Um espelho é mais do que um espelho: as novas formas e linguagens da canção que protesta na contemporaneidade portuguesa
Resumen
Este artigo apresenta uma abordagem das (novas) canções de protesto de duas das mais emblemáticas bandas de pop rock português desde os anos de 1980 até à atualidade. Ao trabalho que aqui apresentamos esteve subjacente uma finalidade assente num princípio heurístico primordial: o de demonstrar de que forma as manifestações artísticas – neste caso em particular a música pop rock – constituem elas próprias matéria e objeto de intervenção social, demarcando um espaço próprio, definido e específico na denúncia e revelação de problemáticas sociais e na contestação, protesto e revolta perante a realidade social. Através da abordagem de 39 canções das bandas Mão Morta e a Xutos & Pontapés, estamos perante manifestações que não procuram apenas denunciar, mas também intervir/agir, nas quais, por vezes, o incitamento remete para a ação, passando esta a ser fundamental na demarcação de um espaço próprio, produtor temático e não apenas objeto contemplativo (espelho) da realidade social. Por isso, é que“um espelho é mais do que um espelho” é realidade social: campo produtor de denúncia e protesto, criador de temáticas/problemáticas próprias, insurgentes e demarcantes na realidade ao provocar-lhe agitação e mudança pela leitura que dela faz, constituindo-se, simultaneamente, em elementos integrantes de uma identidade coletiva resultante e resultado de um processo significativo de autorreflexividade.
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