Reflexões sobre a importância da aprendizagem de Matemática para estudantes quilombolas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/2594-4673.2020.v4.32265

Palavras-chave:

Educação Escolar Quilombola. Educação Matemática. Educação Matemática Crítica. Foregrounds.

Resumo

O Brasil é constituído por uma multiculturalidade vinculada a um complexo processo de miscigenação de povos originários e migrantes de diversos continentes, entre os quais estão os grupos étnicos provindos da África, cujos descendentes compõem uma grande parcela da população. Em reconhecimento ao expressivo contingente e pelas circunstâncias históricas de exploração e degradação por que passam afrodescendentes ao longo de séculos, o Brasil reconheceu e implantou a Educação Quilombola. Neste artigo são discutidos aspectos de uma pesquisa realizada com estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola quilombola de Pernambuco. O estudo teve como objetivos analisar como a aprendizagem da disciplina de Matemática interessa a estudantes quilombolas; refletir sobre como estudantes quilombolas concebem a importância de aprender Matemática na escola e identificar, sob a perspectiva da Educação Matemática Crítica, como a Matemática está presente nos planos desses estudantes. No recorte teórico utilizado elegeu-se o conceito de foreground relacionado com as oportunidades sociais, políticas, econômicas e culturais de cada indivíduo e suas perspectivas futuras em relação à aprendizagem de Matemática. Os foregrounds possuem dimensões externas e subjetivas, sendo, a primeira, relacionada ao contexto em que o indivíduo está situado, e a segunda está ligada a maneira de como cada um percebe essa realidade em que está inserido, de forma libertadora ou limitadora. Sob esta perspectiva, o foreground pode se expandir e se moldar. O estudo teve um cunho qualitativo e os dados de pesquisa foram gerados por entrevistas e observações. As análises dos resultados indicaram que os participantes atribuem importância à identidade quilombola para a afirmação de suas origens, estabelecendo relações entre a Matemática e as situações da vida cotidiana. Neste sentido, a escola desempenha importante papel na formação dos foregrounds, favorecendo a formação positiva, sendo que os conteúdos e conhecimentos de Matemática têm importante papel nesse processo.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Metrics

Carregando Métricas ...

Referências

ALMEIDA, A. Q. G.; MONTEIRO, C. E. F. A Utilização do Jogo Oware para promover o ensino de matemática nos anos iniciais de uma escola Quilombola. Perspectivas da Educação Matemática, v. 9, n. 21, 2017.

ANDRADE, Manuel Correia de. A terra e o homem no Nordeste: contribuição ao
estudo da questão agrária no Nordeste. 6. ed. Recife: UFPE, 1998.
BERNARDI, L. S; CALDEIRA, A. D. Educação matemática na escola indígena sob uma abordagem crítica. Bolema, Rio Claro, v. 26, n. 42b, p. 409-432, abr. 2012.
BIOTTO FILHO, D. Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?: trabalho com projetos para reelaborar foregrounds. 2015. 234 f. Tese (Doutorado em Educação Matemática) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2015. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/124075/000831902.pdf?sequence=1&isAllowed=y
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Lei 10.639/2003, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9. 394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. Brasília: MEC, 2012.
CASTRO, F. C; VIZOLLI, I. Um olhar sobre a matemática presente nas construções das casas na Comunidade Quilombola Lagoa da Pedra, Arraias, TO. Revemat: Revista Eletrônica de Educação Matemática, Florianópolis, v. 8, n. 2, p. 144-161, dez. 2013.
LONGMAN dictionary of contemporary English. Harlow: Pearson Education, 2003.
SOARES, N. J. B; COELHO, W. N. B. Relações sociais da escola: representações de alunos negros sobre as relações que estabelecem no espaço escolar. 2013.Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Pará, Belém, 2013.
SKOVSMOSE, O. Um convite à educação matemática crítica. Campinas: Papirus, 2014.
SKOVSMOSE, O. Guetorização e globalização: um desafio para a educação matemática. Zetetiké, v.13, n. 24, p. 113-142, 2005.
SKOVSMOSE, O. Educação crítica: incerteza, matemática e responsabilidade. São Paulo: Cortez, 2007.
SKOVSMOSE, O. Educação matemática crítica: a questão da democracia. 6. ed. Campinas: Papirus, 2013.
VALERO, P; MOLINA, M. A; MONTECINO, A. Lo político en la educación matemática: de la educación matemática crítica a la política cultural de la educación matemática. Revista Latinoamericana de Investigación en Matemática Educativa, v. 18, n. 3, nov. 2015.
VIZOLLI, I; SANTOS, R. M. G.; MACHADO, R F. Saberes quilombolas: um estudo no processo de produção da farinha de mandioca. Bolema, Rio Claro, v. 26, n. 42b, p. 589-608, abr. 2012.

Downloads

Publicado

2020-12-14

Como Citar

DINIZ, A. M.; MONTEIRO, C. E. F. Reflexões sobre a importância da aprendizagem de Matemática para estudantes quilombolas. Revista de Investigação e Divulgação em Educação Matemática , [S. l.], v. 4, n. 1, 2020. DOI: 10.34019/2594-4673.2020.v4.32265. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/ridema/article/view/32265. Acesso em: 20 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos