Qualidade de vida e fatores associados em mulheres sobreviventes ao câncer do colo do útero

Autores

  • Camila Soares Lima Corrêa Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Isabel Cristina Gonçalves Leite Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Anna Paula Silva Andrade Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Simone Meira Carvalho Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Ricardo Miranda Borges Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Maximiliano Ribeiro Guerra Universidade Federal de Juiz de Fora

DOI:

https://doi.org/10.34019/1982-8047.2017.v43.2898

Palavras-chave:

Neoplasias do colo do útero. Sobreviventes. Qualidade de vida.

Resumo

O tratamento para o câncer do colo do útero pode levar à ocorrência de efeitos adversos tardios, como disfunções sexuais, intestinais ou urinárias; menopausa precoce e linfedema em membro inferior, os quais podem ter impacto negativo na qualidade de vida. O objetivo do estudo foi avaliar a qualidade de vida de sobreviventes ao câncer do colo do útero, seus fatores associados e comparar a qualidade de vida com um grupo controle de mulheres sem história de câncer. O grupo câncer foi composto por mulheres com término do tratamento há três meses (n= 37). O grupo controle, de base populacional, foi composto por mulheres sem história de câncer (n= 37). A qualidade de vida foi avaliada pelo WHOQOL-bref e a função sexual pelo Female Sexual Function Índex. Variáveis clínicas, terapêuticas e socioeconômicas foram avaliadas por questionário desenvolvido pelos autores. Em comparação ao controle, o grupo câncer apresentou maior percentual de mulheres que viviam sem companheiro, que consideravam o relacionamento com o companheiro como ruim/regular e que apresentavam disfunções urinárias, intestinais e sexuais. Além disso, o grupo câncer apresentou piores escores nos domínios “Físico” e “Relações Sociais” do WHOQOL-bref (p=0,03 e 0,01, respectivamente). Foram fatores independentemente associados ao domínio “Físico”: linfedema de membros inferiores e retenção urinária; e ao domínio “Relações Sociais”: apoio social de amigos e estenose/encurtamento vaginal. Os resultados sugerem impacto negativo da doença e de seu tratamento sobre a qualidade de vida das sobreviventes. Deve-se investigar a qualidade de vida e os fatores que a influenciam, visando um atendimento mais integral, direcionado às necessidades das pacientes, por meio de equipe multiprofissional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ASHING-GIWA, K. T.; LIM, J. W.; TANG, J. Surviving cervical cancer: Does health-related quality of life influence survival? Gynecologic Oncology, v. 118, n. 1, p. 35-42, jul. 2010.

AZEVEDO e SILVA G, et al. Tendência da mortalidade por câncer nas capitais e interior do Brasil entre 1980 e 2006. Revista de Saúde Pública, v. 45, n. 6, p. 1009-18, dez. 2011.

BAE, H.; PARK, H. Sexual function, depression, and quality of life in patients with cervical cancer. Supportive care in cancer: official journal of the Multinational Association of Supportive Care in Cancer, v.24, n.3, p.1277-1283, mar. 2016.

BARKER, C. L. et al. The impact of radiotherapy late effects on quality of life in gynaecological cancer patients. British Journal of Cancer, v. 100, n. 10, p. 1558-1565, may. 2009.

BASER, R. E.; CARTER, J.; LI, Y. Psychometric validation of the Female Sexual Function Index (FSFI) in cancer survivors. Cancer, v. 118, n. 18, p. 4606-4618, sep. 2012.

BERNARDO, B. C. et al. Disfunção sexual em pacientes com câncer do colo uterino avançado submetidas à radioterapia exclusiva. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 29, n. 2, p. 85-90, fev. 2007.

BIFFI, R. G.; MAMEDE, M. V. Suporte social na reabilitação da mulher mastectomizada: o papel do parceiro sexual. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 38, n. 3, p. 262-269, set. 2004.

BRASIL. Ministério da saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2016: incidência de câncer no Brasil [Internet]. Rio de Janeiro: INCA; 2015 [citado em 2017 dez 7]. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/estimativa-2016-v11.pdf. Acesso em 07 dez. 2017.

CLEARY, V.; HEGARTY, J. Understanding sexuality in women with gynaecological cancer. European journal of oncology nursing: the official journal of European Oncology Nursing Society, v. 15, n. 1, p. 38-45, feb. 2011.

FLECK, M. P. A. O instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100): características e perspectivas. Ciência & Saúde Coletiva, v. 5, n. 1, p. 33-38, 2000.

FLECK, M. P. A. et al. Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da OMS (WHOQOL-100). Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 21, n. 1, p. 19-28, mar. 1999.

