Retórica, uitae e recepção: os genera dicendi na recepção virgiliana e seu eco nas antigas uitae

Autores

  • Liebert de Abreu Muniz Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)

DOI:

https://doi.org/10.34019/2318-3446.2022.38445

Palavras-chave:

genera dicendi, modelos, gênero, recepção, Vitae

Resumo

O presente artigo analisa os genera dicendi na construção da recepção virgiliana. A retórica antiga representou uma disciplina que propôs uma primeira reflexão sistemática sobre linguagem (DUCROT & TODOROV, 1998, p. 79), com princípios, categorias e método. Ela instrumentalizou autores e leitores na produção e crítica das obras literárias clássicas. Uma fonte valiosa para traçar o percurso da retórica literária e da recepção são as antigas uitae. Partindo de um caso das Geórgicas 2.58, Lúcio Aneu Sêneca (Ep. 86), 4 a.C. – 65 d.C., propôs uma síntese retórica para a compreensão do poema. Sérvio Honorato, séc. IV d.C., amplia a síntese senequiana aplicando a noção de modelo, e as uitae antigas, como a Vita Suetonii uulgo Donatiana (séc. IV), Vita Philargyrii I (séc. V) a Vita Vossiana (sec. IX) e Vita Noricensis I (séc. IX), consolidam a recepção e tradição virgilianas. O resultado do percurso pelas uitae estudadas aponta para a construção da recepção de Virgílio em pontos da Idade Média Latina.

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Publicado

2022-10-31

Como Citar

MUNIZ, L. de A. Retórica, uitae e recepção: os genera dicendi na recepção virgiliana e seu eco nas antigas uitae. Rónai – Revista de Estudos Clássicos e Tradutórios, [S. l.], p. 39–59, 2022. DOI: 10.34019/2318-3446.2022.38445. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/ronai/article/view/38445. Acesso em: 22 nov. 2024.