As mulheres escravizadas na Odisseia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/2318-3446.2021.v9.34176

Palavras-chave:

Homero, Odisseia, escravidão, mulheres escravizadas

Resumo

O objetivo deste estudo é investigar a representação das mulheres escravizadas na narrativa da Odisseia e como ela manifesta o modo aristocrático grego arcaico de conceber a escravidão. Para isso, consideram-se as relações entre gênero e classe na Antiguidade, assim como as entre propriedade (oîkos), comunidade e ordem cósmica. A leitura rastreia, a partir das evidências no texto, a situação geral das mulheres escravizadas na propriedade de Odisseu e trata da construção de Euricleia como personagem, de sua interação com Odisseu no reconhecimento da cicatriz, das cenas de Melanto e do enforcamento das mulheres que mantiveram relações sexuais com os pretendentes. A Odisseia constrói interações entre personagens baseadas num modelo de moralidade que exige não só a subordinação do interesse e das ações das mulheres escravizadas aos interesses do senhor, mas mesmo a afeição delas pelo senhor e por sua família. Ainda assim, a hierarquia e a autoridade no oîkos são estabelecidas pela violência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARISTÓTELES. Política. Edição bilíngue. Tradução: António Campelo Amaral e Carlos Gomes. Lisboa: Vega, 1998.

ASSUNÇÃO, Teodoro Rennó. Ulisses e Aquiles repensando a morte (Odisséia XI, 478-491). Kriterion, Belo Horizonte, v. 44, n. 107, p. 100-9, jun. 2003.

ASSUNÇÃO, Teodoro Rennó. Infidelidades veladas: Ulisses entre Circe e Ca-lipso na Odisseia. Nuntius Antiquus, Belo Horizonte, v. 7, n. 2, p. 153-176, 2011.

ASSUNÇÃO, Teodoro Rennó. O banho de Diomedes e Odisseu no fim do can-to X da Ilíada (572-577). Nuntius Antiquus, Belo Horizonte, v. 14, n. 2, p. 13-32, 2018.

BEEKES, Robert. Etymological Dictionary of Greek. Leiden Indo-European Etymological Dictionary Series, n. 10, 2 v. Leiden/Boston: Brill, 2010.

DE JONG, Irene. A narratological commentary on the Odyssey. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

DIMOCK, George E. The Name of Odysseus. The Hudson Review, New York, v. 9, n. 1, p. 52-70, 1956.

EDWARDS, Anthony T. Homer's Ethical Geography: Country and City in the Odyssey. Transactions of the American Philological Association, v. 123, p. 27-78, 1993.

GSCHNITZER, Fritz. Studien zur griechischen Terminologie der Sklaverei. Zweiter teil: Untersuchungen zur älteren, insbesondere homerischen Sklaventerminologie. Wiesbaden: Franz Steiner Verlag, 1976.

HARRIS, Edward M. Homeric Economy. In: PACHE, Corinne Ondine (org.). The Cambridge Guide to Homer. Cambridge: Cambridge University Press, 2020a, p. 343-5.

HARRIS, Edward M. Slavery in Homer and Hesiod. In: PACHE, Corinne Ondine (org.). The Cambridge Guide to Homer. Cambridge: Cambridge University Press, 2020b, p. 387-9.

HENDERSON, Jeffrey. The Maculate Muse. Oxford: Oxford University Press, 1991 [1975].

HOMERO. Ilias. 3 vols. Thomas W. Allen (ed.). Oxford: Clarendon Press, 1931.

HOMERO. Odisseia. Tradução: Frederico Lourenço. São Paulo: Penguin Classics e Cia das Letras, 2011.

HOMERO. Odisseia. Tradução: Christian Werner. São Paulo: Ubu, 2018.

HOMERO. Odyssea. Recognovit Helmut van Thiel. Hildesheim: Georg Olms Verlag, 1991.

FENIK, Bernard. Studies in the Odyssey. Wiesbaden: Franz Steiner Verlag, 1974.

FINLEY, Moses I. O mundo de Ulisses. Tradução: Armando Cerqueira. Lisboa: Presença, 1965.

