Reflexões sobre o dueto família e gênero na política de saúde brasileira
DOI:
https://doi.org/10.34019/1980-8518.2023.v23.40787Palavras-chave:
Família, Gênero, Cuidado, Política de SaúdeResumo
O artigo analisa o dueto família e gênero como dimensões constitutivas das políticas de proteção social e, no caso específico, da estruturação da política de saúde no contexto brasileiro contemporâneo, cuja família configura-se num agente central, sem, no entanto, considerar a “consubstancialidade” das relações sociais de classe, étnico-raciais e de gênero. A partir de revisão bibliográfica sobre cuidado, família e gênero sob a ótica de estudos feministas e, de pesquisa qualitativa com famílias inseridas em serviços de atenção domiciliar, abordam-se aspectos da relação família e gênero na atenção básica em saúde na “porta de entrada”, seguida da relação família e gênero no Programa Melhor em Casa na “porta de saída”, e conclui-se com reflexões sobre o gênero do cuidado e o gênero no cuidado na “porta dos fundos”, cujas fronteiras, a despeito de não serem fixas e lineares, nas sociedades capitalistas ocidentais tenderam, historicamente, a circunscrevê-las na esfera privada e doméstica da família associada ao feminino e, comumente, separada e oposta à esfera pública associada ao masculino, reproduzindo determinada divisão sexual do trabalho.
Downloads
Referências
BILAC, Elisabete Dória. Trabalho e família: articulações possíveis. Tempo Social, São Paulo, n. 26, v. 1, p. 129-145, 2014. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ts/a/6Y8y3TwKqbg4dKHfGfPkXTB/?lang=pt>. Acesso em: 12 jun. 2021.
BORIS, Eileen. Produção e reprodução, casa e trabalho. Tempo Social, São Paulo, n. 26, v. 1, p.101-121, 2014. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ts/a/wWWkfy3NCCpzHKXXnQ6tLmw/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 5 jul. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de atenção domiciliar. v. 1. Brasília, Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/cad_vol1.pdf>. Acesso em: 25 out. 2021.
BRUSCHINI, Maria Cristina Aranha. Trabalho e gênero no Brasil nos últimos dez anos. Cad. Pesqui. São Paulo, n. 37, v. 132, p.537-572, 2007. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/cp/a/KybtYCJQvGnnFWWjcyWKQrc/abstract/?lang=pt>. Acesso em: 15 maio 2021.
BRUSCHINI, Maria Cristina Aranha; LOMBARDI, Maria Rosa. A bipolaridade do trabalho feminino no Brasil contemporâneo. Cad. Pesqui. São Paulo, s.n, v. 110, p.67-104, 2000. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/cp/a/dzDXTKKnr96DdTZSqnmtH5r/abstract/?lang=pt>. Acesso em 25 out. 2021.
CHIES, Paula Viviane. Identidade de gênero e identidade profissional no campo de trabalho. Rev. Estud. Fem. Florianópolis, n. 18, v. 2, p.507-528, 2010. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2010000200013>. Acesso em: 21 out 2021.
COSTA, Albertina de Oliveira; SORJ, Bila; BRUSCHINI, Maria Cristina Aranha; HIRATA, Helena (orgs.). Mercado de trabalho e gênero: comparações internacionais. Rio de Janeiro: Editora FGV; 2008.
DAL PRÁ, Keli Regina; WIESE, Michelly Laurita; MIOTO, Regina Célia Tamaso. Política social e acesso à justiça: um estudo sobre a judicialização das demandas sociais de Saúde e Assistência Social. Relatório Final de Pesquisa. 2018. UFSC-Florianópolis (digit).
DRAIBE, Sônia. Estado de Bem-Estar, desenvolvimento econômico e cidadania: algumas lições da literatura contemporânea. In: HOCHMAN, Gilberto; ARRETCHE, Marta; MARQUES, Eduardo (orgs.). Políticas públicas no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz; 2007, p. 27-64.
GORZ, André. Metamorfoses do trabalho: crítica da razão econômica. São Paulo: Annablume; 2003.
GRAH, Bruno. O programa melhor em casa enquanto arquétipo do familismo na política de saúde e suas nuances no estado de Santa Catarina. 2018. Dissertação (Mestrado em Serviço Social – Programa de Pós-Graduação em Serviço Social. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018.
HIRATA, Helena, GUIMARÃES, Nadya Araujo. Cuidados e cuidadoras: as várias faces do trabalho do care. Editora Atlas, São Paulo, 2012.
HIRATA, Helena. O cuidado em domicílio na França e no Brasil. In: ABREU, Alice Rangel de Paiva, HIRATA, Helena, LOMBARDI, Maria Rosa (Orgs.). Gênero e trabalho no Brasil e na França: perspectivas interseccionais. São Paulo: Boitempo, 2016, p. 193-202.
