Avaliação física e funcional de pacientes em cuidados paliativos em um hospital universitário
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-8047.2021.v47.34119Palavras-chave:
Cuidados Paliativos, Desempenho Físico Funcional, Debilidade MuscularResumo
Introdução: O conhecimento do perfil físico/funcional dos pacientes em cuidados paliativos é essencial para adequação e elaboração do plano de tratamento fisioterapêutico e de condutas específicas à essa população. Objetivos: Caracterizar a condição física e funcional dos pacientes em cuidados paliativos do Hospital Universitário de Juiz de Fora, unidade Santa Catarina. Material e Métodos: Estudo transversal. Foram inicialmente triados 31 pacientes e 27 pacientes concluíram o estudo. Todos foram submetidos às seguintes avaliações: nível de consciência (Escala de Coma de Glasgow); sintomas (Edmonton Symptom Assessment System); proteção de vias aéreas (Peak Flow); força muscular periférica (handgrip e Medical Research Council) e respiratória (pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima); mobilidade funcional e status de performance (Functional Status Score scale; Palliative Performance Scale e Karnofsky Performance Status). Resultados: Fraqueza muscular inspiratória e expiratória foram identificadas, respectivamente, em 69% e 85% dos pacientes e fraqueza muscular periférica em 63% da amostra. Prejuízo na proteção de vias aéreas ocorreu em 79% dos pacientes. Prejuízo da mobilidade funcional foi identificada em 64% da amostra, enquanto 63% (Palliative Performance Scale) e 67% (Karnofsky Performance Status) apresentaram status de performance reduzida. Algum sintoma de dor, fadiga e dispneia foi relatado por 100% dos pacientes que responderam ao Edmonton Symptom Assessment System. Observou-se correlação muito forte entre medidas de avaliação do status de performance e avaliação de mobilidade funcional. As avaliações de status de performance e mobilidade funcional foram correlacionadas fortemente e/ou muito fortemente com a força muscular periférica, força muscular respiratória e proteção de vias aéreas. Conclusão: Grande parte dos pacientes tiveram status de performance reduzida nos testes. Os pacientes apresentaram, ainda, graves prejuízos na proteção de vias aéreas; perda de força muscular respiratória e periférica; acentuados déficits funcionais; e presença de sintomatologia física.
Downloads
Referências
Wagner D. Estado da arte dos cuidados paliativos oncológicos: retrato da assistência no município de Juiz de Fora – MG [Tese]. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora; 2013.
Prata PR. A transição epidemiológica no Brasil. Cad Saúde Pública. 1992; 8(2):16-175.
World Health Organization. Global Health Estimates, 2018. [Acesso em 2021 abr 26]. Disponível em: https://www.who.int/data/global-health-estimates.
International Association for Hospice & Palliative Care. Consensus based palliative care definition, 2018. [Acesso em 2021 abr 26]. Disponível em: https://hospicecare.com/what-we-do/projects/consensus-baseddefinition-of-palliative-care.
Ministério da Saúde (BR). Resolução nº 41, de 31 de Outubro de 2018. Dispõe sobre as diretrizes para a organização dos Cuidados Paliativos. Diário Oficial da União. 2018; seção 1(225):276-23.
Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar. Protocolo de Cuidados Paliativos, 2014. [Acesso em 2020 abr 13]. Disponível em: https://www.isgh.org.br/intranet/images/Servicos/Protocolos/isgh_protoco_cuidado_paliativo.pdf.
Economist Intelligence Unit. The quality of death: index ranking palliative care across the world, 2015. [Acesso em 2020 mar 16]. Disponível em: https://eiuperspectives.economist.com/sites/default/files/2015%20EIU%20Quality%20of%20Death %20Index%20Oct%2029%20FINAL.pdf.
World Health Organization. Global Atlas of Palliative Care. 2. Ed. World Health Organization. 2020. [Acesso em 2021 abr 24]. Disponível em: http://www.thewhpca.org/resources/global-atlas-on-end-of-life-care.
Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 741, de 19 de dezembro de 2005. Define as unidades de assistência de alta complexidade em oncologia, os centros de assistência de alta complexidade em oncologia (CACON) e os centros de referência de alta complexidade em oncologia e suas aptidões e qualidades. Diário Oficial da União. 2005. [Acesso em 2020 abr 23]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2005/prt0741_19_12_2005.htm.
Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 140, de 27 de fevereiro de 2014. Redefine os critérios e parâmetros para organização, planejamento, monitoramento, controle e avaliação dos estabelecimentos de saúde habilitados na atenção especializada em oncologia e define as condições estruturais, de funcionamento e de recursos humanos para a habilitação destes estabelecimentos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União. 2014. [Acesso em 2020 abr 23]. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2014/prt0140_27_02_2014.htm.
Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 483, de 1º de abril de 2014. Redefine a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e estabelece diretrizes para a organização das suas linhas de cuidado. Diário da União. 2014. [Acesso em 2020 abr 23]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt0483_01_04_2014.htm.
Pyszora A., Budzyński J, Wójcik A, Prokop A, Krajnik M. Physiotherapy programme reduces fatigue in patients with advanced cancer receiving palliative care: randomized controlled trial. Support Care Cancer. 2017; 25(9):2899-908.
Gonçalves ACC, Figueiredo LC, Santos TM. Avaliação da formação dos fisioterapeutas em cuidados paliativos e bioética. Cad Educ Saúde Fisioter. 2018; 5(10).