FINLEY, Moses I. Escravidão antiga e ideologia moderna. Tradução: Norberto Luiz Guarinello. Rio de Janeiro: Graal, 1991.

FRADE, Gustavo. Controle da informação e liderança nas aventuras de Odis-seu (Odisseia, 9-12), Classica, v. 32, n. 2, p. 217-33, 2019.

FULKERSON, Laurel. Epic Ways of Killing a Woman: Gender and Transgres-sion in “Odyssey” 22.4-72. The Classical Journal, v. 97, n. 4, p. 335-350, 2002.

KARYDAS, Helen Pournara. Eurykleia and Her Successors: Female Figures of Authority in Greek Poetics. Lanham: Rowman & Littlefield Publishers, 1998.

KÖHNKEN, Adolf. Odysseus’ Scar: An Essay on Homeric Epic Narrative Technique. Translated by Michael Lesley. In: DOHERTY, Lilian E. (ed.). Homer's Odyssey. Oxford: Oxford University Press, 2009, p. 44-61.

LEVANIOUK, Olga. Eve of the Festival: Making Myth in Odyssey 19. Washing-ton: Center for Hellenic Studies, 2011.

MARKS, Jim. Zeus in the Odyssey. Cambridge: Harvard University press, 2008.

OLIVEIRA, Gustavo J. D. Demiurgo itinerante ou profissional de corte? Uma reavaliação do aedo homérico. Phôinix, v. 22, n. 1, p. 11-32, 2016.

PARKER, Holt N. Aristotle’s Unanswered Questions: Women and Slaves in Politics 1252a–1260b. Eugesta – Jornal of Gender Studies in Antiquity, v. 2, p. 71-122, 2012.

PERADOTTO, John. Man in the middle voice: name and narration in the Od-yssey. Princeton: Princeton University Press, 1990.

RUSSO, Joseph. Books XVII-XX. In: RUSSO, Joseph; FERNÁNDEZ-GALIANA, Manuel; HEUBECK, Alfred. A commentary on Homer's Odyssey. Oxford: Ox-ford University Press, 1992.

SAIS, Lilian Amadei. Mulheres de Homero: o caso das esposas da Odisseia. Tese (Doutorado em Letras Clássicas) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciên-cias Humanas, Universidade de São Paulo, 2016.

SCOTT, Joan W. Gender: a useful category of historical analysis. The Ameri-can Historical Review. Oxford, v. 91, n. 5, p. 1053-1075, 1986.

SCOTT, John A. Eurynome and Eurycleia in the Odyssey. The Classical Quar-terly, 12, p. 75-79, 2009.

SILVA, Rafael Guimarães Tavares. Diferença e repetição no nóstos de Odisseu: O discurso de Euricleia para o mendigo estrangeiro (Od. XIX, 363-381). Classi-ca, v. 31, v. 1, p. 9-24, 2018.

STE. CROIX, Geoffrey E. M. de. The Class Struggle in the Ancient World. New York: Cornell University Press, 1981.

THALMANN, William G. The swineherd and the bow: representations of class in the Odyssey. New York: Cornell University Press, 1998a.

THALMANN, William G. Female Slaves in the Odyssey. In: MURNAGHAN, Sheila; JOSHEL, Sandra R. (ed.). Women & Slaves in Greco-Roman Culture. London: Routledge, 1998b.

WEES, Hans van. Class Relations. In: PACHE, Corinne Ondine (org.). The Cambridge Guide to Homer. Cambridge: Cambridge University Press, 2020, p. 318-21.

WHITTAKER, Helene. Gender Roles in the Odyssey. In: BERGGREEN, Brit; MARINATOS, Nanno (orgs). Greece & Gender. Bergen: Norwegian Institute at Athens, 1995.

Downloads

Publicado

2021-07-15

Como Citar

FRADE, G.; FIGUEIREDO LIMA, A. C.; DE OLIVEIRA VALLEJO, G.; NASSER RODRIGUES, R. As mulheres escravizadas na Odisseia. Rónai – Revista de Estudos Clássicos e Tradutórios, [S. l.], v. 9, n. 1, p. 4–20, 2021. DOI: 10.34019/2318-3446.2021.v9.34176. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/ronai/article/view/34176. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos