Quando os monstros dominam (Ap 13,1-18)
DOI:
https://doi.org/10.34019/2236-6296.2025.v28.48591Palavras-chave:
Apocalipse 13; Monstros; Leviatã e Beemot; Culto Imperial Romano.Resumo
Esse artigo tem como objetivo analisar as duas criaturas chamadas monstros de Ap 13,1-18 da perspectiva da teoria do monstro, como um meio de ler o monstro como forma de demarcar as fronteiras na teologia e cosmovisão do Apocalipse. Partindo de teorias referentes ao monstruoso e de literatura e exegética, indica que esses monstros se levantam para desafiar o céu e ameaçar o fiel e, de forma semelhante ao exército divino que acompanha Deus e o Cordeiro, são aliados do “grande dragão vermelho”, o principal oponente das forças celestiais no Apocalipse. Os monstros são figuras híbridas que rompem os limites convencionais, sinalizando suas identidades misteriosas. Eles ultrapassam os limites entre os mundos divino e terrestre à medida que se movimentam da periferia para o centro. O hibridismo e liminaridade que os caracterizam são componentes centrais da retórica do Apocalipse, que busca convencer a sua audiência de que o culto imperial romano era uma forma de idolatria e levá-la a dirigir a sua lealdade a Deus e ao Cordeiro.
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