Representações sociais sobre a criminalidade na região turística de Puerto Vallarta-México
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.10451307Palavras-chave:
Representações sociais, Mídia, Turismo, Criminalidade, Puerto VallartaResumo
Este estudo buscou analisar como se manifestam as representações sociais relacionadas a violência e à criminalidade por parte dos veículos de comunicação impressos/digitais da região turística de Puerto Vallarta e Bahia de Banderas. Tomou-se o Noticieros, vinculado à rede Televisa como objeto de análises nos últimos 5 anos (de janeiro de 2015 a dezembro de 2020), de onde foi possível extrair uma amostra relativa às notícias apresentou um total de 91 reportagens, em meio ao total de (622) reportagens publicadas pelo referido periódico no período em tela. Os dados foram analisados por meio do software Iramuteq, sendo geradas três classes de agrupamento do corpus analítico: (1) na classe 1 (Crimes na região) foram agrupadas reportagens cuja finalidade era noticiar crimes que ocorreram na região de Puerto Vallarta e que possuem certa relevância midiática por seu caráter “espetacular”, como um tiroteio, por exemplo. Nas classes 2 (Crimes que envolvem personalidade pública) e 3 (Organizações criminosas) foram agrupadas reportagens que noticiaram crimes cometidos contra ou por pessoas públicas, e realizadas por cartéis e outras organizações criminosas, respectivamente. Os resultados apontam que, em parte, a realidade dos crimes locais não é veiculada pela mídia nacional. A criminalidade é representada apenas quando possui o poder de atrair a atenção pública por destoar do seu cotidiano ou por estarem relacionadas a figuras públicas. A veiculação de reportagens sobre o narcotráfico e as organizações criminosas ocorre em torno de figuras conhecidas mundialmente por sua influência no mundo do crime, como a família “El Chapo”. Ao retratar a criminalidade em Puerto Vallarta, a mídia estrutura uma concretude que sanciona no público a necessidade de expressar ideias, de certa maneira genéricas e difusas sobre o crime na região. Conclui-se que, ainda que enquadrem a criminalidade em sua grade de notícias e permitirem uma ancoragem sobre o crime, as mesmas não representam fidedignamente a realidade expressa pela estatística de segurança pública, onde a omissão ou eufemização da criminalidade cotidiana propicia a ausência de uma representação sobre a insegurança para aqueles que não convivem no cotidiano da cidade, os turistas, contribuindo assim para não impactar significa e negativamente a atividade turística, pela redução do fluxo de turístico e do ingresso de divisas.
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