PRORROGAÇÃO DA CHAMADA DA 26ª EDIÇÃO - INCLUSÃO SEÇÃO VARIA
A 26ª Edição da Revista Darandina convida seus colaboradores a desenvolverem uma reflexão coletiva a respeito do tema da crise dentro do cenário contemporâneo, mais especificamente quanto às suas expressões na literatura brasileira. Compreende-se a literatura como uma forma de conhecimento que permite enxergar além dos parâmetros muito rígidos da análise científica – nesse sentido, lembramos do romance Maíra (1976), de Darcy Ribeiro, cuja escrita demonstra como a ficção foi capaz de ampliar as possibilidades expressivas dos fenômenos a cuja análise o antropólogo e historiador se dedicou ao longo de sua produção intelectual.
Grande parte das reflexões contemporâneas no território das humanidades passa pela constelação da crise. Evocamos, a título de exemplo, as obras de Giorgio Agamben (2009), O que é o contemporâneo?, de Zygmunt Bauman (2011), 44 cartas do mundo líquido moderno, e de Marshall Berman (2007), Tudo o que é sólido desmancha no ar. A partir da percepção de tais autores é que afirmamos que a crise é a marca mais consistente da contemporaneidade, percebida em uma sequência de aspectos que é impossível esgotar: nos valores éticos, na economia, na política, nas relações interpessoais, nos gêneros, nos papéis sociais...
No Brasil, essa crise assume aspectos mais agudos devido à intensa desigualdade social que nos assola: somos um país periférico, que já foi colônia, mas que ainda não deixou de ser explorado ao considerarmos sua condição numa escala global. Seus sintomas são tão variados quanto as crises que se podem identificar: as estatísticas de homicídio de pessoas negras e de feminicídio são pálidos indícios do racismo e do machismo endêmicos enraizados em nossas estruturas. A fome é uma de suas cruéis faces, lida nas palavras de Carolina Maria de Jesus em Quarto de despejo (1960): “E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!”. A presença de uma figura como Jair Bolsonaro na presidência é apenas um momento de uma crise que já se alastra há muito tempo.
Para a presente edição, propomos uma reflexão sobre a relação entre o escritor e esse universo em crise. Parece que há duas atitudes básicas: a complacência e aceitação passiva, como se essa fosse uma condição eterna e imutável, que existe desde sempre; e, de outro lado, a atitude talvez meio quixotesca de buscar valores significativos em um mundo em crise; afinal, se tudo o que é sólido desmancha no ar, não há nada mais seguro ou que escape à corrosão promovida por essa crise. Nos trabalhos submetidos para este número, recolheremos contribuições que se disponham a verificar de que forma diferentes escritores brasileiros pensam, em seus textos, esse mundo em crise.
Referências
AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Tradução Vinicius Honesko. Chapecó: Argos, 2009.
BAUMAN, Zygmunt. 44 cartas do mundo líquido moderno. Tradução Vera Pereira. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar. Tradução Carlos Felipe Moisés e Ana Maria L. Ioriatti. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
Proponentes:
Professor Doutor Gilvan Procópio Ribeiro - PPG Letras - Estudos Literários - UFJF
Doutoranda Mayara Moratori Peixoto - PPG Letras - Estudos Literários - UFJF
*O periódico receberá contribuições em temática livre, desde que dentro do escopo da revista, que serão incluídas na seção varia.
ENVIO DE TEXTOS (Artigos, Resenhas e Criação Artística) ATÉ 05 DE DEZEMBRO DE 2021.
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