FERLAY, J. et al. Cancer incidence and mortality worldwide: sources, methods and major patterns in GLOBOCAN 2012. International Journal of Cancer, v. 136, n. 5, mar. 2015.

FERNANDES, W. C.; KIMURA, M. Qualidade de vida relacionada à saúde de mulheres com câncer de colo uterino. Revista Latino-americana de Enfermagem, v. 18, n. 3, p. 360-367, may./jun. 2010.

FRUMOVITZ, M. et al. Quality of life and sexual functioning in cervical cancer survivors. Journal of Clinical Oncology: official journal of the American Society of Clinical Oncology, v. 23, n. 30, p. 7428-7436, oct. 2005.

GIRIANELLI, V.R., GAMARRA, C., AZEVEDO E SILVA, G. Os grandes contrastes na mortalidade por câncer do colo uterino e de mama no Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 48, n. 3, p. 459-67, jun. 2014.

KHALIL, J. et al. Impact of cervical cancer on quality of life: beyond the short term (Results from a single institution). Gynecologic Oncology Research and Practice, v. 2, n. 7, p. 192-197, sep. 2015.

LE BORGNE, G. et al. Quality of life in long-term cervical cancer survivors: a population-based study. Gynecologic Oncology, v. 129, n. 1, p. 222-8, apr. 2013.

LEE, Y. et al. Comparison of Quality of Life and Sexuality between Cervical Cancer Survivors and Healthy Women. Cancer research and treatment: official journal of Korean Cancer Association, v. 48, n. 4, p. 1321-1329, oct. 2016.

PARK, S. Y. et al. Quality of Life and Sexual Problems in Disease-Free Survivors of Cervical Cancer Compared with the General Population. Cancer, v. 110, n. 12, p. 2716-2725, dec. 2007.

PENGA, V. M.; RUMIN, C. R. Vivências afetivas e o sofrimento de mulheres histerectomizadas. Omnia Saúde, v. 5, n. 2, p. 1-14, jul. 2008.

PFAENDLER, K. S. et al. Cervical cancer survivorship: long-term quality of life and social support. Clinical therapeutics, v. 37, n. 1, p. 39-48, jan. 2015.

OSANN, K.et al. Factors associated with poor quality of life among cervical cancer survivors: implications for clinical care and clinical trials. Gynecology Oncology, v. 135, n. 2, p. 266-72, nov. 2014.

RATNER, E. S. et al. Sexuality and intimacy after gynecological cancer. Maturitas, v. 66, n. 1, p. 23-26, may. 2010.

SCHLESSELMAN, J. J. Case-control studies: design, conduct, analysis. New York: Oxford University Press. 1982.

SHUANG, YE et al. A systematic review of quality of life and sexual function of patients with cervical cancer after treatment. International Journal Gynecology Cancer, v. 24, p. 1146-57, sep. 2014.

THE WHOQOL GROUP. The World Health Organization quality of life assessment (WHOQOL): position paper from the World Health Organization. Social Science & Medicine, v. 41, n. 10, p. 1403-1409, nov. 1995.

THIEL, R.R.C. et al. Tradução para português, adaptação cultural e validação do Female Sexual Function Index. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 30, n. 10, p. 504-10, out. 2008.

TIWARI, P. et al. Breast and gynecologic cancer-related extremity lymphedema: a review of diagnostic modalities and management options. World Journal of Surgical Oncology, v. 11, p. 237-50, sep. 2013.

WENZEL, L. et al. Quality of life in long-term cervical cancer survivors. Gynecologic Oncology, v. 97, n. 2, p. 310-17, may. 2005.

WHITE, I. D. The Assessment and Management of Sexual Difficulties after Treatment of Cervical and Endometrial Malignancies. Clinical oncology (Royal College of Radiologists (Great Britain), v. 20, n. 6, p. 488-496, aug. 2008.

WIEGEL, M.; MESTON, C; ROSEN, R. The Female Sexual Function Index (FSFI): cross-validation and development of clinical cutoff scores. Journal of Sex & Marital Therapy, v. 31, n. 1, p. 1-20, jan./feb. 2005.

ZHOU, W. et al. Survey of cervical cancer survivors regarding quality of life and sexual function. Journal of Cancer Research and Therapeutics, v. 12, n. 2, p. 938-944, apr./jun. 2016.

Downloads

Publicado

2019-01-09

Como Citar

1.
Corrêa CSL, Leite ICG, Andrade APS, Carvalho SM, Borges RM, Guerra MR. Qualidade de vida e fatores associados em mulheres sobreviventes ao câncer do colo do útero. HU Rev [Internet]. 9º de janeiro de 2019 [citado 28º de março de 2024];43(4):307-15. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/2898

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)