Capital erótico e trabalho emocional no mercado de eventos do Rio Grande do Norte: perfil e performance de trabalhadoras como ativo econômico
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.13975741Palavras-chave:
Capital erótico, Trabalho emocional, Promotoras de eventos, Mercado de eventos, Rio Grande do NorteResumo
Este artigo problematiza a tensão estrutural entre os imperativos político-econômicos de reprodução do capital e os desafios simbólico-interacionais concretos, tanto na dimensão intersubjetiva quanto da integridade subjetiva individual, experimentados cotidianamente por trabalhadoras alocadas como promotoras de eventos em atividades terciárias do mercado de eventos no Rio Grande do Norte, mercado esse, expoente da atividade turística. Nesse recorte analítico da relação complexa entre o indivíduo, sociedade e cultura, o objeto analítico compreende os modos de disposição e de justificação do capital erótico e do trabalho emocional no cotidiano de mulheres profissionais atuantes no mercado de eventos em decorrência do perfil que essas trabalhadoras precisam adquirir e da performance que precisam desenvolver para estarem aptas ao cargo. O artigo aborda, nesse diapasão, as tensões inerentes a esse enfrentamento localizado entre capital e trabalho da perspectiva de uma teorização marxiana do capitalismo em sua atual formatação de gestão flexível e precarizadora de relações, biografias e subjetividades, ao passo que aciona também teorias sobre performance e interação simbólica para a compreensão do cotidiano concreto vivido de promotoras de eventos engajadas nas atividades terciárias em questão.
Downloads
Referências
Alcantara, A. de P. B.; Ituassu, C. T.; Moura, L. R. C. (2019). A beleza compensa: um estudo do capital erótico como fonte de poder simbólico. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade. Belo Horizonte/MG: 6, 219-254. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/41419/2/A%20BELEZA%20COMPENSA.pdf.
Almeida, R. N.; Massa, V. (2016). Sobre o capital erótico. IS Working Papers, 3º serie, Nº 29. Disponível em: https://isociologia.up.pt/sites/default/files/working-papers/wp29_160808032449.pdf.
Almeida, S. (2019). Racismo estrutural. São Paulo: Pólen.
Araújo, A. P. M. de (2017). “Você trabalha só com eventos?”: notas etnográficas sobre promotoras de eventos em São Paulo. Seminário internacional fazendo gênero. Women’s Worlds Congress. Disponível em: https://www.en.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/1499440772_ARQUIVO_artigoannafazgen2017.pdf .
Balbino, I. S.; et al (2021). Capital erótico: um estudo de mensuração. Nucleus, 18, 23-42.
Barbosa, R. Bo. (2020). Emoções e riscos em agências de viagens em Mossoró – RN. Revista Turismo Estudos & Práticas, Mossoró/RN: 9, 1-12. Disponível em: https://geplat.com/rtep/index.php/tourism/article/view/661/631.
Barbosa, R. B. (2019). Emoções, lugares e memórias Um estudo sobre as apropriações morais da Chacina do Rangel. Mossoró: Edições UERN.
Beauvoir, S. (1967). O segundo sexo: a experiência vivida. São Paulo: Difusão européia do livro.
Benedict, R. (2000). Padrões de cultura. Coleção Vida & Cultura. Lisboa: Ed. Livros do Brasil.
Bolzan, D. de P. (2015). Trabalho emocional e gênero: dimensões do trabalho no serviço social. Revista Em Pauta. Rio de Janeiro/RJ, 13, 104-122. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/revistaempauta/article/view/21054/15713
BonellI, M. da G. (2003). Arlie Russell Hochschild e a sociologia das emoções. Cadernos Pagu, 357-372. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-83332004000100015
Bonfim, M. C.; Gondim, S. M. G. (2010). Trabalho emocional – demandas afetivas no exercício profissional. Salvador, EDUFBA.
Bourdieu, P. (2007). A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: Editora Zouk.
Bourdieu, P. (2002). A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
Bourdieu, P. (2013). Capital simbólico e classes sociais. Journal of Classical Sociology, 13, 105-115.
Bourdieu, P. (1986). The forms of capital. Handbook of Theory and Research for the Sociology of Education, p. 15-29.
