Prevalência e perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos de Escherichia coli em uroculturas de pacientes atendidos em um hospital de ensino

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/1982-8047.2023.v49.41914

Palavras-chave:

Escherichia coli Uropatogênica, Farmacorresistência Bacteriana, Urina, Enterobacteriáceas Resistentes a Carbapenêmicos

Resumo

Introdução: As infecções do trato urinário (ITU) são geralmente causadas por bactérias da ordem Enterobacterales, principalmente por Escherichia coli uropatogênica (UPEC). Esta linhagem apresenta fatores de virulência que a torna capaz de colonizar e infectar o trato urinário. Apesar da maioria dos quadros de ITU ser solucionado com terapia antimicrobiana, linhagens de UPEC resistentes aos antimicrobianos representam uma séria ameaça à saúde pública. Objetivo: Avaliar prevalência de Escherichia coli em uroculturas de pacientes atendidos em um hospital de ensino, bem como seu perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos e os fenótipos de resistência. Material e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo que analisou uroculturas de pacientes ambulatoriais e hospitalares atendidos em um hospital de ensino localizado no município de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil, no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2021. Resultados: Entre as uroculturas analisadas, 858 foram positivas para bactérias, sendo Escherichia coli a espécie predominante, com 27,2% (n= 233) dos isolados. Das 858 uroculturas: 608 foram de pacientes hospitalizados, com 124 (20,4%) isolados de UPEC; 250 foram de pacientes ambulatoriais, com 109 (43,6%) isolados de UPEC. O perfil de resistência aos antimicrobianos das linhagens isoladas nas amostras hospitalares e ambulatoriais, foi, respectivamente: 65% e 32% para ampicilina; 56% e 26% para amoxicilina + ácido clavulânico; 50% e 26% para ciprofloxacino; 42% e 33% para sulfazotrim; 38% e 20% para cefepime; 17% e 8% para gentamicina; 2,5% e 0,4% para ertapenem, meropenem e imipenem. Das linhagens de Escherichia coli resistentes aos beta-lactâmicos, 43 (18%) apresentaram fenótipos de resistência do tipo beta lactamase de espectro ampliado (ESBL) e 7 (3%) foram produtoras de carbapenemases. Conclusão: Escherichia coli foi a espécie mais isolada das uroculturas. UPEC apresentou taxas de resistência a todos os antimicrobianos testados, produzindo fenótipos do tipo ESBL e carbapenemase, principalmente em amostras de pacientes hospitalizados.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Patricia Guedes Garcia, Faculdade de Ciencias Medicas e da Saude de Juiz de Fora

Farmacêutica - Bioquímica

Mestrado em Saúde - UFJF

Doutorado em Saúde - UFJF

Profa. SUPREMA

Referências

Braggiato CR, Lazar CAEL. Infecção do trato urinário não complicada na mulher: relato de caso e revisão da literatura. Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba. 2016; 18(4):231-4.

Santos TG. Patotipagem, tipagem filogenética, determinação de resistência aos antimicrobianos em Escherichia coli uropatogênicas [dissertação]. Jataí (GO): Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde, Universidade Federal de Goiás, 2018.

Silva AS, Hartmann A, Staudt KJ, Alves IA. Identificação e prevalência de bactérias causadoras de infecções urinárias em nível ambulatorial. Rev Bras Pesq Saúde. 2017; 19(3):69-75. doi: 10.21722/rbps.v19i3.19569.

Foxman B. Urinary tract infection syndromes: occurrence, recurrence, bacteriology, risk factors, and disease burden. Infect Dis Clin N Am. 2014; 28(1):1-13.

Shah C, Baral R, Bartaula B, Shrestha LB. Virulence factors of uropathogenic Escherichia coli (UPEC) and correlation with antimicrobial resistance. BMC Microbiol. 2019; 19(1):204. doi: 10.1186/s12866-019-1587-3.

