Memória tecnocultural em Aquarius
DOI:
https://doi.org/10.34019/1981-4070.2020.v14.31862Palavras-chave:
Memória, Tecnocultura, Imagem, Montagem, ArquivoResumo
O tema deste artigo é a atualização da memória tecnocultural na imagem cinematográfica. Partimos do conceito de memória de Bergson (2010) e investigamos a sua incidência em objetos tecnoculturais. Pensar em termos tecnoculturais é reconhecer a estrutura projetual, o design dos objetos investigados, relativizando a separação premeditada entre arte e técnica, e entender os objetos enquanto expressões de inúmeros tempos e espaços, dotados de sentidos fluidos. Nossa costura teórica também evidencia como imagens de diferentes naturezas técnicas se contagiam de forma independente entre si. Abordamos esse processo comunicativo a partir do filme Aquarius (2016), de Kleber Mendonça Filho. Demonstramos como e quais devires tecnoculturais se atualizam nas técnicas e nas estéticas, nas montagens e nos planos narrativos de Aquarius, que transforma o arquivo em seu próprio tema, propondo uma espécie de “prática da memória”. O filme faz remissões aos Anos 70, propondo duas dimensões narrativas, e um conflito geral entre as utopias da Era de Aquário e do neoliberalismo. O modo como estabelece essa montagem dá continuidade a um devir tecnotropical, coalescendo e tensionando utopias, imagens e formas de uma corrente artística brasileira de vanguarda.
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