Buzzulini, R.; Enoque, A. G.; Borges, A. F. (2019). Trabalho emocional e gênero: um estudo em um supermercado de Minas Gerais. Farol: Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 6, 602-673. Disponível em: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/article/view/3811
Coletto; K. A.; Estevão-Rezende, Y. A.; Alves, K. dos S. (2020). Turbulências à frente: discussões sobre saúde no Trabalho de comissários de bordo. Sensata, 10, 158-179. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/pensata/article/view/11183/8787
Cotta, M.; Farage, T. (2021). Mulher, roupa, trabalho: como se veste a desigualdade de gênero. São Paulo: Paralela.
Cuche, D. (2002). A noção de cultura nas Ciências Sociais. Bauru: EDUSC.
Derteano, P. M. (2020). La nueva bestia de la sociologia: el capital erótico. Aportes para su conceptualización, medición e impementación en los estudios sobre discriminación. Revista Cientifica da UCES, 25, 178-20. Disponível em: https://publicacionescientificas.uces.edu.ar/index.php/cientifica/article/view/769/719
Freitas, V. S. de; Calazans, F. (2017). Velhice e sexualidade: um estudo sobre a série “Grace and Frankie” SEJA – Gênero e sexualidade no audiovisual, 192-205. Disponível em: https://www.anais.ueg.br/index.php/seja/article/view/10715/8150
Goldenberg, M. (2012). Mulheres e envelhecimento na cultura brasileira. Caderno Espaço Feminino, 25, 46-56. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/neguem/article/view/21803/11965
Hakim, C. (2012). Capital erótico: pessoas atraentes são mais bem-sucedidas. A ciência garante. Rio de Janeiro: Best Business.
Hochschild, A. R. (2003). The commercialization of intimate life: notes from home and work. Berkeley, The University of California Press.
Hochschild, A. R. (2012). The managed heart: commercialization of human feeling. Berkeley, University of California Press, p. 35-55.
Honneth, A. (2008). Observações sobre a reificação. Civitas: Revista De Ciências Sociais, 8(1), 68–79.
Kozinets, R. V. (2014). Netnografia: realizando pesquisa etnográfica online. Porto Alegre: Penso.
Maia, M. M. (2022). Trabalho emocional e significados do feminino no empreendedorismo contemporâneo. Cadernos Pagu. Disponível em: https://doi.org/10.1590/18094449202200640003
Maioria da populão do rn se considera parda, diz IBGE (2023). Tribuna do Norte. Disponível em: https://tribunadonorte.com.br/natal/maioria-da-populacao-do-rn-permanece-sendo-parda-diz-ibge/#:~:text=Os%20dados%20do%20Censo%20Demogr%C3%A1fico,amarelas%20(0%2C16%25
Martins, J. de S. (1997). Exclusão social e a nova desigualdade. São Paulo: Paulus.
Moraes, E. I. de (2005). A expropriação da emoção. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Universidade Federal de Góias. Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/109/o/Elias.pdf
Moraes, E. I. de (2002). Resenha de “the managed heart: commercialization of human feeling” de Arlie R. Hochschild. Sociedade e cultura. Goiana: 5, 211-214.
Moragas, V. J. (2023). Quem é pessoa negra no Brasil? Tribuna de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. Disponível em: https://www.tjdft.jus.br/acessibilidade/publicacoes/sementes-da-equidade/quem-e-pessoa-negra-no-brasil#:~:text=Para%20fins%20legais%2C%20o%20Estatuto,de%20cor%20preta%20ou%20parda
Padilha, V. (2014). Nojo, humilhação e controle na limpeza de shopping centers no Brasil e no Canadá. Caderno CRH, Salvador, 27(71), 329-346.
Paula, S. C. de, Carvalho, F. C. C. de, & Pimentel, T. D. (2018). (In) Definição de Competências Laborais em Turismo: implicações sobre o perfil profissional. Revista Latino-Americana De Turismologia, 3(2), 63–69. https://doi.org/10.34019/2448-198X.2017.v3.10035
Perrot, M. (2007). Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto.
