O ensino de Filosofia para crianças
sentidos, significados e possibilidades
DOI:
https://doi.org/10.34019/1984-5499.2020.v22.30198Keywords:
Ensino, Filosofia, CriançasAbstract
Investigar sobre a Filosofia já é um desafio, especialmente quando deslocamos as discussões para a esfera da infância, nos deparamos com um território árido. Nosso objetivo é o de identificar os sentidos, significados e possibilidades do ensino de Filosofia para crianças. A pesquisa é de natureza qualitativa, caráter bibliográfico e de campo. No campo cinco professoras foram entrevistadas, e assinalaram rotas para a práxis deste ensino. O texto foi organizado em duas sessões: a) Reflexões sobre os sentidos e significados do ensino de Filosofia na infância e o método de Matthew Lipman; b) As possibilidades deste ensino nas séries iniciais do Fundamental. Registramos o caráter original da investigação, e como resultado, revelamos que são inúmeras as possibilidades da implementação da Filosofia para crianças desde a mais tenra idade.
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Introdução
A filosofia é, sem dúvidas, o campo de estudos que por meio da formação do hábito do ato filosófico, promove o pensar crítico e sensível, fundando a prática de não se aceitar conceitos prontos, sem perpassar pelo crivo da reflexão.
Apesar dos avanços na educação, do advento das novas tecnologias, que cada vez mais assolam os espaços educativos, não podemos abrir mão de levar a criança a pensar. E pensar de forma sensível. Em que consistiria esse pensar?
[...] a ideia de os alunos apenas aprenderem os resultados da investigação científica clássica não garante que sua educação científica tenha sido bem-sucedida. O êxito ocorreria somente se os alunos tivessem sido ensinados a pensar cientificamente. Mas o que significa esse pensar cientificamente? No seu aspecto mais essencial, significa fazer a si próprio o tipo de pergunta que o cientista faz a si próprio; estar alerta aos aspectos problemáticos de nossa experiência do mesmo modo que o cientista; refletir auto criticamente sobre nossos procedimentos como o cientista faz; e achar importante não apenas para nossas reflexões, mas para nossa vida [...]. (p.108).
Entendemos que, o pensar científico, por assim dizer, também encampa as zonas da ética e do sentimento. Isso porque, é preciso que as crianças se coloquem sensíveis as problemáticas que experimentam, de modo que as compreendam a partir do sentido de bem comum. Portanto, e nesta lógica, equipar o ser humano filosoficamente é tarefa da educação, rota para encontrar os meios para transformar a si e a sociedade da qual fazemos parte.
Sob este ângulo, o ensino de Filosofia para crianças se torna como uma possibilidade para a realização dos câmbios humanos necessários e em direção à uma formação de fato, integral. Foi com base nessa motivação que nos remetemos aos questionamentos: Quais os sentidos e significados do ensino de Filosofia para crianças? E por sua vez, quais as suas possibilidades? Dos interrogantes se desprendem o seguinte objetivo geral: Identificar as possibilidades do ensino de Filosofia para crianças, os seus sentidos e significados sob a ótica de professores do Ensino Fundamental.
Para realizar este trabalho, traçamos uma rota qualitativa, com base na pesquisa de natureza bibliográfica e de campo. Importante mencionar que, a pesquisa é resultado da dissertação de mestrado intitulada “O ensino de Filosofia para crianças: significados, possibilidades e perspectivas atuais”e que foi aprovada pelo Comitê de Ética, TEXTO RETIRADO PARA GARANTIA DE TOTAL SIGILO, cujo parecer encontra-se registrado pelo número 3.787.875, e datado de 21 de dezembro de 2019.
A questão problematizadora nos encaminhou à seguinte rota metodológica:
a) A produção de dois subtítulos, o primeiro de cunho teórico e outro, empírico. Na sessão teórica nos debruçamos sobre os sentidos e significados do ensino de Filosofia para crianças, em que destacamos os contributos de Lipman, Oscanyan e Sharp (2001). Na segunda sessão, apresentamos o contexto praxiológico do ensino de Filosofia para crianças, precisamente, o olhar das professoras, em que dialogamos com diversos autores, em especial, Lipman (1990);
b) Na pesquisa de campo, trabalhamos com cinco professoras, sendo uma diretora da escola e quatro docentes do Ensino Fundamental. Adotamos para este trajeto a coleta de dados através de entrevistas semiestruturadas, ora de grupo (focal) e ora individual;
c) Optamos pela análise de conteúdo, mediante orientações tomadas a partir da obra de Bardin (2011). Neste sentido, as falas das professoras passaram pelo tratamento da transcrição, em que os registros foram numerados por linhas. A categoria central de análise é o ensino de Filosofia para crianças. Desta forma, buscamos as subcategorias que nos interessavam e que foram criadas – a priori e a partir da pesquisa teórica - e ligadas a categoria de análise ensino. Os dados foram apresentados e interpretados por meio de quadros autoexplicativo.
