Prevalência de leveduras do gênero Candida isoladas de hemocultura de pacientes hospitalizados

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/1982-8047.2023.v49.40948

Palavras-chave:

Candida, Candidemia, Sepse, Hemocultura

Resumo

Introdução: A infecção da corrente sanguínea (ICS) por leveduras, tem como principal gênero a Candida. As principais espécies que causam a candidemia no Brasil são Candida albicans, Candida parapsilosis e Candida tropicalis, sendo a C. albicans a mais prevalente. Todavia, nas últimas décadas tem aumentado a prevalência de espécies de Candida não albicans (CNA) e principalmente a emergência de Candida auris, que possuem mecanismos de resistência aos antifúngicos mais usados, caracterizando um cenário de preocupação mundial. Objetivo: Avaliar a prevalência de candidemia e das principais espécies de Candida spp. isoladas de amostras de hemocultura e sua distribuição por setores de internação de um hospital de ensino. Material e Métodos: Trata-se de um estudo observacional e retrospectivo, em que foram analisadas, através de bancos de dados, hemoculturas positivas para Candida spp. de pacientes internados em um hospital de ensino da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, no período de janeiro de 2021 a dezembro de 2022. Resultados: Foram analisadas 3.262 hemoculturas, sendo 1.059 (32,46%) positivas. Destas, 1.008 (95,18%) tiveram crescimento bacteriano e 51 (4,82%) tiveram crescimento de Candida spp. divididos em, 20 (39,22%) C. albicans e 31 (60,78%) CNA. Das CNA isolados, 14 foram C. tropicalis (45,16%), 10 C. parapsilosis (32,26%), 3 C. glabrata (9,68%), 2 Candida kefyr (6,45%) e 2 Candida lusitaniae (6,45%). Dos 51 isolados de Candida spp., 25 (49,02%) foram no centro de tratamento intensivo, 11 (21,57%) no bloco cirúrgico e 15 (29,41%) foram nas enfermarias. Conclusão: Candida albicans é a principal espécie relacionada a candidemia em pacientes hospitalizados, porém espécies do grupo CNA têm apresentado elevada prevalência em isolados de hemocultura, principalmente em pacientes de centro de tratamento intensivo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Patricia Guedes Garcia, Faculdade de Ciencias Medicas e da Saude de Juiz de Fora

Farmacêutica - Bioquímica

Mestrado em Saúde - UFJF

Doutorado em Saúde - UFJF

Profa. Universidade Federal de Juiz de Fora

Referências

Marra AR, Camargo LFA, Pignatari ACC, Sukiennik T, Behar PRP, Medeiros EAS et al. Nosocomial bloodstream infections in Brazilian hospitals: analysis of 2,563 cases from a prospective nationwide surveillance study. Journal of Clinical Microbiology. 2011; 49: 1866-71. doi: 10.1128/JCM.00376-11.

Huerta LE, Rice TW. Pathologic difference between sepsis and bloodstream infections. The Journal of Applied Laboratory Medicine. 2019; 3(04):654-63. doi: 10.1373/jalm.2018.026245.

Singer M, Deutschman CS, Seymour CW, Shankar-Hari M, Annane D, Bauer M et al. The Journal of the American Medical Association. 2016; 315(8):801-10. doi: 10.1001/jama.2016.0287.

Silva DL, Lima CM, Magalhães VCR, Baltazar LM, Peres NTA, Caligirne RB et al. Fungal and bacterial coinfections increase mortality of severely ill COVID-19 patients. The Journal of Hospital Infection. 2021; 113:145-54. doi: 10.1015/j.jhin.2021.04.001.

Mccarty TP, White CM, Pappas PG. Candidemia and invasive candidiasis. Infectious Disease Clinics of North America. 2021; 35(2):389-413. doi: 10.1016/j.idc.2021.03.007.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Alerta de risco GVIMS/GGTES/Anvisa n° 01/2020. Identificação de possível caso de Candida auris no Brasil [Internet]. Brasília: Anvisa; c2020 [citado em 2023 abr 15]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2020/identificacao-de-possivel-caso-de-candida-auris-no-brasil/ALERTA012020CANDIDAAURIS07.12.2020_2.pdf.

