HISTÓRIA, TEATRO E MUSICAIS: PERSPECTIVAS PARA O ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Resumo
Este trabalho tem como objetivo estabelecer relações entre história, teatro e música no processo de ensinoaprendizagem a partir de musicais com marcas de resistência política ocorridos durante a ditadura civilmilitar brasileira. Nesse sentido, apresentamos duas experiências de ensino e pesquisa, que tomam como objeto os musicais Calabar (1973) e Arena canta Bahia (1965). O primeiro espetáculo é utilizado como prétexto para os questionamentos da versão oficial da dominação holandesa no Brasil e do episódio histórico da traição de Domingos Fernandes Calabar. Em seguida, aborda-se o processo de criação do segundo musical como uma combinação de narrativa dramática e música popular. O espetáculo, de 1965, é de autoria de Augusto Boal – diretor do grupo paulista Teatro de Arena –e dos músicos baianos Maria Bethânia, Gilberto
Gil, Caetano Veloso e Tom Zé. Nas sugestões feitas pelos referidos músicos, observa-se que, para a escrita dramatúrgica do musical, foram fundamentais uma noção de folclore baiano com tons de crítica social. No entanto, são tratadas, neste estudo, as recusas de Boal às indicações dos citados músicos, tais como as canções de Dorival Caymmi, relativas à Bahia. Para essa reflexão, serão utilizados e analisados os relatos de memória de Caetano Veloso e de Tom Zé sobre o processo de criação do espetáculo musical em questão e sua inserção
no projeto de uma linha evolutiva na Música Popular Brasileira.