Consideramos a temática original, visto que é preciso preencher a lacuna existente neste segmento da educação. A intenção é ainda a de forjar uma rede de pesquisadores/as que possam se debruçar sobre a temática e gerar produções no campo, e criar espaços de resiliência, já que o ensino de Filosofia tem encontrado resistências para sua consolidação, que seja por seu ocultamento, esvaziamento ou negação.
Afinal: quais os sentidos e significados do ensino de filosofia para crianças?
É incomum encontrar escolas brasileiras que desenvolvam o ensino de Filosofia na infância. O componente curricular historicamente teve seu percurso de aparição como disciplina na matriz curricular tão somente a partir do Ensino Médio. Via de regra, se efetiva de forma interdisciplinar, ou se manifesta enquanto currículo oculto. A questão nos projeta a algumas reflexões, será que este ensino se encontra esvaziado de significados? Quais os sentidos de seu existir nas duas etapas iniciais da Educação Básica?
Lipman, Oscanyan e Sharp (2001) afirmam que as crianças possuem uma tendência natural à filosofia:
[...] se a principal contribuição da criança ao processo educacional é seu caráter questionador, e se a filosofia é caracteristicamente uma disciplina que levanta questões, então a filosofia e as crianças parecem ser aliadas naturais. (LIPMAN; OSCANYAN; SHARP, 2001, p.50).
Então, e se a filosofia é um processo natural na criança, por quais razões este ensino não se materializa nos projetos pedagógicos de curso? Silva (1999) adverte que “a coisa toda consiste, claro, em desocultar o currículo oculto” (p.80). Seria essa uma saída para o ensino de Filosofia na infância? Quais passos necessitariam ser dados em direção a esse desocultamento? Outra questão, será que “se conseguirmos desocultá-lo, ele se tornará menos eficaz”? (SILVA, 1999, p.80). E finalmente, completamos com a máxima de Silva (1999, p.80): “Supostamente, é essa consciência que vai permitir alguma possibilidade de mudança. Tornar-se consciente do currículo oculto significa, de alguma forma, desarmá-lo”. Dito de outra forma, a condição de ocultamento não garantiria de alguma maneira o incremento deste ensino? Será que trazê-lo ao cenário, como possibilidade formal na escola não poderia aprofundar o estado de eclipse que se encontra, ou gerar um processo de negação, já que se identifica um esvaziamento deste componente no currículo escolar? RETIRADO POR QUESTÕES DE SIGILO DE COAUTORIA (2017) já evidenciaram em suas pesquisas, que a ética, campo de estudos inerente à esfera filosófica, também se encontra nesta mesma situação:
[...] ora a ética se apresenta de forma explícita, quer seja na condição interdisciplinar, transversal ou no cerne das disciplinas da área de Fundamentos da Educação; ora ocultamente, implicitamente, assente no discurso de que a ética profissional se processa por meio do exemplo, ou seja, por osmose, como se os valores do professor se transmutassem para o graduando. Ora quiçá, facultada ao laissez-faire. (RETIRADO POR QUESTÕES DE SIGILO DE COAUTORIA).
No contexto em que se situam as discussões sobre Filosofia para crianças, a ideia de laissez-faire nos parece preocupante, já que institui a circunstância da ocasionalidade ou do deixar acontecer. O fato é que, rebuscando experiências educativas que retratem o ensino de Filosofia para crianças no Brasil, poucos modelos encontramos, sendo sem dúvidas, considerado como marco referencial, o Programa americano cujo método foi delineado por Matthew Lipman, que nos idos de 1976 já se difundira no Chile, México, Argentina, Áustria, Canadá, Taiwan, Islândia, Alemanha, Colômbia, Austrália, Havaí, Espanha, Portugal, entre outros.
No Brasil, a professora Catherine Young Silva, foi a pioneira e principal difusora. Fundou em 1985, o Centro de Filosofia para Crianças (CBFC), que era uma instituição sem fins lucrativos, com sede localizada em São Paulo. O programa teve excelente aceitação e se difundiu largamente. Por volta de 2000, o Brasil era um importante polo de propagação do programa. (LIPMAN, 1997).
O método de Filosofia para Crianças de Lipman apresenta um currículo que envolve professores e alunos, explorando temas das novelas filosóficas, que são contextualizados nos acontecimentos sociais e cotidianos das crianças e que está imbricado no processo de formação da pessoa desde a tenra idade.
Quanto ao conceito de novelas filosóficas, Lipman, Oscanyan e Sharp (2001, p.228) inferenciam que:
As novelas também fornecem modelos de investigação, de cooperação e de sensibilidade e cuidado. Isso ajuda os estudantes a perceberem a viabilidade de uma comunidade ideal de crianças em que os participantes estão envolvidos intelectual e emocionalmente de uma forma ativa e vívida. (p.228).