Junior APN, Neto RCP, Figueiredo WB, Park M. Validity, reliability and applicability of Portuguese versions of sedation-agitation scales among critically ill patients. São Paulo Med J. 2008; 126(4):215-19.
Sociedade Brasileira de Cardiologia (BR). 6ª diretrizes de monitorização ambulatorial da pressão arterial e 4ª diretrizes de monitorização residencial da pressão arterial. 2018. Disponível em http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2018/01_diretriz-mapa-e-mrpa.pdf
Monteiro DR, Almeida MA, Kruse MHL. Tradução e adaptação transcultural do instrumento Edmonton Symptom Assessment System para uso em cuidados paliativos. Rev Gaúch Enferm. 2013; 34(2):163-71.
Freitas FS, Parreira VF, Ibiapina CC. Aplicação clínica do pico de fluxo da tosse: uma revisão de literatura. Fisioter Mov. 2010; 23(3):495-502.
Boaventura CM, Amuy FF, Franco JH, Sgarbi ME, Matos LB. Valores de referência de medidas de pico de fluxo expiratório máximo em escolares. Arq Méd ABC. 2007; 32:30-4.
Nunn AJ, Gregg I. New regression equations for predicting peak expiratory flow in adults. BMJ. 1989; 298(6680):1068-70.
Gomes WF, Reis JC, Ballard YLL. A influência de um programa motor associado ao treinamento muscular respiratório na polineuropatia: relato de caso. Rev Cienc. 2018; 9(25):69-88.
Figueiredo IM, Sampaio RF, Mancini MC, Silva FCM, Souza MAP. Teste de força de preensão utilizando o dinamômetro Jamar Acta Fisiátr. 2007; 14(2):104-10.
Lima CA, Siqueira TB, Travassos EF, Macedo CMG, Bezerra AL, Junior MDSP et al. Influência da força da musculatura periférica no sucesso da decanulação. Rev Bras Ter Intensiva. 2011; 23(1):5661.
Fess EE. Grip strength. Clinical assessment recommendations. Am J Occup Ther. 1992.
Luna- Heredia E, Martin-Peña G, Ruiz-Galiana, J. Handgrip dynamometry in healthy adults. Clin Nutr. 2005; 24(2):250-8.
DeJongue B, Shaeshar T Lefaucheur JP, Outin H. Critical illness neuromyopathy. Clin Pulm Med. 2005; 12(2):90-6.
Wieske L, Witteveen E.; Verhamme C, Dettling-Ihnenfeldt DS, Van Der SM, Schultz MJ et al. Early prediction of intensive care unit–acquired weakness using easily available parameters: a prospective observational study. Plos One. 2014; 9.
Neder JA, Andreoni S, Lerario MC, Nery LE. Reference values for lung function tests. II. Maximal respiratory pressures and voluntary ventilation. Braz J Med Biol Res. 1999; 32(6):719-27.
Tavares FAG. Acuidade prognóstica em fim de vida: alor preditivo de quatro métodos na estimativa de sobrevivência de doentes oncológicos de um hospital central e universitário português [Tese]. Lisboa: 2010.
Shag CC, Heinrich RL, Ganz PA. Karnofsky performance status revisited reliability, validity, and guidelines. J Clin Oncol. 1984; 2:187-93.
Silva VZM, Neto JAA, Junior GC, Pinedo M, Needham DM, Zanni JM et al. Versão brasileira da Escala de Estado Funcional em UTI: tradução e adaptação transcultural. Rev Bras Ter Intensiva. 2017; 29(1): 34-8.
Dancey CP, Reidy J. Statistics without maths for psychology. Pearson Prentice Hall. 2007.
Costa ACMM, Manso GG, Sarmento IP, Ramos NV, Sarmento RP, Bernardes VRM et al. Correlação entre a prevalência e os fatores de risco do câncer colorretal no Brasil. Rev Educ Saúde. 2017; 5:11.
Rangel O, Telles C. Tratamento da dor oncológica em cuidados paliativos. Rev Hosp Univ Pedro Ernesto. 2012; 11(2):32-7.
Santos DZ, Leite ICG, Guerra MR. Functional status of patients with metastatic spinal cord compression. Support Care Cancer. 2018; 26(9):3225-31.
Scottini MA, Moritz RD, Siqueira JE. Cognition, functionality and symptoms in patients under home palliative care. Rev Assoc Med Bras. 2018; 64(10):922-27.
Santiago-Palma J, Payne R. Palliative care and rehabilitation. CA Cancer J Clin. 2001; 92(4):1049-52.
Andrade BA, Sera CTN, Yasukawa SA. O papel do fisioterapeuta na equipe de cuidados paliativos. 2009; 230-3.
Perracini MRA. A interprofissionalidade e o contexto familiar: o papel do fisioterapeuta.
Cruz HAG. Relatório de prática clínica: papel do fisioterapeuta nos cuidados paliativos [Tese]. Portugal: 2014.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Loren Hamouche, Larissa Barbosa de Carvalho, Thamara Cunha Nascimento Amaral, Debora Wagner, Leonardo Barbosa de Almeida, Patricia Fernandes Trevizan
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Cessão de Primeira Publicação à HU Revista
Os autores mantém todos os direitos autorais sobre a publicação, sem restrições, e concedem à HU Revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento irrestrito do trabalho, com reconhecimento da autoria e crédito pela citação de publicação inicial nesta revista, referenciando inclusive seu DOI.