Monstruosidade e ecologia radical no Apocalipse 12
DOI:
https://doi.org/10.34019/2236-6296.2025.v28.48987Palavras-chave:
Apocalipse de João, Monstruosidade, Hibridismo, Mitopoética, Religião e EcologiaResumo
Este artigo interpreta a visão da “mulher vestida do sol” do Apocalipse 12 na perspectiva da teoria da monstruosidade. Nos comentaristas antigos e medievais prevalece a interpretação alegórica, que associa o texto a Sião, à igreja ou a Maria. A exegese moderna, ainda que rejeite a interpretação alegórica, também tende a interpretar a mulher em termos eclesiológicos. A interpretação feminista, atenta às imagens do feminino no texto, questiona pressupostos patriarcais, mas acaba por classificar o texto em termos do binômio: liberador ou opressor. Na perspectiva da teoria da monstruosidade são valorizados os elementos formais das visões e narrativas mitopoéticas. Desta forma é possível manter o texto multivalente, valorizando a indeterminação estrutural, que permite múltiplas apropriações para contextos dos mais diversos. A mulher “vestida do sol”, para além do modelo dualista a que é submetida, se apresenta como uma imagem conectiva de Deus, híbrida e cruzadora de fronteiras, radicalmente ecológica.
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