Assim, as novelas filosóficas, tais como Ari e Luísa, por exemplo, “são na verdade modelos de comunidades de crianças”. (LIPMAN; OSCANYAN; SHARP, 2001, p.228).
O método congrega um esforço educacional em que a reflexão filosófica constitui-se num laboratório curricular e em que são postas à prova concepções de leitura investigativa, numa perspectiva de que a própria criança seja consciente de seu processo de transformação. Logo, o ato reflexivo passará para a experiência do mundo concreto. Ou seja, as crianças são incentivadas a pensar e sentir por si mesmas, e a desenvolver a cognição ao ponto de se tornarem autônomas, autodidatas na relação aprender-saber.
Com base nesse currículo, Lipman esperava promover o ensino interdisciplinar. Atualmente é possível observar a fragmentação dos conteúdos disciplinares nos livros didáticos, sendo a filosofia um instrumento de conexão com os diferentes ramos do saber. A partir do formato interdisciplinar, seria mais fácil fazer uma ponte entre as disciplinas ofertadas entre si e com as crianças, e destas com os professores.
Partindo-se da condição questionadora da criança e das indagações naturais que a filosofia oferece, o universo escolar se torna o campo experimental ideal, já que o instrumento reflexivo traria para sala de aula assuntos relacionados à vida, à realidade pessoal e social.
O método parte ainda da premissa da inclusão de temas propostos por grandes filósofos sem que a criança desconfie de sua autoria, para que formule conceitos sobre determinado assunto, sem que se inibam diante de nomes renomados. Posteriormente é que saberão quem são. “Para que as crianças aprendam a manejar as ideias e não só os rótulos, não se menciona os nomes dos filósofos no programa de filosofia para crianças” (LIPMAN; OSCANYAN; SHARP, 2001, p. 119).
Desta forma, evidenciamos que o verdadeiro compromisso da proposta de Lipman é incentivar as crianças a desenvolverem a reflexão, logo:
[...] o ingrediente mais importante do programa de filosofia para crianças é um corpo de professores capaz de modelar uma interminável busca de sentido – para obter respostas mais compreensivas a respeito de assuntos importantes da vida. (LIPMAN; OSCANYAN; SHARP, 2001, p. 121).
Também é de grande importância o papel do professor na realização do método, pois o docente além conhecimentos no campo da filosofia, necessitará ter o cuidado para não incutir nas mentes vulneráveis dos alunos os próprios valores, as próprias crenças. Tarefa nada fácil.
No Brasil, encontramos ainda o Núcleo de Estudos de Filosofias e Infâncias (NEFI), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), criado no ano de 2004 e coordenado pelo professor Phd Walter Omar Kohan, que possui vasta produção literária na área de estudos, experiências em pesquisas e ainda, em atividades extensionistas. Kohan foi orientado pelo professor Matthew Lipman (BERLE, 2018) e completou seu doutorado no ano de 1996, com a tese Pensando la filosofia en la educación de los niños, na Universidade Ibero Americana, no México. Compreendemos que os conhecimentos adquiridos neste trabalho, serviram de estímulos para criar este espaço, em que se pode desenvolver o pensamento de maneira ordenada e livre, e de forma prática.
Compreendemos que ensinar filosofia para crianças é mais que um desafio, significa entender que se faz imprescindível reconsiderar os próprios valores, e cambiar as visões de ser humano e de sociedade. Também implica em perceber que as crianças necessitam desenvolver além da autonomia, o livre pensar, e que para isso faz-se urgente que sejam libertas das amarras do ensino convencional que as impedem de ser pensadores sensíveis e em condições de estabelecer o diálogo filosófico participativo e com base no respeito as ideias do outro.
Contexto praxiológico do ensino de filosofia para crianças: possibilidades mediante o olhar docente
Na intenção de investigar o acontecer do ensino de Filosofia para crianças, optamos em realizar um estudo de campo numa escola pertencente à rede municipal de ensino, localizada na cidade de Pau dos Ferros, município do Estado do Rio Grande do Norte. A escola foi inaugurada no dia 28 de agosto de 2016, e encontra-se em seu terceiro ano de funcionamento. Possui um projeto que muito nos interessou, denominado Fábrica de Saberes¹, que é desenvolvido anualmente na escola, em que dentro se constrói a filosofia africana de nome Ubuntu - razão pela qual a escola foi selecionada para este trabalho:
[...] ubuntu e felicidade são conceitos que andam juntos: “Na África, a felicidade é concebida como aquilo que faz bem a toda coletividade ou ao outro”. E quem é o meu “outro”? “São meus orixás, ancestrais, minha família, minha aldeia, os elementos não humanos e não divinos, como a nossa roça, nossos rios, nossas florestas, nossas rochas”. (CORNELL,2010 p.19).
O Ubuntu, em síntese, reúne a máxima: Sou quem sou, porque somos todos juntos, que denota a relevância da vida em congregação.
