RECRIANDO UM MONSTRO
CONSTRUTOS SOCIAIS EM RELEITURAS CONTEMPORÂNEAS DE 'FRANKENSTEIN'
DOI:
https://doi.org/10.34019/1983-8379.2025.v18.49561Palavras-chave:
cinema, gótico, horror, mangá, transposiçãoResumo
Este artigo analisa como a Criatura de Frankenstein funciona como um construto social da monstruosidade, espelhando os medos de cada época. Exploramos a hipótese por meio da análise comparativa de duas adaptações dos anos 1990: o filme Frankenstein de Mary Shelley (1994), de Kenneth Branagh, e o mangá Frankenstein (1994-1998), de Junji Ito. Discute-se a relevância do romance de Shelley para o horror e sua presença na cultura pop, para então refletirmos sobre a construção da figura monstruosa por meio da chave da "anormalidade", conforme Tucherman (2012), Cohen (2007) e Foucault (2001). A versão de Branagh é examinada por sua estética operística e leitura queer, refletindo ansiedades ocidentais. A de Ito é analisada a partir de conceitos da estética japonesa, como a valorização da sombra (Tanizaki, 2017) e a noção de Ma (Okano, 2013), que ressignificam o horror Gótico. As releituras preservam a essência subversiva e contra-hegemônica da obra original, contrapostas ao status quo Iluminista, revelando como diferentes culturas "montam" seus monstros para negociar os limites do humano, comprovando a adaptabilidade do gótico (Botting, 2024).
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