Liminaridade e monstruosidade
A visão profética de Ezequiel 1 como ruptura simbólica
DOI:
https://doi.org/10.34019/2236-6296.2025.v28.48568Palavras-chave:
Ezequiel, Monstruoso, Literatura do sagrado, Exílio babilônicoResumo
A narrativa do primeiro capítulo de Ezequiel distingue-se como uma das passagens mais enigmáticas da literatura profética bíblica. O relato apresenta criaturas híbridas, tronos celestiais, movimentos sobrenaturais e uma manifestação divina que desafia as concepções antropomórficas tradicionais. Essa visão profética, carregada de simbolismo e complexidade, pode ser analisada sob a perspectiva do “monstruoso” na literatura do sagrado, explorando seus aspectos teológicos, culturais e mito-poéticos. Ao examinar essa visão, torna-se evidente a influência das tradições mesopotâmicas, bem como o impacto do exílio babilônico na configuração dessa experiência profética. Literariamente, Ezequiel 1 estabelece paralelos com textos apocalípticos e cosmogônicos do Antigo Oriente Próximo, sobretudo com tradições mitológicas mesopotâmicas. Os elementos descritivos sugerem a influência da iconografia babilônica, reelaborada, porém, sob uma perspectiva monoteísta.
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