A escola até o primeiro semestre letivo de 2019 contava com nove funcionários, sendo quatro professoras, uma diretora, uma merendeira, um auxiliar de serviços gerais e dois vigias. Eram 42 alunos distribuídos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental.
A entrevista semiestruturada foi o instrumento de coleta de dados, sendo utilizada em dois formatos: individual e grupal. Tomamos como participantes naturais da pesquisa as quatro professoras e a diretora da escola lócus. Ou seja, o corpo docente/gestor da escola. A diretora foi designada por P1 e as professoras em P2, P3, P4 e P5.
A categoria epistemológica tomada como análise neste trabalho foi o ensino, precisamente relacionado à Filosofia para crianças. O método de análise foi o de conteúdo, precisamente a partir de rotas assinaladas por Bardin (2011). As subcategorias ora apresentadas foram levantadas a priori. Entretanto, outras subcategorias surgiram no curso da leitura flutuante das transcrições. O trabalho perpassou pelas seguintes fases: a) entrevista (gravada e transcrita); b) transcrição organizada por linhas; c) organização dos conteúdos por categorias e subcategorias; d) levantamento do número de aparições, ou seja, do número de vezes em que cada ideia ou conteúdo surgia ou se repetia nos registros realizados.
As análises iniciaram a partir da tentativa de compreender quais os sentidos e significados do ensino de Filosofia na visão das professoras.
Iniciamos nossas reflexões a partir de P1, diretora da escola. O quadro I encontra-se em acordo com a grelha de análises desta participante.
Quadro 01 – O ensino de Filosofia na visão de P1
CATEGORIA:
ENSINO DE FILOSOFIA SUBCATEGORIAS APARIÇÕES
1. Ensinar a SER 2
2. Ensino de virtudes, valores 5
3. Ensinar a pensar 1
4. Ensinar a refletir 1
5. Ensinar a conviver 4
6. Ensino dos saberes
(Ex: científicos,
do povo, acadêmicos, etc.)
7
7. Ensinar a ser crítico 1
8. Espiritualidade 3
9. Ensinar a si para ensinar 7
10. Transformação 4
11. Sociedade se nega
a filosofar 2
Fonte: Banco de dados da pesquisa, grelha de análise P1 (2020).
De acordo com a visão da professora/diretora P1, há um contexto de sentidos e significados que envolvem o fenômeno do ensino de Filosofia para crianças. Como podemos constatar, ensinar Filosofia implica em: ensinar a ser, ensinar as virtudes, os valores, o pensar, o refletir, o conviver, ensinar os saberes, a ser crítico, a espiritualidade, ensinar a si para se poder ensinar, é transformação, e ainda, o reconhecimento de que existe a negação social do ato de filosofar.
Nota-se que a ideia de saber de P1, vai ao encontro daquilo que constatamos ser ensinado na escola. É neste sentido que se justifica a existência do Projeto Fábrica de Saberes, que tem como foco despertar o saber a partir da troca de experiências dos saberes do povo.
Ainda sob o prisma do saber apresentado por P1, os dados apontam para a relevância dos conhecimentos culturais na escola, já que essa se abre para que pessoas da comunidade venham discutir com as crianças seus saberes, quer seja sobre os diferentes lugares, culturas, ou até mesmo questões que despertem pequenas curiosidades, de modo que, o saber se vincula aquilo que se tem a aprender, que traga algum aprendizado para as crianças. Neste sentido, há um princípio inclusivo dos saberes nesta escola.
Outro ponto forte, é o de que a Filosofia para crianças se relaciona ao ensino de virtudes e valores.
Quadro 02- Enunciação de P1 sobre valores e virtudes
ENUNCIAÇÃO LINHAS
P1: O pequeno tratado das grandes virtudes, é onde a gente vem trabalhar exatamente esse ciclo de ensinar filosofia, levar o aluno a pensar na importância de ser empático, colocar-se no lugar do outro na questão da tolerância, na questão da convivência, das relações mesmo, do respeito [...]
198,199,200,201
Fonte: Banco de dados da pesquisa, Protocolo P1 (2020).
É na práxis cotidiana que a escola busca desenvolver com afinco essa formação. Como isso acontece? A comunidade escolar prefere inserir o conceito de virtude nas ações diárias da escola, tais como incentivar a criança a falar a verdade, ser cooperativa, etc. O ensino de práticas do bem-conviver, tais como o uso do Bom dia, do pedir licença e por favor e não furar a fila na hora do lanche, foram dinâmicas observadas nas visitas e contatos realizados no decurso da pesquisa de campo, e parte do dia-a-dia escolar.
A escola assume que o ensino de Filosofia perpassa pelos conhecimentos acerca da polidez na conduta, ratificando que “[...] de nada serviria uma ciência que tornasse imortal a quem não soubesse utilizar a imortalidade”. (ABBAGNANO, 2007, p. 514). Ou seja, o ensino de Filosofia precisará fazer sentido a partir de sua aplicabilidade.
