“Filho/a perfeito/a (...) é resultado de muito trabalho corporal da mãe”
Resumo
O presente artigo é parte
de uma pesquisa inspirada nos campos dos Estudos de Gênero. Nele discutimos a
emergência de uma lógica, segundo a qual a educação dos corpos maternos se intensifica, introduzindo uma
nova “economia dos corpos”, na qual as disciplinas, as eficácias dos saberes densos e constritos passam a ser
alvo de investimentos, pela racionalidade e controle dos profissionais da saúde. Assim, as pedagogias midiáticas
assumem um papel central nesse movimento moral de educação dos corpos das mulheres-gestantes no Brasil.
Tem-se definido esse processo educativo contemporâneo mais amplo como “politização do feminino e da
maternidade” (MEYER, 2003a). Para realizar essa discussão, examinamos a revista Pais e Filhos, no período
de 1968 a 2004, utilizando estratégias metodológicas da análise de discurso. Das análises que resultaram dessa
investigação focalizamos, aqui, um movimento que permite visualizar posições maternas, dentre elas a de um
corpo “desassossegado”, por conta do aperfeiçoamento e da otimização da saúde mediante autovigilância. No
concernente à saúde, trata-se agora de desenvolver uma saúde, mais forte, autoaperfeiçoada, alerta, firme e mais
audaz; quanto à estética, trata-se de dar provas de “boa” auto-observância e de otimização de um corpo enxuto,
compacto e firme, sem excesso de gorduras, sem rasuras (fissuras) musculares.
Palavras-chave: Educação. Mídia. Corpos. Gênero. Maternidade.