A “masculinização” de Clitemnestra no Agamêmnon, de Ésquilo
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-3446.2023.v11.40635Palavras-chave:
Oresteia, Clytemnestra, Aeschylus, Agamemnon, NarrativeResumo
Ao longo de toda a tragédia Agamêmnon, Ésquilo realiza o gradual processo de “masculinização” de Clitemnestra. A ela são atribuídas várias características então consideradas masculinas. Trata-se de uma construção narrativa para caracterizar Clitemnestra como o exemplo de “má esposa”, como a alma danada de Agamêmnon a amaldiçoa na Odisseia. A narrativa gradualmente agrava sua caracterização até culminar no sacrifício de Agamêmnon. A despeito disso, Clitemnestra parte de pressupostos típicos do gênero feminino. Apoiado na análise dos textos originais e na literatura especializada, defendo que a tentativa de Ésquilo de masculinizar Clitemnestra acarreta inconsistências na condenação da heroína, bem como levanta questionamentos sobre representações do feminino, relações de poder e a origem biológica da vida, que são o que está em jogo no julgamento de Orestes em Eumênides, quando Atena determina que Orestes é “filho do pai” numa solução Deus ex machina pouco satisfatória.
Downloads
Referências
ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Ana Maria Valente. Lisboa: Calouste Gulbekian, 2004.
CAIRNS, Douglas L. Aidos – the psychology of honor and shame in Ancient Greek literature. New York: Oxford University Press, 1993.
CHESI, Giulia Maria. The play of words – blood ties and power relations on Aeschylus’ Oresteia. Berlim: DeGrutyer, 2014.
D’ARMS, Edward. HULLEY, Karl K. The Oresteia-Story in the Odissey. Transactions and Proceedings of the American Philological Association, vol. 77, 1946, p. 207-213.
DUKE, T.T. Murder in the Bath: Reflections on the Death of Agamemnon. The Classical Journal, v. 49, n. 7, 1954, p. 325-330.
EDWARDS. J. Reading Telemachus Through Orestes: Using the Oresteia to Explain the Odissey. The Classical Outlook, v. 90, n. 1, p. 1-3, 2013.
ÉSQUILO. Oresteia. Tradução de Manuel de Oliveira Pulquério. Lisboa: Edições 70, 2008.
FOLEY, Helene P. Female acts in Greek tragedy. New Jersey: Princeton University Press, 2001.
HOMERO. Odisseia. Tradução: Frederico Lourenço. São Paulo: Penguin Classic Companhia das Letras, 2018.
IRIGARAY, Tiago. O Aidós de Clitemnestra: política e poder no Agamêmnon, de Ésquilo. Rónai – Revista de Estudos Clássicos e Tradutórios, Juiz de Fora, v. 6, n. 2, p. 4-14, 2018.
POMEROY, Sarah B. Goddesses, Whores, Wives and Salves: Women in Classical Antiquity. Nova York: Shocken Books, 1995.
SWIFT, Laura. Greek Tragedy – themes and contexts. New York, Bloomsbury, 2016.
TORRANO, Jaa. Agamêmnon. São Paulo: Iluminuras, 2013.
WOOLF, Virginia. Mr. Bennett and Mrs. Brown. Londres: Hogarth Press, 1924.
ZEITLIN, Froma. The Dynamics of Misogyny: Myth and Mythmaking in Aeschylus Oresteia. Arethusa, v. 11, n° 1/2, p. 149-184, 1978.
ZEITLIN, Froma. The Motif of Corrupted Sacrifice in Aeschylus’ Oresteia. Transactions and Proceedings of the American Philological Association. Johns Hopkins University Press, American Philological Association, v. 96, p. 463-508, 1965.
ZYL SMIT, Betine van. Medea The Feminist. Acta Classica: Proceedings of the Classical Association of South Africa. Classical Association of South Africa (CASA), v. 45, 2002, p. 101-122.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Tiago Irigaray
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores e autoras mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo a publicação licenciada sob a Creative Commons Attribution License 4.0 Internacional.
2. Os autores e autoras têm permissão e são estimulados(as) a publicar e compartilhar o trabalho com reconhecimento da publicação inicial nesta revista.
3. Os autores e autoras dos trabalhos aprovados autorizam a revista a ceder o conteúdo de seus trabalhos, após sua publicação, para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
Para mais informações sobre a Creative Commons Attribution 4.0 International License, acessar: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
Isenção editorial
O conteúdo dos artigos publicados é de inteira e exclusiva responsabilidade de seus autores, não representando a posição oficial da Rónai - Revista de Estudos Clássicos e Literários ou do Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora ou das instituições parceiras.