Logo, há um entendimento entre o corpo docente/gestor de que a criança adquira essa polidez para se tornar um adulto com princípios éticos.
Identificamos nas visitas realizadas que, a educação de valores desde a mais tenra infância, permite criar a reflexão sobre os pequenos atos praticados diariamente, formando uma geração de alunos mais propensos a refletir sobre suas ações, não só na escola, mas na convivência social como um todo.
Outro registro pertinente, diz respeito à forma como P1 compreende a relação entre Filosofia e Educação.
Quadro 03 - Enunciação de P1 sobre o enlace entre Filosofia e Educação
ENUNCIAÇÃO LINHAS
P1: A relação entre a Filosofia e a Educação, eu digo que são casados, não tem como dissociar. 119,120
Fonte: Banco de dados da pesquisa, Protocolo P1 (2020).
Apesar do enunciado ser sucinto, existem alguns conteúdos neles que nos chamam atenção: as expressões casados e dissociar. Realmente os termos nos soam forte. Ou seja, para P1 o ensino de Filosofia é parte intrínseca da educação. Não podendo haver uma separação sem que se perca a essência do ato educacional, pois quando a professora relata que existe um casamento entre ambas, observamos a ideia de algo que não se dissolve.
Percebemos ainda a intenção de validar a Filosofia enquanto parte do currículo, e um avançar da escola na compreensão de que a Filosofia:
[..] fornece à educação uma reflexão sobre a sociedade na qual está situada, sobre o educando, o educador e onde esses elementos podem caminhar. [...] o educando quem é; o que deve ser; qual o seu papel no mundo; a sociedade o que é; o que pretende; qual deve ser a finalidade da ação pedagógica. (LUCKESI, 1990, p. 32).
O enunciado de P1 denota a visão de que o entrelaçamento está imbricado no processo de aprender a pensar junto ao ato educativo, e no ato de educar, que reflete o pensamento educacional. E no âmago deste fluxo aprender-pensar-ato educativo-educar-pensamento educacional, a Filosofia não poderá mais se ocultar na escola.
Veremos a seguir, as visões das professoras P2, P3 e P4, tomando-se o quadro 04 como referência.
Quadro 04 – O ensino de Filosofia na visão das professoras P2, P3 e P4
CATEGORIA:
ENSINO DE FILOSOFIA SUBCATEGORIAS APARIÇÕES
2. Ensino de virtudes, valores 1
3. Ensinar a pensar 1
4. Ensinar a refletir 1
12. Ensino atitudinal 1
13. Alheio ao currículo 3
14. Planejar (necessita) 2
15. Competência (s) da BNCC 1
16. Ensino emocional e relacional 1
17. Presente na rede privada 1
18. É novo o ensino 3
* Esta foi uma entrevista focal. Registram-se novas subcategorias e outras novas, diferentes de P1, justificando-se a numeração “pulada” nesta coluna.
Fonte: Banco de dados da pesquisa grelha de análise P2, P3 e P4 (2020).
Na entrevista focal realizada com este grupo de professoras, registra-se a manutenção de três subcategorias elencadas por P1, a saber: o ensino de virtudes e valores, o ensinar a pensar e a refletir (numeradas de 2 a 4). Entretanto, as três professoras acrescentaram sobre o ensino de Filosofia para crianças outras subcategorias (numeradas de 12 a 18), de que este ensino é vinculado as atitudes, querendo com isto se referir à conduta. Ou seja, a Filosofia estaria fortemente marcada pela ética, também presente nas concepções de P1. Sob este ponto, Lipman (1990) apresenta o seguinte argumento:
[...] a filosofia da infância seria mais realçada por novos trabalhos na teoria da ética. Tais trabalhos deveriam levar em consideração a capacidade das crianças de se engajarem no diálogo racional, de apresentarem razões para sua conduta, e não tratariam as crianças de modo protetor ou condescendente por assumir que seu comportamento é necessariamente mais egoísta e menos idealístico do que o comportamento dos adultos. (p.220).
Do exposto, pode-se inferir que, o terreno da ética é um dos mais férteis para a realização do trabalho filosófico com as crianças. Gerando, inclusive, um novo olhar dos educadores acerca das crianças e dos comportamentos que precisam assumir diante dos próprios acertos e erros. A infância é o tempo preciso para que o autoconhecimento seja balizado na educação.
Mas elas fazem algumas advertências, de que é um ensino que acontece de modo alheio, à margem do currículo, ocultado e ainda, mais presente na rede privada de ensino, o que nos provoca certa surpresa, seria este ensino. Também se concebo que este ensino necessita de planejamento; de que se configura como de natureza emocional e relacional e finalmente, estaria previsto enquanto competências na Base Nacional Curricular Comum (BNCC), conforme enunciado que segue:
Quadro 05 - Enunciação de P2 no grupo focal sobre o ensino de Filosofia para crianças e as competências
ENUNCIAÇÃO LINHAS
P2: ..as competências da BNCC já englobam essas questões... do pensar, da formação, ele (o aluno) já tem consciência. Hoje a forma como a escola é orientada faz com que ele (referindo-se ao aluno) tenha consciência do papel dele e o porque ele é está aqui. Por que que eu sou assim? Por que eu estou pensando dessa forma? 101, 102, 103, 104
Fonte: Banco de dados da pesquisa, Protocolo grupo focal, Protocolo P2 (2020).
