Sobre a Revista

A Revista de Geografia é uma publicação do Programa de Pós-Graduação em Geografia – PPGEO, do Departamento de Geocências – Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF. É uma revista eletrônica semestral, criada em 2011, destinada à divulgação de artigos científicos, notas técnicas e resenhas oriundas de pesquisas e estudos sobre as questões que envolvem a ciência geográfica e áreas afins.

Edição Atual

v. 15 n. 1 (2025): Revista de Geografia
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Incidindo sobre as questões espaço-temporais que partilham do escopo da ciência geográfica, naturalmente a Revista de Geografia perpassa as problemáticas teóricas e metodológicas referentes ao tempo e ao espaço em suas mais diversas subáreas e interfaces. Diferentes temporalidades se entrecruzam nos liames tangentes à complexidade do espaço geográfico. O tempo da evolução do relevo e da organização hidrográfica é diferente do tempo da transformação pedológica, que não é o mesmo tempo da silvogênese e das sucessões ecológicas, que por sua vez também não é plenamente síncrono ao tempo da dinâmica climática em suas diferentes escalas. Ainda, o tempo do humanidade e das histórias ambientais que engendra e conduz intercepta e muda os ritmos das temporalidades concernentes à evolução e dinâmica das bases naturais da geosfera. Interações, portanto, pressupõem entrecruzamentos temporais.

Ao tempo da humanidade, do despertar da concepção consciente da biosfera (para usar uma expressão cunhada pelo historiador britânico Arnold Toynbee), se atrela o tempo dos indivíduos, e cada indivíduo tem seu tempo. E é evocando o tempo que destacamos nessa apresentação o tempo do nosso "moço do tempo", carinhosa alcunha atribuída ao geógrafo\climatólogo Fábio de Oliveira Sanches (1973-2025) em Juiz de Fora, onde atuou frente ao Departamento de Geociências e ao Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora. O tempo do nosso dileto companheiro no mundo talvez não tenha sido o mais razoável segundo os preceitos gerais considerados para idealizar um tempo de vida aceitável, da tenra infância até o fenecimento senil. Mas efetivamente sentenças desse tipo nos escapam, e pessoas se vão ainda moças mediante nosso mais profundo contragosto. O que temos de concreto é que qualquer tempo pode ser deveras auspicioso, e é isso que destacamos na figura a quem prestamos essa singela homenagem.

Não intencionamos aqui resumir a trajetória científica de Fábio de Oliveira Sanches e quantificar seus feitos, tudo devidamente registrado e conhecido em suas publicações, projetos de pesquisa, orientações e inserções em geral na comunidade científica. O que gostaríamos de fato é de sublinhar as relações entre a sua produção deixada durante sua passagem no mundo e os problemas sociais e ambientais da contemporaneidade com os quais dialogava. Fábio se inscrevia entre os estudiosos do clima de posição crítica às crises e colapsos ambientais, reconhecendo o avanço das mudanças climáticas decorrentes da carbonização crescente da atmosfera, o que lhe credenciava um papel combativo frente a toda ordem de denegações que permeia o tempo contemporâneo, entre as quais aquela que nega o aquecimento global.

Se desvencinhando dos protocolos, destacamos outro componente a seu favor: Fábio gostava de rock.

Fábio Sanches fará falta enquanto pessoa e profissional, gerando uma lacuna deixada com sua presença diária no nosso Departamento de Geociências, mas também fará falta na soma de esforços científicos voltados para demonstrações, comprovações e soluções de grandes problemas da humanidade, uma vez que explorava um campo científico estratégico e o fazia pelos caminhos verdadeiros e honrosos.

Deixamos aqui então nossa homenagem, nossa permanente admiração, bem como nossas saudades diante do irreversível. Possuímos, contudo, o alento das lembranças positivas e a possibilidade de estarmos a ele permanentemente conectados por tais lembranças e registros. Na foto de capa, Fábio aparece ao centro junto a outros cientistas da climatologia brasileira. O registro foi feito em Guarapuava (PR) durante a respectiva edição do Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica, tendo sido cedida pelo Prof. Dr. Charlei Aparecido da Silva (UFGD) e publicada com o beneplácito de todos e todas que nela aparecem.

Agradecemos ao Fábio pela convivência, amizade e contribuições. Continuemos seguindo na esteira do nosso insondável tempo.

 

Roberto Marques Neto - Editor

Publicado: 2025-01-31

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