O tempo da culpa impresso no corpo memória em “Lavoura Arcaica”, romance e filme
Resumen
O trabalho propõe uma leitura para o romance Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar (1975), por meio do conceito de constelações linguísticas, que seriam figuras que, muitas vezes, estão condensadas numa palavra núcleo ou em cadeias de palavras. Essas figuras nucleares auxiliam a leitura do texto na medida em que determinam a ordem, a frequência e o ritmo do discurso. E, ao mesmo tempo em que são estruturais, acenam para o conteúdo velado que subjaz à narrativa e refletem o próprio processo de criação. No filme homônimo, LavourArcaica, de Luiz Fernando Carvalho (2001), a imagem e a câmera compõem um processo discursivo muitas vezes nos mesmos moldes: vale-se do condensamento poético para motivar a narração. Nesse sentido, a imagem das mãos pode ser a substituição da figura “olhos” do texto literário; apreende-se, no corpo, marcado pela descendência, pela angústia, pela lembrança, a própria memória do indivíduo. Aquilo que é metáfora na escrita é traduzido pela imagem metonímica. Talvez as figuras literárias e as imagens constituam o tempo da culpa no qual se acham fundidos o desejo, o amor, a opressão, a discórdia. A câmera também pode ser tomada como “olhos” de um narrador e por isso é subjetiva em muitas sequências. Mas a narração, a partir daí, é diferente daquela feita por um narrador-personagem na literatura e isso influencia a maneira como se reproduz uma mesma história. Entre figuras nucleares e imagens fílmicas, há uma forma magistral pela qual a memória vai sendo revelada.Palavras-chave: Lavoura Arcaica. Tempo. Memória. Figura.
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Publicado
2009-07-23
Número
Sección
Artigos