O enunciado revela que componentes identitárias do ensino de Filosofia, o pensar, a formação, a consciência estariam contemplados na BNCC, mas ratificam sua condição oculta. Também é relatado que o ensino de Filosofia é algo novo, mas alheio ao currículo escolar. No entanto, e apesar do reconhecimento do estado de alheísmo, entendem que é um ensino necessário à educação da criança e por esse motivo é que reafirmam o trabalho frente aos conceitos filosóficos dentro dos projetos desenvolvidos na escola. Registram que, apesar deste ensino estar interligado a outras áreas, e presente de certa forma na pauta da BNCC, não existe uma segurança acerca do lugar para esses conteúdos, já que não são parte da matriz curricular. De certa forma, as afirmativas revelam a denúncia já retratada por Japiassu (2012) acerca das tentativas de esvaziamento das ciências humanas e sociais.
O foco nos conteúdos voltados para o estudo de valores tem sido a rota adotada para garantir o acontecer do ensino de Filosofia na escola, conforme relatam as professoras. E informam que, apesar de certas temáticas serem trabalhadas todos os dias com os alunos, é preciso utilizar a recordação como método de trabalho.
O ensino de Filosofia se incrementa através da reflexão.
Quadro 06 - Enunciação de P2, P3 e P4 no grupo focal sobre o ensino de Filosofia como atitude reflexiva
ENUNCIAÇÃO LINHAS
P2: É um Projeto. Fábrica de Saberes, que justamente é voltado para a filosofia no geral... 132
P3: É, tem um tema que a gente vai planejar, a gente aborda, é,...é, a filosofia através da reflexão. 55
P3: Porque sempre é uma história que traz reflexão. 172
P3: Na verdade a gente já começa questionando o aluno, né? Fazendo ele pensar sobre aquele tema. 185
Fonte: Banco de dados da pesquisa, Protocolo grupo focal, P2 e P3 (2020).
Inicialmente constatamos que o formato do ensino de Filosofia frequente é o de Projetos de Trabalho. E é pertinente afirmar que o ensino de Filosofia na visão das Professoras P2 e P3 é considerado como um tema transversal, ou seja, a transversalidade é adotada como método pedagógico. Já a atitude reflexiva é tida no relato como sinonímia de questionar. Logo, se questionar é refletir: que espaço ocupa o ato de responder? Aliás, as perguntas das crianças devem ser respondidas?
O ensino de Filosofia se afasta da ideia de dar tudo pronto. Sobre este aspecto, nos adverte Lipman que é preciso ter o cuidado para não recusar reconhecer a racionalidade da criança: “ [...] pois se recusarmos reconhecer a racionalidade da criança, não podemos nos encaixar satisfatoriamente no diálogo filosófico com elas, porque não podemos aceitar suas expressões como razões”. (LIPMAN, 1990, p. 223).
Notamos ainda que a reflexão é apontada no contexto da contação de histórias. A escola faz uma seleção das mesmas, entendem que nem sempre as histórias possuem um cunho investigativo/filosófico. As fábulas são um exemplo neste sentido, que já possuem a intencionalidade na revelação de aprendizagens morais. Por outro lado, concordarmos que histórias com morais predefinidas retiram o poder das crianças de pensarem por si, e extraírem as próprias conclusões, as suas próprias lições morais.
Desta forma, o ato filosófico está associado ao filosofar espontâneo, parte da natureza humana e que deve ser incentivado. E não será tarefa do professor se preocupar em estabelecer crivos sobre os questionamentos postos. Mas entendemos que apesar da busca pelo conhecimento ser a máxima filosófica, esse ponto não deve ser também tomado de forma inflexível, já que, existem questões que merecem em tempo ser pontuadas.
Culminamos este bloco com a professora P5. No dia do grupo focal, por razões de ordem pessoal, a professora não pode estar presente. Mas ela fez questão de contribuir, e replicamos a entrevista focal individualmente.
Quadro 07 – O ensino de Filosofia na visão da professora P5
CATEGORIA:
ENSINO DE FILOSOFIA SUBCATEGORIAS APARIÇÕES
2. Ensino de virtudes, valores 3
5. Ensinar a conviver 1
6. Ensino dos saberes (Ex: científicos,
do povo, acadêmicos, etc.) 1
8. Espiritualidade (religião) 4
19. Assimilada com projetos sociais 6
Fonte: Banco de dados da pesquisa, Protocolo P5 (2020).
