Hoje eu vim louvar Satanás
Demônios e monstros como expressão de liberdade e resistência nos cultos de quimbanda
DOI:
https://doi.org/10.34019/2236-6296.2025.v28.48516Palabras clave:
Quimbanda, Monstros e Demônios, Subversão ReligiosaResumen
Este artigo tem como objetivo analisar a quimbanda contemporânea a partir de uma abordagem sociológica, compreendendo-a como culto de liberdade, resistência e subversão às normatividades religiosas e morais impostas pelo cristianismo hegemônico. A metodologia utilizada combina observação etnográfica no Templo de Quimbanda Exu Marabô, na cidade de Ribeirão Preto (SP), e entrevista semiestruturada com o sacerdote Tata N'Ganga Nláijasé (Tata Felipe). A partir da análise do material empírico, foram identificadas práticas e discursos que ressignificam figuras da demonologia cristã, como Satanás e Baphomet, transformando-as em símbolos de libertação e ancestralidade. A pesquisa evidencia que a quimbanda não apenas nega a teologia cristã, mas propõe uma cosmologia própria, baseada na imanência, no desejo, na corporeidade e na celebração do diverso. O estudo contribui para a compreensão da quimbanda como um espaço social contra-hegemônico, de acolhimento e reinvenção identitária para corpos historicamente marginalizados.
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