Pestaña, J. L. Moreno; Callejo, Bruquetas (2016). Sobre el capital erótico como capital cultural. Revista Internacional de Sociologia, 74, 1-16. Disponível em: https://revintsociologia.revistas.csic.es/index.php/revintsociologia/article/view/638/717
Pestaña, J. L. Moreno (2020). Cuerpo, capital erótico, explotación. In: Alonso, Luis Enrique; Rodríguez, Carlos J. Fernández; Rojo, Rafael Ibáñez (Coords.). Esdudios sociales sobre el consumo, Madrid, CIS. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/339899337
Pimenta, M. A. (2006). Gestão de pessoas em turismo: sustentabilidade, qualidade e comunicação. Campinas, SP: Editora Alínea, p. 17-58.
Ramos, M. S. (2010). Apresentação: o corpo como capital e a felicidade. In: Goldenberg, Mirian (org.). O corpo como capital: estudos sobre gênero, sexualidade e moda na cultura brasileira. São Paulo: Estação das Letras e cores, p. 19-28.
Santos, L. A. da S.; Marques, D. B. (2013). Mercado de trabalho, capital erótico e a tensão eros e thanos na atualidade. Revista Gestão Pública: práticas e desafios. Recife: IV, 148-169. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/index.php/gestaopublica/article/view/900/687
Sennett, R. (2008). Deriva. In: ______. (org.). A corrosão do caráter. São Paulo: Editora Record, p. 13-33.
Silva, M. de O.; Bantim, N.; Costa, M. A. M. (2021). Precarização do trabalho no setor de eventos: um estudo inicial sobre os impactos para os trabalhadores e empresas. Revista de Turismo Contemporâneo, Natal/RN, 9(1), 1-23.
Silva, V. N. (2021). Filhas do mar: as identidades das nativas da praia de Canoa Quebrada, Aracati-CE. Dissertação (mestrado) - Programa de pós graduação em ciências sociais e humanas - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró/RN. Disponível em: https://www.uern.br/controledepaginas/ppgcish-disserta%C3%A7%C3%B5es/arquivos/2963dissertacao_vinicius_nogueira_silva.pdf
Souza, J. (2021). Como o racismo criou o Brasil. Rio de Janeiro: Estação Brasil.
Standing, G. (2014). O precariado: a nova classe perigosa. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora.
Teberga, A. (2020). Trabalho precário em eventos: precisamos falar sobre isso!. Labor Movens, UFT. Disponível em: https://www.labormovens.com/post/trabalho-prec%C3%A1rio-em-eventos-precisamos-falar-sobre-isso#:~:text=A%20precariedade%20do%20trabalho%20em,uma%20remunera%C3%A7%C3%A3o%20digna%20aos%20trabalhadores
Teixeira, M. B. M.; Zuin, D. C. (2016). Trabalho emocional e trabalho secretarial: contextos e desafios. Revista Expectativa: secretariado executivo, 15. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/expectativa/article/view/13092/9586
Tendências para o setor de beleza em 2024 (2023). Sebrae Digital. Disponível em: https://digital.sebraers.com.br/blog/estrategia/tendencias-para-o-setor-de-beleza-em-2024/#:~:text=De%20acordo%20com%20dados%20da,produtos%20de%20beleza%20no%20mundo
Urry, J. (1996). O olhar do turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas. São Paulo: Studio Nobel, p. 95-115.
Vilela, L. V. DE O.; Assunção, A. Á. (2007). Trabalho emocional: o caso dos teleatendentes de uma central de atendimento. Cadernos de psicologia social de trabalho, 10, 81-93. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cpst/v10n2/v10n2a07.pdf
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista Latino-Americana de Turismologia
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Salvo quando expressamente indicado em contrário, todo o conteúdo desta revista (RELAT) está licenciado por Creative Commons, Atribuição Não Comercial / Sem Derivações / 4.0 / Internacional (CC BY-NC-ND 4.0).
Portanto, os autores concordam que as obras publicadas nesta revista estão sujeitas aos seguintes termos:
1. A Universidade Federal de Juiz de Fora, por meio do seu Centro Latino Americano de Turismologia (CELAT), aqui denominado como o editorial, conserva os direitos patrimoniais (direitos autorais) das obras publicadas.
© Centro Latino Americano de Turismologia (CELAT), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), 2020.
2. Pode-se copiar, usar, difundir, transmitir e expor publicamente, desde que: i) seja citada a autoria e a fonte original de sua publicação (revista, editorial e URL da obra); ii) não seja utilizada para fins comerciais; iii) seja mencionada a existência e as especificações desta licença de uso.