De borboletas e sabor chinês, ou sobre Virginia Woolf e tradução

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.34019/1982-0836.2025.v29.48976

Palabras clave:

Virginia Woolf. Tradução. Linguagem. Double-bind tradutório

Resumen

O presente artigo busca procede uma análise do pensamento de Virginia Woolf acerca da tradução e de suas contribuições para debates sobre o tema. Para tanto, analisa a posição da autora em quatro de seus ensaios, “Sobre estar doente”, “O ponto de vista russo”, “Sobre não saber grego” e“ Craftmanship”. Partindo de sua correspondência com a escritora chinesa Ling Shuhua, em que Woolf recomenda preservar o “sabor chinês” de seus escritos em inglês, examina como a autora articula uma concepção de linguagem pautada pela primazia do sensível, do som e da estranheza. Ao tensionar a dicotomia entre significante e significado, o artigo aproxima suas reflexões das teorias de Walter Benjamin, Jacques Derrida e Jacques Lacan, destacando afinidades quanto à irredutibilidade da linguagem e à recusa de sua transparência. A partir desse percurso, propõe-se que a concepção woolfiana de tradução oscila entre a adoção da ideia de perda e o reconhecimento do valor do estranhamento e da irredutibilidade da língua. O artigo busca contribuir para reposicionar a obra ensaística de Woolf no debate contemporâneo sobre tradução, linguagem e alteridade.

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Publicado

2025-12-10