Bartoletti R, Cai T, Wagenlehner FM, Naber K, and Johansen TEB. Treatment of urinary tract infections and antibiotic stewardship. Eur. Urol. Suppl. 2016; 15:81-7. doi: 10.1016/j.eursup.2016.04.003

Tabasi M, Asadi Karam MR, Habibi M, Yekaninejad MS, Bouzari S. Phenotypic assays to determine virulence factors of Uropathogenic Escherichia coli (UPEC) isolates and their correlation with antibiotic resistance pattern. Osong public health and research perspectives. 2015; 6(4):261-8. doi: 10.1016/j.phrp.2015.08.002

Tille PM. Bailey & Scott’s diagnostic microbiology. 15th. ed. Elsevier; 2021.

Brazilian Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing. Orientações do EUCAST para a detecção de mecanismos de resistência e resistências específicas de importância clínica e/ou epidemiológica [Internet]. 2018 [citado em ano mês dia]. Disponível em: http://brcast.org.br/documentos/.

Clinical Laboratory Standards Institute. performance standards for antimicrobial susceptibility testing: CLSI document M100 standard. 31th. ed. Pennsylvania: Clinical Laboratory Standards Institute; 2021.

Lacerda WC, Vale JS, Lacerda WC, Cardoso JLMS. Infecção urinária em mulheres: revisão da literatura. Saúde em Foco [Internet]. 2015 [citado em ano mês dia]; 7:282-95. Disponível em: http://www.unifia.edu.br/revista_eletronica/revistas/saude_foco/artigos/ano2015/artig o_infeccao.pdf.

Artero EA et al. Infecciones urinarias en el anciano. Urinary infection in the elderly. Rev Clin Esp. 2019; 219(4):189-93. doi: 10.1016/j.rce.2018.10.009.

Sievert DM et al. Antimicrobial-resistant pathogens associated with healthcare-associated infections: summary of data reported to the National Healthcare Safety Network at the Centers for Disease Control and Prevention, 2009-2010. Infect Control Hosp Epidemiol. 2013; 34(1):1-14. doi: 10.1086/668770

Flores-Meireles AL et al. Urinary tract infections: epidemiology, mechanisms of infection and treatment options. Nat Rev Microbiol. 2015; 13(5):269-84. doi: 10.1038/nrmicro3432

Gomes AC, Carvalho PO, Lima ETA, Gomes ET, Valença MP, Cavalcanti ATA. Characterization of infections related to health care in the intensive care unit. Rev Enferm UFPE. 2014; 8(6):1577-85.

Laupland KB, Ross T, Pitout JD, Church DL, Gregson DB. Community-onset urinary tract infections: a population-based assessment. Infection. 2007; 35(3):150-3. doi: 10.1007/s15010-007-6180-2.

Magill SS, Edwards JR, Bamberg W, Beldavs ZG, Dumyati G, Kainer MA et al. Emerging infections program healthcare-associated infections and antimicrobial use prevalence survey team: multistate point-prevalence survey of health care-associated infections. N Engl J Med. 2014; 370(13):1198-208. doi: 10.1056/NEJMoa1306801.

Soto SM. Importance of biofilms in urinary tract infections: new therapeutic approaches. Advances in Biology. 2014; 1-13. doi: 10.1155/2014/543974

Costa ALP, Silva ACS. Resistência bacteriana aos antibióticos e saúde pública: uma breve revisão de literatura. Estação Científica. 2017; 7(2):45-57. doi: 10.18468/estcien.2017v7n2.p45-57

Chenoweth CE. Urinary tract infections: 2021 update. Infect Dis Clin North Am. 2021; 35(4):857-70. doi: 10.1016/j.idc.2021.08.003

Reolom RP, Klafke A. Resistência antimicrobiana em uroculturas de moradores das Zonas Norte e Nordeste de Porto Alegre. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2022; 17(44):3067. doi: 10.5712/rbmfc17(44)3067

Lima ADP. Perfil de infecções bacterianas do trato urinário e resistência aos antibióticos [Trabalho de conclusão de curso]. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia; 2017.

