Representações sociais sobre a criminalidade na região turística de Puerto Vallarta-México

Autores

  • João Paulo Louzada Vieira Universidade Federal de Juiz de Fora / UFJF
  • Marco Paulo Andrade Universidade Federal de Viçosa / UFV
  • Thiago Duarte Pimentel Universidade Federal de Juiz de Fora / UFJF https://orcid.org/0000-0003-1889-069X

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.10451307

Palavras-chave:

Representações sociais, Mídia, Turismo, Criminalidade, Puerto Vallarta

Resumo

Este estudo buscou analisar como se manifestam as representações sociais relacionadas a violência e à criminalidade por parte dos veículos de comunicação impressos/digitais da região turística de Puerto Vallarta e Bahia de Banderas. Tomou-se o Noticieros, vinculado à rede Televisa como objeto de análises nos últimos 5 anos (de janeiro de 2015 a dezembro de 2020), de onde foi possível extrair uma amostra relativa às notícias apresentou um total de 91 reportagens, em meio ao total de (622) reportagens publicadas pelo referido periódico no período em tela. Os dados foram analisados por meio do software Iramuteq, sendo geradas três classes de agrupamento do corpus analítico: (1) na classe 1 (Crimes na região) foram agrupadas reportagens cuja finalidade era noticiar crimes que ocorreram na região de Puerto Vallarta e que possuem certa relevância midiática por seu caráter “espetacular”, como um tiroteio, por exemplo. Nas classes 2 (Crimes que envolvem personalidade pública) e 3 (Organizações criminosas) foram agrupadas reportagens que noticiaram crimes cometidos contra ou por pessoas públicas, e realizadas por cartéis e outras organizações criminosas, respectivamente. Os resultados apontam que, em parte, a realidade dos crimes locais não é veiculada pela mídia nacional. A criminalidade é representada apenas quando possui o poder de atrair a atenção pública por destoar do seu cotidiano ou por estarem relacionadas a figuras públicas. A veiculação de reportagens sobre o narcotráfico e as organizações criminosas ocorre em torno de figuras conhecidas mundialmente por sua influência no mundo do crime, como a família “El Chapo”. Ao retratar a criminalidade em Puerto Vallarta, a mídia estrutura uma concretude que sanciona no público a necessidade de expressar ideias, de certa maneira genéricas e difusas sobre o crime na região. Conclui-se que, ainda que enquadrem a criminalidade em sua grade de notícias e permitirem uma ancoragem sobre o crime, as mesmas não representam fidedignamente a realidade expressa pela estatística de segurança pública, onde a omissão ou eufemização da criminalidade cotidiana propicia a ausência de uma representação sobre a insegurança para aqueles que não convivem no cotidiano da cidade, os turistas, contribuindo assim para não impactar significa e negativamente a atividade turística, pela redução do fluxo de turístico e do ingresso de divisas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

João Paulo Louzada Vieira, Universidade Federal de Juiz de Fora / UFJF

Ph.D. candidate in Social Sciences at the Federal University of Juiz de Fora. Juiz de Fora, Minas Gerais, Brazil. joaopaulo.jplv@gmail.com

Marco Paulo Andrade, Universidade Federal de Viçosa / UFV

Ph.D. candidate in Rural Extension at the Federal University of Viçosa -UFV. Viçosa, Minas Gerais, Brazil. andrade.marcop@gmail.com

Thiago Duarte Pimentel, Universidade Federal de Juiz de Fora / UFJF

Pós-doutor em Sociologia (Teoria Social e Realismo Crítico) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ. Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF. Mestre em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG. Graduado em Turismo/UFMG. Professor Associado na UFJF, lecionando nos programas de pós-graduação em Ciências Sociais,
Administração e Administração Pública na UFJF e no Mestrado Interdisciplinar e Turismo e Patrimônio na UFOP. Leciona na graduação em Turismo e em Ciências Humanas na UFJF. Membro da Associação Internacional de Experts Científicos em Turismo/AIEST e da Associação Internacional de Sociologia (membro do comitê diretor RC17- sociologia das organizações). Visiting Scholar na Université du Québec à Montréal / UQAM, Canadá (2023-2024), nos EUA, México, Cuba, e Equador. Diretor do Centro Latino-Americano de Turismo/CELAT e do Observatório Econômico e Social do Turismo/OEST. Ex-membro do Conselho Estadual de Turismo do Estado de Minas Gerais. Ex-vice-presidente do Conselho Municipal de Turismo de Juiz de Fora. CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/9841188234449467
ID Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1889-069X [ thiago.pimentel@ufjf.edu.br ]

Referências

Andrade, M. P.; & Doula, S. M. (2020) A mídia regional e representação social da violência: o caso dos refugiados venezuelanos no norte do Brasil. Pauta geral - estudos em jornalismo, (7), p. 1-20.

