Turismo de Base Comunitária no Brasil: pistas para conhecer, intervir e construir caminhos possíveis
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.14511142Palavras-chave:
Turismo de base comunitária, Realidade brasileira, Teoria-prática, RedesResumo
Este artigo tem como objetivo apresentar e discutir o processo histórico de construção do debate teórico-prático sobre o turismo de base comunitária (TBC) no Brasil, considerando diversos atores envolvidos, como lideranças locais, gestores públicos, militantes, pesquisadores e agentes do mercado de viagens e turismo. Esta pesquisa se funda na metodologia qualitativa, baseada no levantamento bibliográfico e documental e em trabalhos de campo (presencial e virtual) realizados durante a trajetória acadêmica de 2004 a 2024. A linha de argumentação do artigo parte de uma questão central: de que TBC estamos falando? Nesse sentido, a revisão de literatura considera os antecedentes e contradições conceituais de TBC, analisando ainda as possibilidades e os desafios dessa prática social no pós-pandemia. Os principais resultados obtidos, ao longo das últimas décadas, revelaram múltiplas versões dessa prática, que estão sendo (re)produzidas em diferentes realidades brasileiras, permitindo delinear um exercício de reescrever composições, atores, associações e caminhos possíveis nesse campo. Em meio a desafios e disputas, concluiu-se, que o TBC, enquanto estratégia de resistência e alternativa econômica, evoca um outro mundo possível, priorizando, assim, a compreensão de ações que visem à superação das atuais condições de desigualdade e exclusão dos diversos grupos no campo e na cidade.
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