A professora atesta viver com intensidade os projetos da escola, cujos objetivos vão ao encontro da Filosofia para crianças. O mais interessante em suas falas, foi a proximidade com as compreensões de P1 nos quesitos ensino de virtudes e valores e da filosofia vinculada à religião/espiritualidade.
Quadro 08 – Enunciações de P5 sobre o ensino de Filosofia para crianças/Espiritualidade
ENUNCIAÇÃO LINHAS
P5: No ensino de religião muitos dos conteúdos (referindo-se à Filosofia) que acabam sendo trabalhados nessa disciplina. 35,36
Pesquisadora: Aqui na escola vocês trabalham com o conteúdo programático de religião? 37
P5: Tem. Temos o ensino da religião que são conteúdos justamente, valores, que nós procuramos trabalhar no ensino da religião. Não é falando da religião, são dentro dos projetos. 38,39,40
Fonte: Banco de dados da pesquisa, Protocolo P4 (2020).
A ausência de um componente curricular de Filosofia para crianças faz com que temáticas inerentes a este campo sejam deslocadas para o terreno da religião, é o que nos revela P5. É o caso do ensino dos valores, pertinentes às discussões da esfera da ética. O trabalho com projetos, amplia este raio de ação. O que consideramos uma saída viável para que temáticas advindas do campo da Filosofia não se percam. Por outro lado, a revelação confirma o esvaziamento em que este componente curricular se encontra.
Há também algo que nos chamou atenção, foi que, diferentemente de P1 a P4, uma nova subcategoria surge no entendimento de P5, a do Ensino de Filosofia para crianças associado à realização de projetos sociais.
A filosofia em sua natureza aplicada não exime o ato educativo de ações sociais. Desde que elas tenham por motivação um problema filosófico, em que o sentido dessas ações seja pensado em direção, por exemplo, à busca pelo saber, pela verdade. A título de comparação, poderíamos propor realizar com as crianças uma coleta de alimentos para ajudar certo grupo tido como necessitado. Mas seria preciso um trabalho filosófico de base, questionando-se o que é o bem? Quais as formas de fazer o bem? Será que somente a doação de alimentos é o modo de exercitar o bem comunitário? O importante, filosoficamente, é deixar que as crianças se coloquem como proativas nesse processo e não, alienadas ao mesmo, o que nos parece ser a proposição da escola a qual investigamos.
A seguir passamos à reflexão sobre o ensino de Filosofia para crianças, tomando por base os olhares triangulados das professoras. A triangulação é em Bardin (2011), uma técnica comparativa que agrega a panorâmica de todos os olhares dos participantes, utilizada para compreendermos melhor os sentidos e os significados de um fenômeno como um todo. Foi a partir dessa intenção que, juntamos todas as subcategorias produzidas e a partir das vozes das professoras, chegamos ao gráfico 01:
Gráfico 01- Visão geral sobre o ensino de Filosofia para crianças – todos as participantes
Fonte: Banco de dados da pesquisa (2020).
Conforme o exposto, existem algumas subcategorias que definem o olhar das professoras sobre o que significa realmente ensinar Filosofia para crianças. Em destaque temos o ensino de virtudes e valores, o ensino do convívio, a espiritualidade (ainda aqui linkada ao ensino de valores) e uma terceira dimensão, a do ensinar a si para poder ensinar. Sobre este aspecto, trazemos em destaque o enunciado de P1:
Quadro 09 – Enunciações de P1 sobre ensinar a si mesmo
ENUNCIAÇÃO LINHAS
P1: Mas que antes de implementar filosofia para crianças, implementar filosofia para o professor que vai trabalhar com essas crianças.. 388,389,390
Fonte: Banco de dados da pesquisa, Protocolo P1 (2020).
A entrevistada P1 considera esse ponto fundamental. Ou seja, não se pode realizar empreendimentos em direção a um campo do saber sem que o educador, em primeiro término, tenha este conhecimento em si. Em outros termos, não se pode dar aquilo que não se tem.
Naturalmente que, todo o corpo de falas produzido retrata o que significa o ensino de Filosofia. Entretanto, existem outros pontos que precisariam ser trazidos à tona, assim como: a) O ensino de Filosofia teria de acontecer em qual formato? Disciplinar, interdisciplinar, transversal?; b) Quais temas teriam de ser abordados na infância? c) Qual formação do professor que ensinaria Filosofia para crianças?; d) Quais métodos adotar? O não método seria um método?
Lipman (1990) compreende que “o ensino de filosofia requer professores que estejam dispostos a examinar ideias, a comprometer-se com a investigação dialógica e a respeitar as crianças que estão sendo ensinadas” (p.173). Sobre qual seria essa formação e no que tange ao método formativo, inferencia que:
Na verdade, é possível que os únicos professores que possuem plenamente tais disposições sejam aqueles que de algum modo já as possuíam ao ingressar nas escolas de educação. E, de fato, aqueles que trabalham com a formação de professores de filosofia para crianças percebem que há pouca dificuldade em trabalhar o que já estão a “meio caminho”. (p.173).
