Pode o pássaro cantar apenas a música que conhece?

Gênero como performatividade imposta em Vampirella, de Angela Carter

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/1982-0836.2025.v29.47821

Palavras-chave:

Teoria Queer, Performatividade, Farmacopornografia, Feminismo marxista, Angela Carter

Resumo

A peça de rádio Vampirella, escrita por Angela Carter em 1976, relata o encontro de uma condessa vampira com um herói. O objetivo deste artigo é demonstrar como Carter trabalha em seu texto a ideia de gênero como uma performatividade imposta e baseada em um sistema opressivo. Para isso, usaremos as teorias da autora expressas em seu ensaio The Sadeian Woman and the Ideology of Pornography (1978), as concepções de gênero como sistema performativo de Butler (2019) e ideais derivados do feminismo marxista. Analisando as obras do Marquês de Sade, Carter encontra duas possibilidades para as mulheres: a virgem Justine que sente em toda relação um abuso e a profana Juliette que transforma sua sexualidade em tortura, mas nunca satisfaz a si mesma. Concluiremos que Carter promulga uma ideia de que o sistema sexo-gênero estabelece paradigmas sexuais embasados fundamentalmente em uma opressão que impede a construção recíproca do desejo e que a melhor forma de subversão deste sistema é o amor verdadeiro. A Condessa apresentada em Vampirella é uma herdeira de paradigmas existenciais criados seus antepassados, mas o afeto que recebe pela primeira vez do herói possibilita que sua existência como tal seja, enfim, terminada, de modo que ela pode ser finalmente livre.

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Referências

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Publicado

2025-12-10