Corpo, Trauma e Diáspora

A Agência Feminina nas Narrativas de Maryse Condé

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/1982-0836.2024.v28.46141

Palavras-chave:

Maryse Condé, Corpo feminino, Trauma, Diáspora, Pós-colonialismo

Resumo

Este trabalho examina o papel do corpo feminino enfermo e traumatizado e sua relação com o protagonismo nas obras Desirada (1997), La migration des coeurs (1995) e Histoire de la femme cannibale (2003) da escritora guadalupense Maryse Condé. A análise parte da hipótese de que, embora essas personagens enfrentem traumas físicos e psicológicos, seus corpos funcionam como ferramentas de negociação de poder e identidade. O estudo questiona a visão tradicional de passividade associada ao trauma corporal, propondo que o corpo, mesmo afetado por doenças ou violência, não é apenas um reflexo do sofrimento, mas um campo de ação e resistência. Em Desirada, o corpo da protagonista é explorado como um espaço de busca identitária, diretamente ligado ao trauma da ausência materna e do deslocamento. Em La migration des coeurs, Condé constrói o corpo feminino como um reflexo das tensões históricas e culturais, enquanto em Histoire de la femme cannibale, o corpo simboliza fragmentação e crise identitária, mas também a possibilidade de confrontar essas condições. Condé oferece uma visão alternativa da agência feminina, onde o corpo, em vez de ser uma ferramenta de opressão passiva, é retratado como um meio de reorganização das relações de poder e subjetividade, dentro de um contexto de diáspora e colonialismo.

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Publicado

2024-12-30