Trabalho de rua e cenas de resistência urbana:

um olhar sobre o espaço urbano de Campos dos Goytacazes

Resumo

O artigo tem como objetivo caracterizar algumas cenas de resistência urbana por meio da prática do trabalho de rua na avenida Pelinca, situada na cidade fluminense de Campos dos Goytacazes, relacionando-a a uma estética tendencialmente dominante naquele espaço. A dominação do cotidiano no espaço urbano manifesta-se por meio de ações que buscam impor aos sujeitos os usos dos espaços, criando, de forma relacional, lugares distintivos e excludentes, apropriados de forma legítima por alguns e de forma “irregular” por outros. A escolha da referida região decorre do seu protagonismo econômico e social que despontou a partir dos anos de 1990, retirando do centro o eixo principal do comércio da cidade. Sob a luz dos conceitos do direito à cidade de Lefebvre (2006; 2008; 2011), de reaproprição do espaço a partir da resistência de Certeau (2014) e de espaço social reificado de Bourdieu (2013). O artigo se fundamenta em observações empíricas do trabalho de rua retratados em cenas de contraposição ao processo de enobrecimento da avenida Pelinca. Revela-se naquele espaço a resistência de sujeitos que reinventam um cotidiano marcado, ao mesmo tempo, pelo grande distanciamento de posições sociais e por uma intensa proximidade física.