Reflexões sobre o pesquisar-com crianças cegas e crianças surdas

um diálogo em construção

Autores

Palavras-chave:

Pesquisar-com, Mapas vivenciais, Crianças surdas, Crianças cegas

Resumo

Este artigo apresenta experiências de pesquisa com crianças cegas e surdas, destacando suas percepções sobre o mundo e como essas vivências podem construir cultura. Em oposição à visão social que enfatiza diagnósticos e deficiências, as ideias vigotskianas indicam que o que prejudica as crianças surdas ou cegas são os obstáculos sociais, como a falta de acessibilidade e a crença na incapacidade de participar da cultura. A pesquisa adotou a abordagem de “pesquisar-com” as crianças, com conceitos como cronotopo e equipotência de vozes (Bakhtin 2010 e 2016), vivência (Vigotski, 2018) e mapas vivenciais (Lopes,2021), ressaltando a importância da participação ativa das crianças. A pesquisa com crianças surdas mostrou como, por meio de brincadeiras livres, elas expressam suas percepções. Já a pesquisa com crianças cegas demonstrou como elas criam histórias e culturas nos espaços que ocupam, sendo protagonistas de suas vivências e contribuindo para a construção da cultura.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luciana Arruda, Instituto Benjamin Constant

Doutora em Educação pela UFF, Professora do Ensino Básico Técnico e Tecnológico do Instituto Benjamin Constant (IBC). Membro do grupo de pesquisas e Estudos em Geografia da Infância (GRUPEGI) vinculado a UFF. Áreas de atuação: educação de cegos, acessibilidade e audiodescrição, geografia da infância.

Maria Carmen Torres, Instituto Nacional de Educação de Surdos

Doutora em psicologia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professora do curso de Pedagogia do Departamento de Educação Superior do Instituto Nacional de Educação de Surdos (DESU/INES). É líder do grupo de pesquisa Criança surda: cultura e linguagem e faz parte do Grupo de Pesquisa Geografia da Infância (GRUPEGI). Áreas de atuação: educação de surdos, psicologia e educação, Educação Infantil, geografia da Infância.

Referências

ARRUDA, Luciana Maria Santos de. O ensino de Geografia para alunos com deficiência visual: novas metodologias para abordar o conceito de paisagem. 2014. 149 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2014.

ARRUDA, Luciana Maria Santos de. “Eu quero que o vento leve a gente lá... pra outro país”: (E) ventos e encontros com crianças no Instituto Benjamin Constant. 2020. 264 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020.

BAKHTIN, Mikhail. Para uma filosofia do ato responsável. Organizado por Augusto Ponzio e Grupo de Estudos dos Gêneros do Discurso – CEGE/UFSCAR. Traduzido por Valdemir Miotello e Carlos Alberto Faraco. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010.

BAKHTIN, Mikhail. Sobre Maiakóvski. In: BRAIT, Beth (org.). Bakhtin, dialogismo e polifonia. São Paulo: Contexto, 2016.

BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari Knopp. Investigação qualitativa em educação: uma introdução a teorias e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1994. p. 147-202.

BROUGÈRE, Gilles. A criança e a cultura lúdica. In: KISHIMOTO, T. M. (Org.). O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1998. p. 19-32.

CASTRO, Lúcia Rabello de Conhecer, transformar-se e aprender: pesquisando com crianças e jovens. In: CASTRO, L. R. de; BESSET, V. L. (Org.). Pesquisa-intervenção na infância e juventude. Rio de Janeiro: Nau Editora e FAPERJ, 2008.

FRIEDMANN, Adriana. A vez e a voz das crianças: escutas antropológicas e poéticas das infâncias. São Paulo: Panda Educação, 2020.

LOPES, Jader Janer Moreira. Terreno baldio: um livro sobre balbuciar e criançar os espaços para desacostumar Geografias – por uma Teoria sobre a Espacialização da Vida. São Carlos: Pedro & João Editores, 2021.

LOPES, Jader Janer Moreira; VASCONCELLOS, Tânia de. Geografia da infância: reflexões sobre uma área de pesquisa e estudos. Juiz de Fora: FEME/UFJF, 2005.

LOPES, Jader Janer Moreira; COSTA, B. M. F. Mapas vivenciais e espacialização da vida. Revista Porto das Letras, v. 9, n. 1, 2023.

LOPES, Jader Janer Moreira; VASCONCELOS, Tânia de. Geografia da Infância: Territorialidades Infantis. Revista Currículo sem Fronteiras, v. 6, n. 1, p. 103-127, jan./jun. 2006.

LOPES, Jader Janer Moreira; SILVA, Léa Stahlschmidt P. Diálogos de pesquisa sobre crianças e infâncias. Niterói – RJ: Editora da UFF, 2010.

LOPES, Jader Janer Moreira. Geografia e Educação Infantil: espaços e tempos desacostumados. Porto Alegre: Mediação, 2018.

PEREIRA, Maria Cristina da Cunha. Aquisição da língua(gem) por crianças surdas, filhas de pais ouvintes (in) Fernandes, E. (org) Surdez e bilinguismo. Porto Alegre: Ed. Mediação, 2105.

PONZIO, Augusto. A concepção do ato como dar um passo. In: BAKHTIN, Mikhail. Para uma filosofia do ato responsável. São Carlos: Pedro & João Editores, 2012. p. 9-38.

TORRES, Maria Carmen Euler. A criança surda “falando” pela brincadeira: infância, corpo e ethos surdo.

Desidades, n. 26, 2019. [Citado em 15 fev. 2024]. p. 25-38. Disponível em:

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2318-92822020000100003&lng=pt&nrm=i so. Acesso em: 15 fev. 2024. ISSN 2318-9282.

VIGOTSKI, Lev Semionovich. A brincadeira e o seu papel no desenvolvimento psíquico da criança. Revista Virtual de Gestão de Iniciativas Sociais, v. 1, n. 1, p. 1-10, jun. 2008. ISSN: 1808-6535.

VIGOTSKI, Lev Semionovich Imaginação e criação na infância Tradução de Zoia Prestes com Prefácio de Ana Luiza Smolka. São Paulo: Editora Ática, 2009.

VIGOTSKI, Lev Semionovich Sete aulas de L. S. Vigotski sobre os fundamentos da pedologia. Rio de Janeiro: E-Papers, 2018.

VIGOTSKI, Lev Semionovich . Problemas da defectologia – volume I. Tradução e organização de Zoia Prestes e Elizabeth Tunes. São Paulo: Expressão Popular, 2024.

Downloads

Publicado

2025-09-03