Uma análise etnográfica da prática do etnoturismo índígena na Terra Indígena Coroa Vermelha sob a perspectiva do turismo de base comunitária
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.14680596Palavras-chave:
Etnoturismo, Turismo de Base Comunitária, Pataxó, Terra Indígena Coroa VermelhaResumo
O artigo analisa em que medida a atuação turística de aldeias Pataxó da Terra Indígena Coroa Vermelha (TICV) se aproxima da modalidade do Turismo de Base Comunitária (TBC). Atualmente, das 15 aldeias localizadas na Terra Indígena, cerca de sete recebem visitantes. Dentre estas, o recorte da presente pesquisa considerou três aldeias praticantes da referida modalidade turística: a Reserva Pataxó da Jaqueira, a Aldeia Nova Coroa e o Centro Cultural Txag’ru Mirawê. Os dados etnográficos mobilizados são recorte de pesquisas em andamento desde 2018 na TICV. A interpretação dos mesmos à luz do TBC demonstra a emergência de um Turismo Indígena de Base Comunitária na TI. Autônomos e sustentáveis, estes projetos se constituem em uma ferramenta de atuação cultural e política das comunidades Pataxó, além de representarem a principal fonte de incremento da renda dessas comunidades. Vislumbra-se que as práticas comunitárias de autogestão promovem o protagonismo das comunidades indígenas, semeando condições favoráveis à permanência no território, à manutenção dos seus modos de vida tradicionais e à preservação ambiental. Conclui-se que as práticas indígenas de gestão ambiental, territorial e turística podem ampliar o horizonte epistemológico dos estudos em TBC.
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