Determinação do estado nutricional: qual o valor de peso e altura autorreferidos?

Autores

  • Chislene Pereira Vanelli Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde http://orcid.org/0000-0002-2041-672X
  • Layla de Souza Pires Miranda UNIMED JF
  • Fernando Antonio Basile Colugnati UFJF
  • Rogério Baumgratz de Paula UFJF
  • Mônica Barros Costa

DOI:

https://doi.org/10.34019/1982-8047.2018.v44.13933

Palavras-chave:

Obesidade, Antropometria, Autoimagem, Índice de massa corporal, Doenças crônicas.

Resumo

Introdução: Altas prevalências de sobrepeso e obesidade são descritas em diferentes populações. No entanto, grande parcela da população tem percepções imprecisas sobre seu peso corporal e, consequentemente, sobre a classificação nutricional. Objetivo: Comparar a percepção autorreferida do peso corporal frente à classificação nutricional baseada na aferição realizada por profissional de saúde em amostra representativa da população de cidade de grande porte do sudeste brasileiro. Material e métodos: Foi realizado estudo transversal por inquérito populacional em cidade de médio porte do sudeste brasileiro, sendo a coleta de dados realizada de junho/2014 a abril/2016. Utilizou-se amostragem domiciliar em três estágios e aproximadamente 4.800 domicílios foram visitados, a partir dos quais, 1.032 participantes foram aleatoriamente selecionados e incluídos na pesquisa. Resultados: A média de idade dos participantes foi de 44±13,2 anos, sendo 53,2% indivíduos do sexo feminino. Com base no autorrelato de peso e altura e cálculo do índice de massa corporal (IMC), observou-se que 58,7% da população se encontravam com excesso de peso. Dos 521 indivíduos que foi possível realizar a avaliação do peso e altura por profissionais de saúde vimos que ao se comparar a classificação nutricional baseada no autorrelato com aquela obtida a partir de dados mensurados pelos profissionais, observou-se que o número de casos de obesidade foi 7,1% maior. Conclusão: Diante dos dados do presente estudo, a autopercepção do excesso de peso pode não ser adequada como ferramenta para avaliação de populações em risco para obesidade/sobrepeso, além disso, os resultados reforçam a necessidade de educação sobre o uso do IMC assim como da importância das orientações por profissionais de saúde.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Diretrizes Brasileiras de Obesidade. 4. ed. São Paulo. 2016.

APPEL, L. J. et al. Comparative effectiveness of weight-loss interventions in clinical practice. New England Journal of Medicine. v. 365, n. 21, p. 1959-1968, nov. 2011.

BEAGLEHOLE, R. et al. Priority actions for the non-communicable disease crisis. The Lancet. v. 377, n. 9775, p. 1438-1447, abr. 2011.

BHANJI, S. et al. Underestimation of weight and its associated factors among overweight and obese adults in Pakistan: a cross sectional study. BMC Public Health. v. 11, n. 1, p. 363, mai. 2011.

BURKE, M. A.; HEILAND, F. W.; NADLER, C. M. From “overweight” to “about right”: evidence of a generational shift in body weight norms. Obesity. v. 18, n. 6, p. 1226-1234, set. 2010.

CRAIG, C. L. et al. International physical activity questionnaire: 12-country reliability and validity. Medicine and science in sports and exercise. v. 35, n. 8, p. 1381-1395, ago. 2003.

DIETZ, W. H. et al. Management of obesity: improvement of health-care training and systems for prevention and care. The Lancet. v. 385, n. 9986, p. 2521-2533, jun. 2015.

EASTON, J. F.; STEPHENS, C. R.; SICILIA, H. R. The effect of a medical opinion on self-perceptions of weight for Mexican adults: perception of change and cognitive biases. BMC Obesity. v. 4, n. 1, p. 16, mai. 2017.

FLEGAL, K. M. et al. Association of all-cause mortality with overweight and obesity using standard body mass index categories: a systematic review and meta-analysis. Jama. v. 309, n. 1, p. 71-82, jan. 2013.

GARDNER, R. M. Weight status and the perception of body image in men. Psychology Research and Behavior Management. v. 7, p. 175, jul. 2014.

GUARIGUATA, L. et al. Global estimates of diabetes prevalence for 2013 and projections for 2035. Diabetes Research and Clinical Practice. v. 103, n. 2, p. 137-149, fev. 2014.

IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 2010. Censo Demográfico: Brasil, 2010. Rio de Janeiro: IBGE. Disponível em http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1 Acesso em 18/11/2014.

IDF (International Diabetes Federation). Diabetes Atlas [Internet]. 8th ed. Brussels: International Diabetes Federation; 2017. Disponível em: http://diabetesatlas.org/ Acesso em 15/01/2018.

