Ignorância científica, racismo religioso e (anti) ética escolar
Um diagnóstico da hostilidade contra religiões de matriz africana no contexto do Ensino Religioso (ER)
DOI:
https://doi.org/10.34019/2236-6296.2023.v26.41088Resumo
Este artigo visa discutir as bases da tensão entre a prática docente no Ensino Religioso Escolar (ER) e as religiões de matriz africana, considerando duas camadas: científica e social. Na primeira parte, pretende explanar como a falta do reconhecimento de alguns pressupostos epistemológicos pode inviabilizar a compreensão do lugar das religiões de matriz africana no ER. Na segunda parte, debate a origem do preconceito em relação a essas expressões religiosas, tomando por base a tese sociológica de que a escravidão define o funcionamento segregacionista da sociedade brasileira até os dias atuais. Por meio de uma investigação bibliográfica, busca-se evidenciar que as causas de se discriminar as religiões de matriz africana — enquanto conteúdo escolar — podem ser identificadas no desconhecimento do ER enquanto processo técnico-científico; e no racismo culturalista como maneira de persistir a lógica do escravismo por outros meios.
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