Chervet D et al. Antimicrobial resistance in community-acquired urinary tract infections in Paris in 2015. Med Mal Infect. 2018; 48(3):188-92. doi: 10.1016/j.medmal.2017.09.013

Kot B. Antibiotic resistance among uropathogenic Escherichia coli. Pol J Microbiol. 2019; 68(4):403-15. doi: 10.33073/pjm-2019-048.

Bartoletti R, Cai T, Wagenlehner FM, Naber K, Johansen TEB. Treatment of urinary tract infections and antibiotic stewardship. Eur Urol Suppl. 2016; 15(4):81-7. doi: 10.1016/j.eursup.2016.04.003

Warren JW, Abrutyn E, Hebel JR, Johnson JR, Schaeffer AJ, Stamm WE. Guidelines for antimicrobial treatment of uncomplicated acute bacterial cystitis and acute pyelonephritis in women. Infectious Diseases Society of America (IDSA). Clin Infect Dis. 1999; 29(4):745-58. doi: 10.1086/520427.

Prasada S, Bhat A, Bhat S, Shenoy Mulki S, Tulasidas S. Changing antibiotic susceptibility pattern in uropathogenic Escherichia coli over a period of 5 years in a tertiary care center. Infect Drug Resist. 2019; 12:1439-43. doi: 10.2147/IDR.S201849.

Lavigne JP, Bruyère F, Bernard L, Combescure C, Ronco E et al. Resistance and virulence potential of uropathogenic Escherichia coli strains isolated from patients hospitalized in urology departments: a French prospective multicentre study. J Med Microbiol. 2016; 65(6):530-7.

Shakhatreh MAK et al. Uropathogenic Escherichia coli (UPEC) in Jordan: prevalence of urovirulence genes and antibiotic resistance. Journal of King Saud University Science. 2019; 31:648-52. doi: 10.1016/j.jksus.2018.03.009

Farias DV, Castro AP, Lima WG, Paiva MC. Investigação da resistência aos betalactâmicos e da produção de betalactamase de espectro estendido (ESBL) em isolados de Escherichia coli uropatogênicas ciprofloxacina-resistente. Brazilian Journal of Health and Pharmacy. 2022; 4(1):13-26.

Thapa Shrestha U, Shrestha S, Adhikari N, Rijal KR, Shrestha B et al. Plasmid profiling and occurrence of β-lactamase enzymes in multidrug-resistant uropathogenic Escherichia coli in Kathmandu, Nepal. Infect Drug Resist. 2020; 13:1905-17. doi: 10.2147/IDR.S250591.

Millán Y, Araque M, Ramírez A. Distribución de grupos filogenéticos, factores de virulencia y susceptibilidad antimicrobiana en cepas de Escherichia coli uropatógena. Rev Chilena Infectol. 2020; 37(2):117-23. doi: 10.4067/s0716-10182020000200117

Abd El, Ghany M, Sharaf H, Al-Agamy MH, Shibl A, Hill-Cawthorne GA, Hong PY. Genomic characterization of NDM-1 and 5, and OXA-181 carbapenemases in uropathogenic Escherichia coli isolates from Riyadh, Saudi Arabia. PLoS One. 2018; 13(8):e0201613.

World Health Organization. Global antimicrobial resistance and use surveillance system (GLASS) report 2022. Geneva: 2022.

Downloads

Publicado

2024-01-04

Como Citar

1.
Leonor do Nascimento T, Junqueira M de L, Rosa Meurer I, Garcia PG. Prevalência e perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos de Escherichia coli em uroculturas de pacientes atendidos em um hospital de ensino. HU Rev [Internet]. 4º de janeiro de 2024 [citado 27º de abril de 2024];49:1-8. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/41914

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)