O corpo dissidente na escola e na universidade:
narrativas (auto)etnográficas em correspondências
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-101X.2022.v17.37813Resumen
No presente texto, de caráter afetivo, recupero lembranças de minha infância e adolescência ocasionadas por um discurso preconceituoso de uma professora, aciono bibliografias ligadas a estudos de gênero e sexualidade em uma escrita-corpo por meio uma experimentação cartográfica. As linhas que seguem, têm o objetivo de sensibilizar, principalmente os docentes para que entendam sobre a urgência do debate acerca das questões relacionadas à diversidade sexual, como também compreendam a escola/universidade como um espaço de resistência política apto para desmantelar conceitos e preconceitos relacionados às sexualidades tidas como “dissidentes”. Os espaços educacionais ainda se constituem como ambientes que reproduzem normas e aparatos que instituem aos estudantes a heterossexualidade como caminho único a ser seguido, dado como único e natural. Nesse sentido, a escola/universidade se encarrega, a partir de discursos opressores, machistas e homofóbicos, de “ensinar” como meninos e meninas devem se comportar de acordo com suas marcas corporais. Aqueles/as que destoam da regra hegemônica são, na maioria das vezes, excluídos, hostilizados e, em muitos casos, assassinados, vítimas de um heteroterrorismo. Diante dos dilemas, dores e frustações mencionados, faz-se oportuno argumentar que o ensino deve atuar como um caminho político-pedagógico frente ao entendimento de questões relacionadas a temas de gênero e sexualidades, assim como para a desconstrução de preconceitos relacionados à temática. Para tanto, é necessário que o professor se liberte dos dispositivos disciplinares, fazendo com que suas aulas se tornem verdadeiros caminhos para a desconstrução das verdades absolutas impostas pela heteronorma.