“Você é homem ou mulher?”
desestabilizando certezas na figura de um mágico nas problematizações de professores homens na Educação Infantil
DOI:
https://doi.org/10.34019/1984-5499.2021.v23.33854Palavras-chave:
Homens na Educação Infantil, Gênero, Sexualidades, Relações de poder, ResistênciasResumo
Esta escrita navega pelas experiências de um professor que atua na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Mergulha em problematizações da masculinidade hegemônica, que é construída e, na maioria das vezes, considerada como padrão. Navega também por resistências entretecidas nas relações de poder considerando o referencial foucaultiano e as relações de gênero. Optamos por inserir a pergunta de uma criança no título do artigo, pois ela revela como as regras de feminilidade e de masculinidade são estanques. O que fazer para que se atribua uma infinitude de sentidos possíveis ao masculino e ao feminino? O artigo entrelaça suas problematizações às de várias pesquisas que, numa escrita rizomática, informam da importância de se remar contra a maré dos fascismos cotidianos, das generalizações, das metanarrativas e navegar rumo a outras formas de ser em grupo mais libertárias, que acolham os homens na Educação Infantil.
Downloads
Referências
ALVARENGA, Carolina Faria. Entrelaçando gênero e políticas públicas: a participação de mulheres-professoras na configuração de gênero dos Indicadores de Qualidade da Educação Infantil Paulistana. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.
AZEVEDO, Guilherme. Educação infantil é lugar de homem? Eles mostram que sim... Uol, São Paulo, 2 de set. de 2017. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/noticias/2017/09/02/educacao-infantil-e-lugar-de-homem-eles-mostram-que-sim.htm. Acesso em: 09 jul. 2020.
BACHELARD, Gaston. A água e os sonhos. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
BARROS, Manoel de. Memórias inventadas a infância. São Paulo: Planeta, 2003.
BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 19, p. 20-28, jan./fev./mar./abr. 2002.
CONNEL, Robert. Políticas de Masculinidade. Educação e Realidade, Porto Alegre, v.2 0, n. 2, p. 185-206, 1995.
CRUZ, Elisabeth Franco. “Quem leva o nenê e a bolsa?”: o masculino na creche. In: ARILHA, Margareth; UNBEHAUM, Sandra G.; MEDRADO, Benedito. (orgs.). Homens e masculinidades: outras palavras. Ecos: Editora 34, 1998.
CHEVALIER, Philippe. Que quer dizer fazer uma história das problematizações? Mnemosine, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, p. 298-312. 2015.
CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. 12. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs. vol. I. Tradução OLIVEIRA, Ana Lúcia de; NETO, Aurélio Guerra; COSTA, Célia Pinto. São Paulo: Editora 34, 2011.
DIAS, Rosa Maria. Nietzsche e Foucault: a vida como obra de arte. In: KANGUSSU, Imaculada et al. O cômico e o trágico. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2008. p. 41-55.
ECO, Umberto. Pós escrito a O Nome da Rosa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
FOUCAULT, Michel. 1984. A ética do cuidado de si como prática de liberdade. In: Ditos e escritos V. Ética, sexualidade, política. Org. e seleção de textos Manoel Barros da Motta. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004. p. 264-287.
FOUCAULT, Michel. 1988. Verdade, poder e Si Mesmo. In: Ditos e Escritos V. Ética, Sexualidade, Política. Org. e seleção de textos Manoel Barros da Motta. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004. p. 294-300.
FOUCAULT, Michel. Por uma vida não fascista. Coletivo Sabotagem. 2004.
FOUCAULT, Michel. Truth and power. In: C. Gordon. (ed.). Power and Knowledge: select interwiews and other writings 1972 – 1977. Nova York, Pantheon Books, 1980. p. 109-133.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. Curso no Collège de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 1999.
JUNQUEIRA, Rogério Diniz. Ideologia de gênero: a gênese de uma política reacionária – ou: a promoção dos direitos humanos se tornou uma “ameaça à família natural”. In: RIBEIRO, Paula Regina Costa; MAGALHÃES, Joanalira Corpes. Debates contemporâneos sobre educação para a sexualidade. Rio Grande (RS): Editora da FURG, 2017. p. 25-52.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
LOURO, Guacira Lopes. Heteronormatividade e Homofobia. In: JUNQUEIRA, Rogério. (org.). Diversidade Sexual na educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, UNESCO, 2009.
MEYER, Dagmar. Gênero e Educação: teoria e política. In: LOURO, Guacira Lopes; NECKEL, Jane Felipe; GOELLNER, Silvana Vilodre. Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. p. 9-27.
NICHOLSON, Linda. Interpretando o gênero. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 8, n. 2, 2000.
MORAES, Júlio Paulo de. A experiência de um homem, educador, cuidador, recreacionista em uma creche: análise fundamentada a partir das ideias e conteúdos aprendidos no projeto “Tecendo...”. In: RIBEIRO, Cláudia Maria. (org.). Tecendo gênero e diversidade sexual nos currículos da educação infantil. Lavras: UFLA, 2012. p. 371-384.
PASSETTI, Edson. Heterotopia, anarquismo e pirataria. In: RAGO, Margareth; VEIGA-NETO, Alfredo. (orgs.). Figuras de Foucault. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 109-118.
RAMOS, Joaquim. Gênero na educação infantil: relações (im)possíveis para professores homens. Jundiaí: Paco Editorial, 2017.
REIS, Toni; EGGERT, Edla. Ideologia de gênero: uma falácia construída sobre os Planos de Educação Brasileiros. Educação & Sociedade, Campinas, v. 38, n. 138, p. 9-26, jan./mar. 2017.
REVEL, Judith. Dicionário Foucault. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.
SAYÃO, Deborah Thomé. Relações de gênero e trabalho docente na educação infantil: um estudo de professores em creche. Tese (Doutorado em Educação), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.
SANTOS, Sandro Vinícius Sales dos. Sobre a docência masculina na Educação Infantil. Resenha. Revista Zero-a-seis, Florianópolis: UFSC, v. 20, n. 37, p. 264-269, jan./jun. 2018.
SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Indicadores de Qualidade da Educação infantil Paulistana. São Paulo: SME/DOT, 2016 (versão final).
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995.
STEINER, Rudolf. A prática pedagógica segundo o conhecimento científico-espiritual do homem. São Paulo: Antroposófica, 2000.