Metamorfoses de uma mulher ruandesa em relatos de si
o percurso emancipatório de Scholastique Mukasonga
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-0836.2024.v28.46262Palabras clave:
Scholastique Mukasonga. relatos de si; autodefinição. autonomia relacional. práticas de liberdade.Resumen
O artigo reflete sobre o relato que a autora ruandense Scholastique Mukasonga escreve sobre si mesma na obra Um belo diploma. A narrativa descreve suas experiências de luta pela conquista de emancipação social, autonomia e liberdade intelectual, simbolizadas pela conquista de um diploma reconhecido na França, país para onde emigra após sua formação no Burundi. Desafiando preconceitos e imagens de controle, Mukasonga elabora ativamente sua metamorfose, desenha outras alternativas para sua vida, diferentes daquelas supostamente já destinadas a ela. Enquanto mulher africana transclasse na França, sua autodefinição evidencia a coragem de identificar os aspectos e dispositivos de poder que limitam sua autorrealização e, ao mesmo tempo, de criar táticas de ação que permitam, de maneira situada, o cuidado de si e dos outros como responsabilidade ética. Buscamos evidenciar como uma mulher negra, sobrevivente de um genocídio, emancipa a si mesma através de sua escritura e, simultaneamente, redefine os vínculos sociais e amorosos que amparam aquelas e aqueles que habitam seus dias e noites.
Descargas
Citas
ALLEN, Amy. Emancipação sem utopia. Novos Estudos Cebrap, n. 103, 2015, p. 115-132.
ALLEN, Amy. Foucault on power: a theory for feminists. In: HEKMAN, Susan. (Ed.). Feminist interpretations of Michel Foucault.State College: Pennsylvania State University, 1996. p. 265-282.
ALLEN, Amy. Foucault and the politics of our selves. History of the Human Sciences, Thousand Oaks, v. 24, n. 4, p. 43-59, 2011.
ALMEIDA, Mariléa de. Devir quilomba. São Paulo: Ed. Elefante, 2022.
BIROLI, Flávia. Gênero e desigualdades. São Paulo: Boitempo, 2008.
BIROLI, Flávia. Autonomia, opressão e identidades: a ressignificação da experiência na teoria política feminista. Revista Estudos Feministas (UFSC. Impresso), v. 21, p. 81-105, 2013.
BIROLI, Flávia. Autonomia, preferências e assimetria de recursos, RBCS, v. 31, n. 90, 2016, p. 39-57.
BUTLER, Judith. Relatar a si mesmo. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
BUTLER, J. Precarious Life, London: Verso, 2004.
BUTLER, J. “Rethinking Vulnerability and Resistance”, in BUTLER, J.; GAMBETTI, Z.; SABSAY, L. (orgs.) Vulnerability in resistance. London: Duke University Press, 2016.
COLE, Allison. All of us are vulnerable, but some are more vulnerable than others, Critical Horizons, v. 17, n. 2, 2016, p. 260-277.
COLLINS, Patrícia Hill. Pensamento feminista negro conhecimento, consciência e a politica do empoderamento. São Paulo: Boitempo, 2019.
FASSIN, Didier. and MEMMI, D. (eds.). Le gouvernement des corps. Paris: Éditions de l’École des Hautes Études en Sicences Sociales, 2004.
FASSIN, D. At the Heart of the State: the moral world of institutions, London: Pluto Press, 2015.
FERRARESE, Estelle. Vulnerability: a concept with which to undo the world as it is? Critical Horizons, v. 17, n. 2, 2016, p. 149-159.
FOUCAULT, Michel. Poder de morte e direito sobre a vida. In: ______. História da Sexualidade, v. 1, A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1980, p. 127-152.
FOUCAULT, Michel. Usage des plaisirs et techniques de soi. Le Débat, n. 27, 1985, p. 46-72.
FOUCAULT, Michel. “Les techniques de soi”, in: ____, Dits et Écrits IV, 1980-1988, org. por Daniel Defert e François Ewald. Paris: Gallimard, 1994a, p. 783-813.
FOUCAULT, Michel. “ L’éthique du soin de soi comme pratique de la liberté ”, in: ____, Dits et Écrits IV, 1980-1988, org. por Daniel Defert e François Ewald. Paris: Gallimard, 1994b, p. 708-730.
FOUCAULT, M. O sujeito e o poder. In: MOTA, M. B. da. (org.). Ditos e escritos, v. 9: genealogia da ética, subjetividade e sexualidade. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014, p. 118-140.
FOUCAULT, Michel. O enigma da revolta. São Paulo: n-1 edições, 2019.
GAGNEBIN, Jeanne Marie. História e Narração em Walter Benjamin. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1999.
LAUGIER, Sandra. L’autonomie et le souci du particulier. In: JOUAN, Marlène; LAUGIER, Sandra (dir.). Comment penser l’autonomie? Entre compétences et dépendances. Paris: PUF, 2009, p. 407-432.
MACHADO, Ida Lucia. Narrativas de vida: saga familiar & sujeitos transclasses. Coimbra: Grácio Editor, 2020.
MATOS, Marlise. Democracia, sistema político brasileiro e a exclusão das mulheres: a urgência em se aprofundar estratégias de descolonização e despatriarcalização do Estado. Revista do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, v. 7, 2015, p. 24-35.
McLAREN, Margareth. Resistência e revolução: “nem tudo é igualmente perigoso”. In: RAGO, Margareth; GALLO, Sílvio (orgs.). Michel Foucault e as insurreições: é inútil revoltar-se? São Paulo: Intermeios, 2017, p. 351-362.
McLAREN, Margareth. Foucault, feminismo e subjetividade. São Paulo: Intermeios, 2016.
MUKASONGA, Scholastique. A mulher dos pés descalços. São Paulo: Editora Nós, 2017.
MUKASONGA, Scholastique. Baratas. São Paulo: Editora Nós, 2018.
MUKASONGA, Scholastique. Nossa Senhora do Nilo. São Paulo: Editora Nós, 2017.
MUKASONGA, Scholastique. Um belo diploma. São Paulo: Editora Nós, 2020.
OKSALA, Johanna. O sujeito neoliberal do feminismo. In: RAGO, M.; PELEGRINI, M.(orgs.). Neoliberalismo, Feminismos e Contracondutas: perspectivas foucaultianas. São Paulo: Intermeios, 2019, p. 115-138.
OKSALA, Johanna. Feminism and Neoliberal Governmentality, Foucault Studies, n. 16, 2013, p. 32-53.
OSHANA, Marina. “How much should we value autonomy”. Social Philosophy & Policy, 2003, p. 99-126.
PELBART, Peter Pál. Subjetivação e dessubjetivação. In:_____. O avesso do niilismo: cartografias do esgotamento. São Paulo: n-1 edições, 2013, p. 225-236.
RAGO, Margaret. Foucault, o neoliberalismo e as insurreições feministas. in RAGO, M. ; GALLO, S. (orgs.) Michel Foucault e as insurreições: é inútil revoltar-se?, São Paulo: Intermeios, 2017, p. 363-374.
RAGO, M.; PELEGRINI, M.(orgs.). Neoliberalismo, Feminismos e Contracondutas: perspectivas foucaultianas. São Paulo: Intermeios, 2019.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2024 IPOTESI – REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.