POÉTICAS ANTI-ANONIMATO
O TEXTO LITERÁRIO E OS EXCLUÍDOS DA HISTÓRIA OFICIAL
DOI:
https://doi.org/10.34019/1983-8379.2023.v16.42389Palavras-chave:
História e Literatura, História Oficial, História vista de baixo, Literatura dos retornados, Literatura e anonimatoResumo
Gestada pelas ideologias dominantes, a historiografia oficial, por muito tempo, conferiu destaque a determinados sujeitos e eventos, negligenciando, na mesma medida, outros tantos elementos fundamentais a uma compreensão mais abrangente da História. Esse consenso teórico, predominante entre os historiadores até meados do século XX, facilmente se irrompe diante da potencialidade heterogênea do texto literário, capaz de, ao longo das eras, atravessar esses discursos dominantes, conferindo notoriedade e, não raramente, protagonismo aos diversos sujeitos e personagens menos favorecidos por esse hiperfoco historiográfico. Diante de tais possibilidades, o presente artigo buscará discutir, à luz das contribuições de Jean-Claude Schmitt (1998), Alfredo Bosi (2015) e Leyla Perrone-Moisés (2016), em que medida a poesia pode contribuir (e contribui) com uma apreensão mais totalizante do passado histórico, revelando as situações, os dilemas e as angústias daqueles que, por alguma perspectiva ideológica, foram ignorados, silenciados e, por muitas vezes, assassinados. Dentre as várias obras em destaque, nossa análise se centrará no Romanceiro da Inconfidência (2015), de Cecília Meireles, e n’Os cus de Judas (2010), de Antônio Lobo Antunes, a fim de elucidar o papel da literatura diante dos discursos oficiais sobre o passado e dos excluídos pela historiografia oficial.
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