A tragédia de Dido e sua função na Eneida

Autores

  • Miguel Ângelo Andriolo Mangini Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.34019/2318-3446.2022.v10.38647

Palavras-chave:

Eneida IV, Dido, tragédia

Resumo

Uma tradição milenar de comentadores da Eneida demonstrou que o Livro IV contém elementos de outros gêneros que não o épico-heroico e que episódio de Dido é como uma tragédia dentro de uma epopeia. O intuito deste artigo é rediscutir alguns dos elementos trágicos que caracterizam a personagem e o episódio de Dido e posteriormente tratar, em termos de mistura genérica, da função dessa “tragédia” na totalidade do poema. A análise de trechos dos livros I e IV mostrou que a representação do destino individual e trágico de Dido contribui para o argumento imperialista da Eneida no sentido em que revela a inevitabilidade do curso dos Fados em direção à fundação de Roma, contra o qual os opositores, como Dido, não podem obter sucesso. Finalmente, esclarecer-se-á que esta leitura não é incompatível com a assim chamada “polifonia” da Eneida.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALBRECHT, M. von. Inuentio II: Turnus, a Tragic Hero? Virgil and Aristotle. In:

ALBRECHT, M. von. Roman epic: an interpretative introduction. Leiden; Boston; Köln: Brill, 1999. p. 120-122.

ANDRÉ, C. A. Morte e vida na Eneida. Humanitas, Coimbra, v. 35/36, p. 105-148, 1984.

AUSTIN, R. G. P. Vergili Maronis Aeneidos Liber Quartus. Oxford: Oxford University Press, 1966.

CAIRNS, F. Virgil’s Augustan Epic. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.

CAMPS, W. A. An introduction to Virgil’s Aeneid. London: Oxford University Press, 1969.

CHAUÍ, M. A escola do pórtico. In: CHAUÍ, M. Introdução à história da filosofia: as escolas helenísticas. Vol. 2. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 112-168.

CONTE, G. B. Generi e lettori: Lucrezio, l’elegia d’amore, l’enciclopedia di Plinio. Milano: Mondadori, 1991.

CONTE, G. B. The rhetoric of imitation. Ithaca; London: Cornell University Press, 1986.

DeWITT, N. W. The Dido episode as a Tragedy. The Classical Journal, v. 2, n. 7, p. 283-288, 1907.

GARSTANG, J. B. The Tragedy of Turnus. Phoenix, v. 4. n. 2, p. 47-58, 1950.

HARDIE, P. Virgil’s Aeneid: cosmos and imperium. Oxford: Oxford University Press, 1986.

HARRISON, S. J. Generic Enrichment in Vergil and Horace. Oxford: Oxford University Press, 2007.

HEINZE, R. Virgils Epische Technik. Stuttgart: Teubner, 1965 [1903].

HIGHBARGER, E. L. The Tragedy of Turnus: A Study of Vergil, Aeneid XII. The Classical Weekly, v. 41, n. 8, p. 114-124, 1948.

KÖHLER, E. Gattungssystem und Gesellschaftssystem. In: HAUPT, B. (org.). Zum mittelalterlichen Literaturbegriff. Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1985. p. 111-129.

MACROBIVS, A. T. Saturnalia. Edição: Iacobus Willis. Stuttgart; Leipzig: Teubner, 1994.

MARTINS, P.; RODRIGUES, M. M. L. A Elegia no Livro IV da Eneida. Codex – Revista de Estudos Clássicos, v. 5, n. 2, p. 91-108, 2017.

MOLES, J. L. Aristotle and Dido’s Hamartia. Greece & Rome, v. 31, n. 1, p. 48-54, 1984.

MONTI, R. C. The Dido Episode and the Aeneid. Coleção Mnemosyne, Vol. 66. Leiden: Brill, 1981.

MUECKE, F. Foreshadowing and Dramatic Irony in the Story of Dido. The American Journal of Philology, v. 104, n. 2, p. 134-155, 1983.

PEASE, A. S. Publi Vergili Maronis Aeneidos Liber Quartus. Cambridge (MA): Harvard University Press, 1935.

PANOUSSI, V. Virgils “Aeneid” and Greek Tragedy. Cambridge: Cambridge University Press, 2009.

QUINN, K. Virgil’s Tragic Queen. In: QUINN, K. Latin Explorations: Critical Studies in Roman Literature. London: Routledge and Kegan Paul, 1963. p. 29-58.

ROSSI, L. E. I generi letterari e le loro leggi scritte e non scritte nelle letterature classiche. Bulletin of the Institute of Classical Studies, v. 18, p. 69-94, 1971.

RUDD, N. Idea: Dido’s Culpa. In: RUDD, N. Lines of Enquiry: Studies in Latin Poetry. Cambridge: Cambridge University Press, 1976.

SERVIVS GRAMMATICVS. Aeneidos Librorum I-V Commentarii. Edição: Georgius Thilo. Leipzig: Teubner, 1881. Vol. 1.

SWANEPOEL, J. Infelix Dido: Vergil and the notion of the tragic. Akroterion, v. 15, p. 30-35, 1995.

THAMOS, M. As armas e o varão: leitura e tradução do Canto I da Eneida. São Paulo: Edusp, 2011.

THORNTON, A. H. F. The Problem of Free Will in Virgil’s Aeneid. JAULA, v. 61, n. 1, p. 5-19, 1984.

VASCONCELLOS, P. S. Efeitos intertextuais na Eneida de Virgílio. São Paulo: Humanitas; FAPESP, 2001.

VIRGÍLIO. Eneida. Tradução: Carlos Alberto Nunes [edição bilíngue]. Comentários: João Angelo Oliva Neto. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2016.

Downloads

Publicado

2022-12-27

Como Citar

MANGINI, M. Ângelo A. . A tragédia de Dido e sua função na Eneida. Rónai – Revista de Estudos Clássicos e Tradutórios, [S. l.], v. 10, n. 2, p. 54–72, 2022. DOI: 10.34019/2318-3446.2022.v10.38647. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/ronai/article/view/38647. Acesso em: 20 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos