Prevenção da sífilis congênita na atenção primária à saúde: contribuições do estudo de avaliabilidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/1982-8047.2022.v48.37056

Palavras-chave:

Sífilis Congênita, Assistência Pré-natal, Avaliação em Saúde, Atenção Primária à Saúde

Resumo

Introdução: A ocorrência continuada de sífilis congênita é um indicativo de inadequação do pré-natal, de contextos de vulnerabilidade e/ou de baixa qualidade de programas de controle. Em 1993, o Ministério da Saúde propôs um Projeto de Eliminação da Sífilis Congênita enquanto problema de saúde pública, em consonância com a proposta de controle do agravo nas Américas, formulado pela Organização Pan-americana de Saúde. Durante esses anos, os compromissos foram renovados e a meta de eliminação não foi atingida. Objetivo: Ampliar a compreensão do Programa de Controle de Sífilis Congênita no Brasil, no contexto local da APS e promover condições para a avaliação propriamente dita. Métodos: Foi realizado um estudo qualitativo, com abordagem colaborativa, empregando as etapas propostas por Thurston e Ramaliu. Realizaram-se análises de documentos e reuniões com profissionais interessados. As reuniões foram registradas em diário de campo, seguindo um roteiro estruturado. A amostra dos profissionais foi intencional, não probabilística e a escolha ocorreu pelo tipo de envolvimento no controle da sífilis congênita. Resultados: O estudo permitiu entender as bases conceituais e operacionais do Programa de Controle da Sífilis Congênita com ajustes no modelo lógico do Programa e construção do modelo teórico da posterior Avaliação de Implementação. Observaram-se empecilhos para o controle da sífilis congênita a serem problematizados na avaliação propriamente dita, a saber: falhas das atividades de educação em saúde e de referência e contrarreferência, da disponibilização e da aplicação da penicilina na Atenção Primária à Saúde, das notificações de casos, da integração entre a Vigilância Epidemiológica e a Atenção Primária à Saúde; e a falta de um programa de educação permanente. Conclusões: Identificou-se a viabilidade metodológica e operacional para desenvolver a pesquisa avaliativa posterior e a possibilidade de maior utilidade dos seus resultados, devido ao envolvimento dos profissionais desde o início do estudo.

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Biografia do Autor

Ana Lúcia de Lima Guedes, UFJF

Daniela Cristina Guimarães, Universidade Federal de Juiz de Fora

Especialista em Pediatria (UFJF, 2014), professora auxiliar do Departamento Materno-infantil, UFJF, Brasil

Sabrina Pereira Paiva, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutora em Saúde Coletiva (IESC/UFRJ), professora adjunta da Faculdade de Serviço Social, UFJF

Sandra Helena Cerrato Tibiriça, Universidade Federal de Juiz de Fora

Especialista em Pediatria,Terapia Intensiva Pediátrica e Educação Médica, doutora em Saúde Brasileira (UFJF,2008) professora adjunta do Departamento de Clínica Médica, UFJF, Brasil

Gisela Cordeiro Pereira Cardoso, Fundação Oswaldo Cruz

Psicóloga, doutora em Saúde Coletiva (Instituto de Medicina Social/ UERJ, 2008), pesquisadora do Departamento de Endemias Samuel Pessoa, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz.

Luiz Cláudio Ribeiro, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutor em Demografia, professor associado IV do Departamento de Estatística da UFJF, professor do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFJF.

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Publicado

2022-08-11

Como Citar

1.
Guedes AL de L, Guimarães DC, Pereira Paiva S, Cerrato Tibiriça SH, Cordeiro Pereira Cardoso G, Ribeiro LC. Prevenção da sífilis congênita na atenção primária à saúde: contribuições do estudo de avaliabilidade. HU Rev [Internet]. 11º de agosto de 2022 [citado 19º de abril de 2024];48:1-11. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/37056

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