A questão da formação profissional propriamente dita é algo que necessitaria ser repensado. Afinal, a formação de hoje no Brasil agrega que licenciados em Filosofia estariam qualificados à docência a partir das séries finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Já o profissional da Pedagogia tem uma formação plural, e está habilitado a desenvolver à docência na Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental. Mas estaria apto a desenvolver este trabalho? Via de regra, os componentes curriculares do curso de Pedagogia se desenvolvem na esfera dos Fundamentos da Educação. Que tipo de formação teria de ser acrescentada ou revisitada? É preciso refletir sobre esses pontos.
No todo, as professoras nos dão muitas rotas, sendo inúmeras as possibilidades, desde o trabalho com projetos, à perspectiva colaborativa, a inclusão de temas filosóficos no planejamento e a reflexão como método filosófico. E apesar de todos os obstáculos a serem enfrentados, as professoras ensinam que acima de tudo, é preciso saber para poder dar e vontade para fazer acontecer.
Considerações finais
Sentidos, significados e possibilidades do ensino de Filosofia para crianças.
Entende-se que o cerne da Filosofia é o trato da vida humana sob diversas facetas, e seu objetivo principal é o de mobilizar o ser humano a que transponha os estados de ignorância. E o sentido primordial do ensino de filosofia é exatamente esse: fazer com que o ser humano possa experienciar o conhecimento e passar da condição do não saber ao saber.
Ensinar Filosofia para crianças significa trazer ao palco da escola à reflexão como método de trabalho e prática cotidiana. Refletir, como arte para a vida boa, para o viver bem. Podemos afirmar que a escola de hoje ainda está longe de ter um ensino de Filosofia para crianças que sinalize esse trajeto.
A filosofia só tem sentido e significado quando se apresenta como o mecanismo de transformação que a educação encampa para criar espaços de saber e agregar estratégias para que o ser humano possa transpor os diferentes obstáculos e adversidades encontrados na vida. Mas é preciso caminhar, encontrar novos sentidos e significados, revisitar o passado e as práticas presentes, para superar os estados de ocultamento, esvaziamento, oscilação e negação quanto a este ensino na escola formal.
Em nosso trabalho, e com a colaboração de professoras que vivenciam o desafio de aproximar as questões filosóficas para a realidade de crianças do Ensino Fundamental, denotamos que são inúmeras as possibilidades da implementação da Filosofia para crianças. Mas que este é ainda um campo a ser germinado. Inclusive, a palavra filosofia necessita ser inclusa no glossário da escola. Mais do que encontrar uma rota, a filosofia precisa ser compreendida em seu sentido ontológico, sua natureza, identidade, para que planos de trabalho sejam desenvolvidos. Não há educação sem filosofia, esse é o maior sentido, o maior significado. Pois o ato filosófico fundamental, o da reflexão, é a base de qualquer pretensão educativa e “se não podemos fazer filosofia com as crianças, privamos sua educação do verdadeiro componente que pode fazer tal educação mais significativa” (LIPMAN, 1990, p. 223).
Outrossim, mais do que encontrar uma rota, é indispensável primeiro, demarcar um ou o lugar para a filosofia na escola. E logo, encontrar os atalhos, as possibilidades, que mais que ser descobertas, é essencial que sejam percorridas.
Referências
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BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
BERLE, Simone. Infância como caminho de pesquisa: o Núcleo de Estudos de Filosofias e Infâncias (NEFI/PROPED/UERJ) e a educação filosófica de professoras e professores. Rio de Janeiro: NEFI, 2018. Coleção teses e dissertações.
CORNELL, Drucilla. As relações entre o “eu” e o “outro”: o Ubuntu como prática ética da singularidade. Revista do Instituto Humanitas Unisinos, ano X, ed. 353, p.18-21. Disponível em: http://www.ihuonline.unisinos.br/media/pdf/IHUOnlineEdicao353.pdf Acesso em: 25 mar. 2020.
JAPIASSU, Hilton. A crise das ciências humanas. São Paulo: Cortez, 2012.
LIPMAN, Matthew. A Filosofia vai à Escola. 3.ed. São Paulo: Summus Editorial, 1990.
LIPMAN, Matthew. Pimpa. Manual do professor “Em busca do significado”. São Paulo: Difusão de Educação e Cultura, 1997. Coleção Filosofia para Crianças.
LIPMAN, Matthew; SHARP, Ann Margareth; OSCANYAN, Frederick. A filosofia na sala de aula. Tradução de Ana Luiza Fernandes Marcondes. São Paulo: Nova Alexandria, 2001.
LUCKESI, Cipriano. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1990.
RETIRADA POR QUESTÕES DE SIGILO DE COAUTORIA.
SILVA, Tomás Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.