KERGOAT, Danièle. O cuidado e as imbricações das relações sociais. In: ABREU, Alice Rangel de Paiva; HIRATA, Helena; LOMBARDI, Maria Rosa (orgs.). Gênero e trabalho no Brasil e na França: perspectivas interseccionais. São Paulo: Boitempo, 2016. p. 17-26.
LAVINAS, Lena. Emprego Feminino: o que há de novo e o que se repete. Dados, Rio de Janeiro, n. 40, v. 1, p. 41-67, 1997. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/dados/a/VSfRYTrpzXx3NywhjjfjrbR/?lang=pt>. Acesso em: 20 jul. 2021.
MIOTO, Regina Célia Tamaso. Processos de responsabilização das famílias no contexto dos serviços públicos: notas introdutórias. In: SARMENTO, Hélder Boska de Moraes (org.). Serviço Social: questões contemporâneas. Florianópolis: Editora Ufsc; 2012, p. 125-138.
MIOTO, Regina Célia Tamaso; DAL PRÁ, Keli Regina. Serviços sociais e responsabilização da família: contradições da Política Social brasileira. In: MIOTO, Regina Célia Tamaso; CAMPOS, Marta Silva; CARLOTO, Cássia Maria (orgs.). Familismo, direitos e cidadania: contradições da política social. São Paulo: Cortez, 2015, p. 147-178.
MOROSINI, Márcia Valéria; FONSECA, Angélica Ferreira. Os agentes comunitários na Atenção Primária à Saúde no Brasil: inventário de conquistas e desafios. Saúde debate, Rio de Janeiro, n. 42, p.261-274 set, 2018. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/sdeb/a/CtVJJm7MRgkGKjTRnSd9mxG/?lang=pt>. Acesso em: 12 maio 2020.
NUNES, Cristina Brandt; SARTI Cynthia; OHARA, Conceição Vieira da Silva. Concepções de profissionais de saúde sobre a violência intrafamiliar contra a criança e o adolescente. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, n.16, v.1, p.136-141, 2008. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rlae/article/view/16929>. Acesso em: 5 mar. 2020.
PAIM, Jairnilson Silva. Atenção à saúde no Brasil. In: PAIM, Jairnilson Silva. Desafios para a saúde coletiva no século XXI. Salvador: EDUFBA; 2006, p. 11-47. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/ptky6/pdf/paim-9788523211776-02.pdf>. Acesso em: 21 out. 2021.
SARTI Cynthia. O lugar da família no programa de saúde da família. In: TRAD, Leny Bomfim (org.). Família contemporânea e saúde: significados, práticas e políticas públicas. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2010, p. 91-103.
SCAVONE, Lucila. O trabalho das mulheres pela saúde: cuidar, curar, agir. In: In: Villela W, Monteiro S, organizadores. VILELLA, Wilza; MONTEIRO, Simone (orgs.). Gênero e saúde: Programa Saúde da Família em questão. São Paulo: Abrasco, Fundo de População das Nações Unidas – UNFPA, 2005, p. 101-110.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre. N. 16, v. 2, p. 71-99, 1995. Disponível em: <https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/71721/40667>. Acesso em: 3 ago. 2021.
SCOTT, Parry. Gênero, família e comunidades: observações e aportes teóricos sobre o Programa Saúde Família. In: VILELLA, Wilza; MONTEIRO, Simone (orgs.). Gênero e saúde: Programa Saúde da Família em questão. São Paulo: Abrasco, Fundo de População das Nações Unidas – UNFPA, 2005, p. 73-93.
SORJ, Bila. Socialização do cuidado e desigualdades sociais. Tempo Social, São Paulo, n. 26, v. 1, p. 123-128, 2014. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ts/a/x3QD6kvmf3thbpsPBCBrh8C/?lang=pt>. Acesso em: 8 jul. 2021.
TRAD, Leny Bomfim. Desafios éticos e tecnológicos no trabalho com família: reflexões em torno da estratégia de saúde da família. In: TRAD, Leny Bomfim (org.). Família contemporânea e saúde: significados, práticas e políticas públicas. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2010, p. 105-131.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Edilane Betelli, Keli Regina Dal Prá, Michelly Laurita Wiese
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
O(s) autor(es) esta(ão) de acordo que o conteúdo do trabalho aprovado para publicação na Revista Libertas são de responsabilidade exclusiva do(s) mesmo(s) e que o uso de qualquer marca registrada ou direito autoral no artigo foi creditado ao(s) autor(es) ou a permissão para uso do nome.
O(s) autor(es) tem (têm) ciência de que a revista se reserva o direito de efetuar alterações nos originais apenas de ordem normativa, ortográfica e gramatical com vistas a manter o padrão da língua e a padronização de layout, respeitando, contudo, o estilo dos autores. A aprovação final pelo(s) autor(es) fica condicionada ao aceite dos termos desta declaração e validação da versão final do artigo.
Os Direitos Autorais para artigos publicados neste periódico são do autor, com direitos de primeira publicação para a Revista. Em virtude de aparecerem nesta Revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais, de exercício profissional e para gestão pública.