child of the Dark e I’m going to have a little house:

os erros e reinterpretações da obra de Carolina Maria de Jesus em língua inglesa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/1982-0836.2025.v29.48742

Palavras-chave:

Carolina Maria de Jesus. Versão Literária. Reescrita. Marcadores Culturais. Literatura Negra Brasileira.

Resumo

RESUMO: Este artigo analisa criticamente as escolhas tradutórias presentes nas versões em língua inglesa das obras Quarto de Despejo: diário de uma favelada (1960) e Casa de Alvenaria (1961), de Carolina Maria de Jesus, realizadas por David St. Clair (1932-1991), Robert M. Levine (1941–2003) e Melvin S. Arrington Jr. O artigo parte de um recorte da minha dissertação Exportando literatura brasileira: Quarto de Despejo e Casa de Alvenaria em língua inglesa e da comunicação apresentada no II Encontro de Literatura de Autoria Feminina da Universidade Federal de Juiz de Fora. O estudo propõe-se a investigar como determinadas posturas tradutórias — sobretudo na primeira tradução — contribuíram para distorções significativas da obra original e, por consequência, da imagem cultural do Brasil no exterior. A análise fundamenta-se nos conceitos de reescrita, de André Lefevere (1992), de marcadores culturais, conforme proposto por Francis Aubert (2006), além das reflexões contidas no livro Traduzindo no Atlântico Negro (Carrascosa, 2017) e no artigo Estudos da Tradução & Mulheres Negras à luz do feminismo (Araujo; Silva; Silva-Reis, 2019). Ao evidenciar diferenças estruturais, semânticas e culturais nas traduções, buscamos mostrar como a ausência de um projeto tradutório consciente leva a impactos éticos e políticos, afetando o modo como a literatura de autoria negra brasileira circula internacionalmente.

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Biografia do Autor

Carolina Alves Magaldi, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutora em Letras pela UFJF, professora adjunta do curso de Letras UFJF. E-mail: carolina.magaldi@ufjf.br

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Publicado

2025-12-10