Pragmática do cotidiano e política da experiência: Carla Lonzi e a arte como espaço relacional
Resumen
O artigo explora a definição de arte como campo de relação, encontro e experiência – entre a/o artista e seu público, artista e curador/a, artista e historiador/a da arte. Esse “ponto de vista” recentemente definido como “estética relacional” por Nicolas Bourriaud e praticado por muitos artistas contemporâneos, foi antecipado no final dos anos de 1960 na Itália por Carla Lonzi (1931-1982), então jovem e brilhante crítica de arte, mais tarde fundadora do movimento feminista italiano. Com seu livro, intitulado Autoritratto (1969), resultado de encontros e entrevistas com 14 dos artistas italianos mais importantes à época – incluindo Carla Accardi, Lucio Fontana, Giulio Paolini, Mimmo Rotella – ela realizou um extraordinário experimento de criatividade-criação. Tecendo um texto insólito e acolhedor e tentando praticar o método relacional, ela convidou a/os artistas a falar “por si mesmo/as”, de uma maneira que viria a ser típica de sua futura prática feminista. Ela desistiu de trabalhar como crítica de arte quando percebeu que a/os artistas não aceitavam a reciprocidade, e que seu papel era visto apenas como o de ser um “espectador ideal”. Depois desse fracasso cultural, ela decidiu abraçar a prática política do movimento feminista italiano. Da ausência desse encontro entre crítica, história da arte e feminismo, que deixou uma ferida profunda na história cultural italiana, uma nova geração de artistas (mulheres e homens), crítica/os e historiadora/es da arte, estão agora refletindo sobre “a relação” como tema central na prática artística, como pragmática do cotidiano e política da experiência.
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