Uma proposta de periodização da cultura visual evangélica brasileira: estabelecimento, apropriação, abrasileiramento e metamorfização glocal
DOI:
https://doi.org/10.34019/2236-6296.2018.v21.22119Keywords:
Linguagens religiosas, Brasil, cultura material, cultura visual evangélica, cultura visual protestante, cultura visual pentecostal, cultura visual neopentecostal.Abstract
Neste artigo propomos uma periodização da cultura visual evangélica brasileira, ou seja, das igrejas protestantes, pentecostais e neopentecostais, distinguindo-se quatro fases: surgimento da cultura visual evangélica brasileira (1880-1950); apropriação da cultura visual evangélica estrangeira (1914-1980); abrasileiramento da cultura visual evangélica brasileira (1950-1990) e a metamorfização “glocal” (em nível local sob influência global) da cultura visual evangélica brasileira. Nos dois primeiros capítulos, questiona-se a ideia do protestantismo brasileiro como “iconoclasta por convicção”. Em vez disso, são lembradas representações da culturas visuais na fase de seu estabelcimento (Bíblias de Famílias ilustradas, uso dos slides de lanternas, matérias visuais nas escolas dominicais), da sua tradução e apropriação (que resultou em três ícones do protestantismo: o Livrinho do coração de J. E. Gossner (1824), o cartaz Os dois caminhos de C. Reihlen (1866) e O plano divino através dos séculos da Assembleia de Deus (1940). No terceiro capítulo, discorremos a respeito da criação da cultura visual por brasileiros/as (Centro Audiovisual Evangélico (1951), criação de capas (1962), surgimento de logotipos eclesiásticos (1967) e o Smilinguido (1980)). Finalmente, no quarto capítulo, focamos novas tendências pós-modernas que se refletem na cultura visual evangélica contemporânea pela mesclagem visual radical de culturas materiais e visuais de diferentes confissões cristãs (logo da IURD), integração de religiões distintas (integração da arca da aliança em cultos; sessão de descarrego e Templo de Salomão da UERD) e de lendas urbanas (mesclagem da iconografia de superman na iconografia cristã). Em tudo, argumentamos que cada fase requer um reconhecimento quanto à existência dessas expressções da cultura visual evangélica e a sensibilidade quanto à especificidade do material, do respectivo objetivo de pesquisa e das metodologias propostas. Intercalamos as três fases propostas com afirmações dessa cultura como iconólatra, iconoclasta, iconófila e iconofágica.
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