Oliveira CS, Colombo AL, Francisco EC, Lima B, Gandra RF, Carvalho MCP et al. Clinical and epidemiological aspects of Candidemia in eight medical centers in the state of Parana, Brazil: Parana Candidemia Network. The Brazilian Journal of Infectious Diseases. 2021; 25(1):1-10. doi: https://doi.org/10.1016/j.bjid.2020.11.006.

Rybak JM, Barker KS, Muñoz JF, Parker JE, Ahhmad S, Mokaddas E et al. In vivo emergence of high-level resistance during treatment reveals the first identified mechanism of amphotericin B resistance in Candida auris. Clinical Microbiology and Infection. 2021; 28(6):838-43. doi: 10.1016/j.cmi.2021.11.024.

World Health Organization. Fungal priority pathogens list to guide research, development and public health action. Geneva: World Health Organization. 2022; [S.l]:48.

Oplustil CP, Zoccoli CM, Tobouti NR, Scheffer MC. Procedimentos básicos em microbiologia clínica. 4. ed. São Paulo: Sarvier; 2019.

Sidrim JJC, Rochha MFG. Micologia médica à luz de autores contemporâneos. Guanabara: 2004.

Procop GW, Church DL, Hall GS, Janda WM, Koneman EW, Schreckenberger PC, Woods GL. Diagnóstico microbiológico: texto e atlas colorido. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2018.

Walsh TJ, Hayden RT, Larone DH. Larone’s medically important fungi: a guide to identification. 6. ed. ASM Press; 2018.

Martins PCA, Vaz AKMG. Infecções prevalentes na unidade de terapia intensiva de um hospital universitário. Enfermagem Brasil. 2020; 9(3):238-45. doi: https://doi.org/10.33233/eb.v19i3.3948.

Logan C, Martin-Loechhes I, Bicanic T. Invasive candidiasis in critical care: challenges and future directions. Intensive Care Medicine. 2020; 46(11):2001-14. doi: 10.1007/s00134-020-06240-x.

Mayer FL, Wilson D, Hube B. Candida albicans pathogenicity mechanisms. Virulence. 2013; 4(2):119-28. doi: 10.4161/viru.22913.

Rocha WRV, Nunes LE, Neves MLR, Ximenes ECPA, Albuquerque MCPA. Candida genus: Virulence factors, epidemiology, candidiasis and resistance mechanisms. Research, Society and Development. 2021; 10(4):1-14. doi: https://doi.org/10.33448/rsd-v10i4.14283.

Liu F, Zhong L, Zhou F, Zheng C, Zhang K, Cai J et al. Clinical features, strain distribution, antifungal resistance and prognosis of patients with non-albicans Candidemia: a retrospective observational study. Infection and Drug Resistance. 2021; 14:3233-46. doi: 10.2147/IDR.S323583.

Paqualotto ACP. Epidemiologia das infecções por Candida spp. na corrente sanguínea: coorte retrospectiva em hospital terciário brasileiro [Tese]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2004.

Tortorano AM, Prigitano A, Morroni G, Brescini L, Barchiesi F. Candidemia: evolution of drug resistance and novel therapeutic approaches. Infection and Drug Resistance. 2021; 14:5543-53. doi: 10.2147/IDR.S274872.

Guinea J. Global trends in the distribution of Candida species causing candidemia. Clinical Microbiology and Infection. 2014; 20:5-10. doi: https://doi.org/10.1111/1469-0691.12539.

Bassetti M, Vena A, Meroi M, Cardozo C, Cuervo G, Giacobbe DR et al. Factors associated with the development of septic shock in patients with candidemia: a post hoc analysis from two prospective cohots. Critical Care. 2020; 24(117):1-9. doi: https://doi.org/10.1186/s13054-020-2793-y.

Barbosa NRF. Candidemia em unidade de terapia intensiva: estudo epidemiológico multicêntrico associado ao perfil fenotípico e genotípico dos fatores de virulência [Tese]. Recife: Universidade Federal de Pernambuco; 2019.

Al-Musawi TS, Alkhalifa WA, Alasaker NA, Rahman JU, Alnimr AM. A seven-year surveillance of Candida bloodstream infection at a university hospital in KSA. Journal of Taibah University Medical Sciences. 2020; 16(2):184-90. doi: 10.1016/j.jtumed.2020.12.002.