Banco de Mexico (2019). El Efecto de la Percepción de la Inseguridad sobre el Turismo Internacional en México, 2008 - 2018: Un Análisis Regional.

Baratta, A. (2007) Criminologia crítica e crítica do direito penal. Rio de Janeiro: Ed. Revan.

Bordua, D. (1961) Delinquent Subcultures: Sociological Interpretations of Gang Delinquency. The Annals of American Academic. 119-136.

Bueno, M. (2002). O imaginário brasileiro sobre a Amazônia: uma leitura por meio dos discursos dos viajantes, do Estado, dos livros didáticos de Geografia e da mídia impressa. (Dissertação de Mestrado em Geografia Humana) Universidade de São Paulo – USP: São Paulo.

Cogo, D. (2012). Latino-americanos em diáspora: usos de mídias e cidadania das migrações transnacionais. Rio de Janeiro: Tríbia.

Cunha, M. I. (2019). Criminalidade e Segurança. Lisboa. Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Durkheim, E. (2002) Lições de sociologia. São Paulo: Martins Fontes.

Giddens, A. (2008) Sociologia. Tradução de Alexandra Figueiredo; Ana Patrícia Duarte Baltazar, et al. 6ª. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Goffman. E. (1982). Estigma. Rio de Janeiro: Zahar.

Halbwachs, M. (1994). Los marcos sociales de la memoria. Barcelona: Anthropos, 2004. Tradução de: Éditions Albin Michel.

Hall, S. (2016). Cultura e representações. (D. Miranda e W. Oliveira, Trad) Ed. PUC Rio de Janeiro, 2016 (Obra original publicada em 2013).

Herre B.; Spooner F.; Roser, M. (2023) “Homicides”. Published online at OurWorldInData.org. Disponível em: 'https://ourworldindata.org/homicides> Acesso no dia 29/12/2023.

INEGI. Instituto Nacional de Estadística y Geografía, (2020) (2021, febrero). Disponível em: < https://www.inegi.org.mx/>.

Jodelet, D. (2001). Representações sociais: um domínio em expansão. In: D. Jodelet (org.). As Representações Sociais. (T. B. Mazzotti, Trad.). Rio de Janeiro: UFRJ- Faculdade de Educação.

Minayo, M. C. S. (2020). O conceito de Representações Sociais da Sociologia Clássica. In: Guareschi, P.; Jovchelovitch (orgs.) Textos em Representações Sociais. Ed. Petrópolis, 4ª reimpressão. (Obra original publicada em 1994).

Moscovici, S. (1978). A Representação Social da Psicanálise. (A. Cabral, Trad.) Rio de Janeiro: Zahar Editores (Obra original publicada em 1961).

Moscovici, S. (2015). Representações Sociais: investigação em psicologia social. (P. A. Guareschi, Trad.) Rio de Janeiro: Editora vozes (Obra original publicada em 2000).

ODALIA, N. (1983) O que é violência. 1ª. ed. São Paulo: brasiliense.

Sapori, L. F.; & Soares, G. A. D. (2015). Por que cresce a violência no Brasil? 1ª. ed. Belo Horizonte: autêntica.

Tranfaglia, N. (2010). Criminalidade e política: alguns exemplos. In: Dino, A.; & Maierovitch, W.(org). Novas tendências da criminalidade transnacional mafiosa. São Paulo, EDUNESP.

UNODC - United Nations Office on Drugs and Crime.(2023) Intentional Homicide. Disponível em: https://dataunodc.un.org/dp-intentional-homicide-victims> Acesso no dia 29/12/2023

Viana, E. (2016). Criminologia. 4ª rev. ampl. e atual. ed. Salvador: JusPODIVM

Downloads

Publicado

2023-12-29

Como Citar

Vieira, J. P. L., Andrade, M. P., & Pimentel, T. D. (2023). Representações sociais sobre a criminalidade na região turística de Puerto Vallarta-México. Revista Latino-Americana De Turismologia, 9(Regular). https://doi.org/10.5281/zenodo.10451307

Edição

Seção

ESTUDO DE CASO/ CASE STUDY /ESTUDIO DE CASO

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

<< < 1 2 3 4 > >>