Reações silenciosas na narrativa de Lídia Jorge
um testemunho de resistência
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-0836.2025.v29.48972Keywords:
Totalitarismo. Medo. Silêncio. Lídia Jorge. Resistência.Abstract
RESUMO: Este artigo projeta um debate em torno dos emblemáticos anos de repressão em Portugal, em que um contexto político de ditadura se estende por cerca de 50 anos e deixa a sombra de um silêncio histórico. Propõe-se discutir um quadro de políticas totalitárias que incentivam, pela repressão e pelo medo, uma condição de desengajamento, isolamento humano e desmemória. Para tanto, dois contos de Lídia Jorge, “Marido” e “A Instrumentalina”, que penetram a intimidade dos lares portugueses no período de Salazar, fornecem ferramentas críticas em torno da experiência totalitarista portuguesa, em que medo, silêncio e solidão parecem imperar na vida das personagens do texto, destacando o universo feminino e suas interdições e angústias. Essas representações femininas da literatura de Jorge participam, hoje, da trajetória de um discurso de resistência e apresentam-se como testemunhas de um tempo atravessado pelo silêncio, pelo esquecimento e pela falta de memória. Nesse sentido, as criações de Jorge operam como potenciais instrumentos a favor de um discurso do engajamento e da responsabilidade social, cumprindo um papel de testemunhar, em seus próprios nomes, um pouco de memória de tempos inoportunos à revelação.
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