Kim EJ, Lee E, Kwak YG, Yoo HM, Choi JY, Kim SR et al. Trends in the epidemiology of candidemia in intensive care units from 2006 to 2017: results from the Korean National Healthcare-Associated Infections Surveillance System. Frontiers in Medicine. 2020; 7:606976. doi: 10.3389/fmed.2020.606976.

Wankap R, Mogo C, Niang M, Diallo A, Balloy L, Baes L et al. Fungemia in the French Department of Mayotte, Indian Ocean: a 10 years survey. Journal of Medical Mycology. 2020; 31(1):101081. doi: 10.1016/j.mycmed.2020.101081.

Hou J, Deng J, Liu Y, Zhang W, Wu S, Liao Q et al. epidemiology, clinical characteristics, risk factors, and outcomes of candidemia in a large tertiary teaching hospital in Western China: a retrospective 5-year study from 2016 to 2020. Antibiotics. 2022; 11(6):788. doi: 10.3390/antibiotics11060788.

Evangelista AJJ. Antibacterianos β-lactâmicos e vancomicina como agentes potencializadores do crescimento e virulência de Candida spp. [Tese]. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará; 2018.

Oliveira JS, Pereira VS, Castelo-Branco DSCM, Cordeiro RA, Sidrim JJC, Brilhante RSN et al. The yeast, the antifungal, and the wardrobe: a journey into antifungical resistance mechanisms of Candida tropicalis. Canadian Journal of Microbiology. 2020; 66(6):377-88. doi: 10.1139/cjm-2019-0531.

Sendid B, Lacroix C, Bougnoux ME. Is Candida kefyr an emerging pathogen in patients with oncohematological diseases? Clinical Infectious Diseases. 2006; 43(5):666-67. doi: https://doi.org/10.1086/506573.

Dufresne SF, Marr KA, Sydnor E, Staab J, Karp J, Lu K et al. Epidemiology of Candida kefyr in patients with hematologic malignancies. Journal of Clinical Microbiology. 2014; 52(6):1830-7. doi: 10.1128/JCM.00131-14.

Pietrucha-Dilanchian P, Lewis RE, Ahmad H, Lechin AE. Candida lusitaniae catheter-related sepsis. Annals of Pharmacotherapy. 2001; 35(12):1570-4. doi: 10.1345/aph.1A077.

Mendoza-Reyes DF, Gómez-Gaviria M, Mora-Montes HM. Candida lusitaniae: biology, pathogenicity, virulence factors, diagnosis, and treatment. Infection and Drug Resistance. 2022; 15:5121-35. doi: 10.2147/IDR.S383785.

Rocha CHHL, Rocha FMG, Mendonça MAS, Pereira EWAP, Silva FMC, Silva ARS et al. Virulência de isolados clínicos de Candida tropicalis. Revista de Investigação Biomédica. 2017; 9(2):118-28.

Yamin DH, Husin A, Harun A. Risk factors of candida parapsilosis catheter-related bloodstream infection. Frontiers in Public Health. 2021; 9:631865. doi: 10.3389/fpubh.2021.631865.

Kaukonen KM, Bailey M, Pilcher D, Cooper J, Bellomo R. Systemic inflammatory response syndrome criteria in defining severe sepsis. The New England Journal of Medicine. 2015; 372:1629-38. doi: 10.1056/NEJMoa1415236.

Rocha APS, Nunes M, Santos FAG, Neto LNA, Oliveira TF, Alves AIS et al. Perfil epidemiológico das leveduroses sistêmicas em Unidades de Terapia Intensiva de hospitais públicos da cidade do Recife – PE, Brasil. Brazilian Journal of Health Review. 2020; 3(6):19098-111. doi: https://doi.org/10.34119/bjhrv3n6-295.

Downloads

Publicado

2023-10-24

Como Citar

1.
Wu L, Lavorato Soldati L, Garcia PG. Prevalência de leveduras do gênero Candida isoladas de hemocultura de pacientes hospitalizados. HU Rev [Internet]. 24º de outubro de 2023 [citado 28º de abril de 2024];49:1-8. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/40948

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)