ISER, B. P. M. et al. Fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis obtidos por inquérito telefônico – Vigitel Brasil – 2009. Revista Brasileira de Epidemiologia. v. 14 (Supl.1), p. 90-102, set. 2011.

JONES, M. et al. Psychological and behavioral correlates of excess weight: misperception of obese status among persons with Class II obesity. International Journal of Eating Disorders. v. 43, n. 7, p. 628-632, nov. 2010.

KISH, L. Survey Sampling. New York: John Wiley & Sons, 1965. 643 p.

MILLS, K. T. et al. Global Disparities of hypertension prevalence and controlclinical perspective: a systematic analysis of population-based studies from 90 countries. Circulation. v. 134, n. 6, p. 441-450, ago. 2016.

MOGRE, V.; ALEYIRA, S.; NYABA, R. Misperception of weight status and associated factors among undergraduate students. Obesity Research & Clinical Practice. v. 9, n. 5, p. 466-474, set./out. 2015.

MOORE, S. E.; HARRIS, C.; WIMBERLY, Y. Perception of weight and threat to health. Journal of the National Medical Association. v. 102, n. 2, p. 119, fev. 2010.

MUELLER, K. G. et al. Self-perceived vs actual and desired weight and body mass index in adult ambulatory general internal medicine patients: a cross sectional study. BMC Obesity. v. 1, n. 1, p. 26, dez. 2014.

PNS. Pesquisa Nacional de Saúde: 2013: Ciclos de vida: Brasil e grandes regiões / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. - Rio de Janeiro: IBGE, 2015.

POST, R. E. et al. The influence of physician acknowledgment of patients' weight status on patient perceptions of overweight and obesity in the United States. Archives of Internal Medicine. v. 171, n. 4, p. 316-321, fev. 2011.

SALEEM, M. D. et al. Weight misperception amongst youth of a developing country: Pakistan-a cross-sectional study. BMC Public Health. v. 13, n. 1, p. 707, ago. 2013.

SARAFRAZI, N. et al. Perception of weight status in US children and adolescents aged 8-15 years, 2005-2012. NCHS Data Brief. Number 158. Centers for Disease Control and Prevention. 2014.

SCHIEMAN, S.; PUDROVSKA, T.; ECCLES, R. Perceptions of body weight among older adults: analyses of the intersection of gender, race, and socioeconomic status. The Journals of Gerontology Series B: Psychological Sciences and Social Sciences, v. 62, n. 6, p. S415-S423, nov. 2007.

SCHMIDT, M. I. et al. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Lancet. v. 377, p. 1949-1961, jun. 2011.

SIVALINGAM, S. K. et al. Ethnic differences in the self-recognition of obesity and obesity-related comorbidities: a cross-sectional analysis. Journal of General Internal Medicine, v. 26, n. 6, p. 616-620, jun. 2011.

SKINNER, A. C. et al. Accuracy of perceptions of overweight and relation to self-care behaviors among adolescents with type 2 diabetes and their parents. Diabetes Care. v. 31, n. 2, p. 227-229, fev. 2008.

SMALLEY, K. B.; WARREN, J. C.; MORRISSEY, M. B. D. Discrepancy between actual and perceived weight status in rural patients: variations by race and gender. Journal of Health Care for the Poor and Underserved, v. 28, n. 1, p. 514, fev. 2017.

STOMMEL, M.; SCHOENBORN, C. A. Accuracy and usefulness of BMI measures based on self-reported weight and height: findings from the NHANES & NHIS 2001-2006. BMC Public Health. v. 9, n. 1, p. 421, nov. 2009.

VIGITEL BRASIL 2017: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2017 / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2017_vigilancia_fatores_riscos.pdf . Acesso em 06/08/2018.

WHO (World Health Organization). Obesity: preventing and managing the global epidemic: report of a WHO consultation on obesity. Geneva: World Health Organization, 1998. Disponível em https://apps.who.int/iris/handle/10665/63854 . Acesso em 21/05/2018.

WHO (World Health Organization). Diet, nutrition and the prevention chronic diseases. Geneva, 2003. Disponível em https://www.who.int/nutrition/publications/obesity/WHO_TRS_916/en/ . Acesso em 23/05/2018.

Downloads

Publicado

2019-04-04

Como Citar

1.
Vanelli CP, Miranda L de SP, Colugnati FAB, de Paula RB, Costa MB. Determinação do estado nutricional: qual o valor de peso e altura autorreferidos?. HU Rev [Internet]. 4º de abril de 2019 [citado 18º de abril de 2024];44(2):157-63. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/13933

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >> 

Artigos Semelhantes

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.