As mulheres escravizadas na Odisseia
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-3446.2021.v9.34176Palavras-chave:
Homero, Odisseia, escravidão, mulheres escravizadasResumo
O objetivo deste estudo é investigar a representação das mulheres escravizadas na narrativa da Odisseia e como ela manifesta o modo aristocrático grego arcaico de conceber a escravidão. Para isso, consideram-se as relações entre gênero e classe na Antiguidade, assim como as entre propriedade (oîkos), comunidade e ordem cósmica. A leitura rastreia, a partir das evidências no texto, a situação geral das mulheres escravizadas na propriedade de Odisseu e trata da construção de Euricleia como personagem, de sua interação com Odisseu no reconhecimento da cicatriz, das cenas de Melanto e do enforcamento das mulheres que mantiveram relações sexuais com os pretendentes. A Odisseia constrói interações entre personagens baseadas num modelo de moralidade que exige não só a subordinação do interesse e das ações das mulheres escravizadas aos interesses do senhor, mas mesmo a afeição delas pelo senhor e por sua família. Ainda assim, a hierarquia e a autoridade no oîkos são estabelecidas pela violência.
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