Arquivos reais e imaginários entre Américas e Itália
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-0836.2024.v28.46456Palavras-chave:
Arquivo, Américas, ItáliaResumo
Esta edição da IPOTESI: Revista de Estudos Literários, v. 28, n. 1, de jan/jun 2024, do Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Minas Gerais, reúne uma série de contribuições que tratam do rico emaranhado de trânsitos culturais entre o meio linguístico e literário italiano e o mundo das Américas, tanto em suas vertentes indígenas quanto naquelas mais especificamente lusófona e hispanófona. Essa imbricada rede tem se alimentado ao longo da história de experiências e vivências diretas, fruto de viagens, estadias, migrações, que fundamentaram, como se sabe, um acervo memorial relido e “traduzido” por meio de representações e transfigurações documentais e ficcionais; mas essa rede também é constituída e, ao mesmo tempo, tem dado origem a um rico acervo de arquivos imaginários. Pense-se, por exemplo, nas representações, até mesmo estereotipadas, que vêm de um corolário imagético que não passou necessariamente pelo crivo autobiográfico e experiencial dos protagonistas, e sim pelos ecos da “pátria de Dante”, por um lado, e da “Merica”, por outro. Vale relembrar alguns casos mais visíveis, como o de
Juan Rodolfo Wilcock, argentino que se muda para a Itália e passa a escrever em italiano, de Borges que lê Dante, de Italo Calvino que lê o próprio Borges; ou, ainda, da Commedia relida desde os Andes por Gamaliel Churata, das célebres viagens de Marinetti, Ungaretti, Gadda, Pasolini e outros, que passaram pelo território latino-americano, das visões mexicanas de Carlo Coccioli e Pino Cacucci. Pode-se também pensar no movimento contrário de José Carlos Mariátegui, Manuel Puig, Clarice Lispector, Murilo Mendes, Cecília Meireles, que tiveram uma experiência na Itália relatada em suas cartas e obras, ou na imagem contida nas narrativas de autores mais recentes como Vitaliano Trevisan e Paolo Sorrentino, que olham para um Brasil visto como lugar de fuga, alienação e recomeços. Objetivo do dossiê temático deste número é então tentar reler essa rede, às vezes rizomática, constituída de relações históricas e culturais, assim como de um fluxo descontínuo de leituras, interpretações e símbolos, a partir também da problematização de suas tensões, em suma “desarquivando” do seu limbo todo esse patrimônio histórico e imagético.
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IPOTESI – Revista de Estudos Literários
Juiz de Fora, v. 28, n. 1, jan/jun 2024 – ISSN 1982-0836
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