Imaginários da mobilidade haitiana no Brasil: uma leitura do conto “Meu mar (Fé)”, de Itamar Vieira Junior
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-0836.2024.v28.46129Palavras-chave:
Mobilidade haitiana. Brasil. Itamar Vieira Junior. Literatura brasileiraResumo
Este artigo analisa a mobilidade haitiana no Brasil a partir do conto "Meu mar (fé)" (2020 [2017]), do escritor baiano Itamar Vieira Junior, no qual uma mulher haitiana em migração ilegal explica as dificuldades de mobilidade e o racismo praticado no Brasil. O artigo está organizado em três partes: a primeira destaca a atitude migratória que caracteriza os humanos, elenca os motivos da partida segundo o intelectual martinicano Patrick Chamoiseau e observa como a contemporaneidade pode associar os movimentos ao espaço dos fluxos (OLLIVIER), à pluralidade enriquecedora e à descoberta de individualidades polifônicas. A segunda parte revisa brevemente três textos caribenhos, de 1955 a 2005, nos quais, de forma pessimista, trata-se de um personagem haitiano em movimento. A esse panorama se soma a concepção dos escritores haitianos em torno de uma aparente dupla impossibilidade: a de permanecer no Haiti e a de ser plenamente acolhido em uma nova sociedade. Ao final, o artigo enfoca a relação Brasil-Haiti, o conceito de "amefricanidade" (GONZALEZ) e as leis sobre o acolhimento de haitianos no Brasil antes de propor uma leitura do conto de Vieira Junior. Ao se afastar das visões bastante negativas da mobilidade haitiana, o conto promove um debate sobre amizade, fala e sucesso.
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