Determinação do estado nutricional: qual o valor de peso e altura autorreferidos?
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-8047.2018.v44.13933Palavras-chave:
Obesidade, Antropometria, Autoimagem, Índice de massa corporal, Doenças crônicas.Resumo
Introdução: Altas prevalências de sobrepeso e obesidade são descritas em diferentes populações. No entanto, grande parcela da população tem percepções imprecisas sobre seu peso corporal e, consequentemente, sobre a classificação nutricional. Objetivo: Comparar a percepção autorreferida do peso corporal frente à classificação nutricional baseada na aferição realizada por profissional de saúde em amostra representativa da população de cidade de grande porte do sudeste brasileiro. Material e métodos: Foi realizado estudo transversal por inquérito populacional em cidade de médio porte do sudeste brasileiro, sendo a coleta de dados realizada de junho/2014 a abril/2016. Utilizou-se amostragem domiciliar em três estágios e aproximadamente 4.800 domicílios foram visitados, a partir dos quais, 1.032 participantes foram aleatoriamente selecionados e incluídos na pesquisa. Resultados: A média de idade dos participantes foi de 44±13,2 anos, sendo 53,2% indivíduos do sexo feminino. Com base no autorrelato de peso e altura e cálculo do índice de massa corporal (IMC), observou-se que 58,7% da população se encontravam com excesso de peso. Dos 521 indivíduos que foi possível realizar a avaliação do peso e altura por profissionais de saúde vimos que ao se comparar a classificação nutricional baseada no autorrelato com aquela obtida a partir de dados mensurados pelos profissionais, observou-se que o número de casos de obesidade foi 7,1% maior. Conclusão: Diante dos dados do presente estudo, a autopercepção do excesso de peso pode não ser adequada como ferramenta para avaliação de populações em risco para obesidade/sobrepeso, além disso, os resultados reforçam a necessidade de educação sobre o uso do IMC assim como da importância das orientações por profissionais de saúde.
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