Do riso solto ao “gênero intensivo”: a teatralidade farsesca na escrita modernista de Virginia Woolf
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-0836.2025.v29.48961Palabras clave:
Virginia Woolf, Freshwater: uma comédia, Farsa, Teatralidade Farsesca, Gênero IntensivoResumen
Este artigo propõe uma leitura da peça Freshwater: uma comédia (2025 [1923/1935]), de Virginia Woolf, em articulação com outras obras da autora, a partir do gênero farsa — tradicionalmente marginalizado pela crítica literária e teatral. Sustenta-se que Woolf mobiliza elementos farsescos — como o exagero, o absurdo, a corporeidade cômica e a desrazão — não como um desvio pontual, mas como núcleo estético e político de sua escrita. Longe de tratar Freshwater como uma curiosidade excêntrica, o estudo reivindica a farsa como força estruturante de uma modernidade literária anticartesiana, que subverte convenções de gênero, autoridade e representação. Dialogando com Smith (1989), Davis (2003), Schechner (2003) e Braidotti (2011), entre outros, argumenta-se que o riso woolfiano, encenado e encarnado na farsa, desestabiliza a imagem da “escritora trágica” e reinscreve Woolf em uma tradição performativa experimental e nômade, entendendo a farsa como parte constitutiva de seu gênero intensivo (Braidotti, 2011).
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